segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Eduardo Srur espalha pés gigantes pela cidade para alertar sobre doença genética irreversível




 Em ação da Academia Brasileira de Neurologia, Largo da Batata, Estação Cidade Jardim e Ponte Juscelino Kubitschek vão receber obras que simbolizam os principais sintomas da PAF


Conhecido por suas intervenções urbanas de cunho ecológico e social, Eduardo Srur se volta agora para a área da saúde. Com o objetivo de chamar a atenção do paulistano para a importância de uma doença genética irreversível e pouco conhecida no Brasil, o artista plástico vai espalhar pés gigantes pela cidade.  A ideia é provocar uma reflexão sobre a polineuropatia amiloidótica familiar (PAF), ou paramiloidose, doença de origem portuguesa que afeta milhares de brasileiros e se manifesta por meio de sintomas nos membros inferiores.     

Quem passar pelo Largo da Batata, pela Estação Cidade Jardim ou pela Ponte Juscelino Kubitschek entre os dias 27 de novembro e 11 de dezembro poderá conferir de perto as obras do artista. Cada uma delas está relacionada a um dos sintomas que o paciente com PAF experimenta nos pés: sensação de formigamento, dormência e perda de sensibilidade à temperatura.  Assim, enquanto uma das obras ilustra o pé coberto por formigas, outra o retrata sobre brasas e a terceira traz um pé sobre travesseiros.

Ao ser apresentado à doença, Srur não hesitou em apoiar a ação. "A Arte tem o poder de informar a sociedade de forma lúdica, na esfera simbólica, e assim despertar a consciência para assuntos complexos como uma doença que ataca silenciosamente como a PAF", afirma o artista.

A intervenção faz parte da campanha #PAUSANAPAF, uma iniciativa lançada pela Academia Brasileira de Neurologia em 2016 com o objetivo de mudar o cenário de desinformação que envolve a doença e incentivar o diagnóstico precoce dos pacientes. Para estimular o envolvimento do público com a ação, as três obras estarão acompanhadas por um totem que traz informações sobre a PAF e convida o público a tirar uma foto ao lado da escultura, para depois postar o resultado nas redes sociais com a #PAUSANAPAF.  


A campanha 

Lançada no ano passado, com apoio da Pfizer e de dezenas de craques do futebol, a campanha #PAUSANAPAF promoveu diversas ações ao longo dos jogos de 2016, com foco no Campeonato Brasileiro.  A iniciativa, que teve o pentacampeão Cafu como embaixador voluntário, também contou com a adesão de dezenas de jogadores, de diferentes times, que divulgaram a causa por meio de vídeos em suas redes sociais.

Neste segundo ano da campanha, a iniciativa migrou dos campos para o universo da música. E tem chamado a atenção de artistas de destaque, como Daniela Mercury, Banda EVA, Pabllo Vittar e Carlinhos Brown. Em apoio à causa, os artistas convidaram os fãs para uma pausa durante seus shows, em alusão à paralisação que a doença pode provocar na vida desses pacientes. 


Mais sobre a PAF

Hereditária e irreversível, a PAF provoca a perda progressiva dos movimentos, levando o paciente à morte dez anos após os primeiros sintomas, em média, se não houver tratamento adequado.  Embora ainda não existam estatísticas nacionais oficiais sobre a PAF, estima-se que existam milhares de brasileiros com a doença, o que pode fazer do País uma das nações com o maior número de pacientes no mundo.

Geralmente, os pacientes recebem o diagnóstico entre os 30 e os 40 anos de idade, no auge da vida produtiva. Após as primeiras manifestações nos membros inferiores, em geral os sintomas evoluem para braços e mãos, levando à atrofia e à perda gradual dos movimentos. A progressão da doença é variável entre os pacientes, mas normalmente há uma combinação de sintomas, envolvendo diferentes órgãos.





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