Casais contaminados pelo HIV já podem ter
filhos
Os coquetéis de medicamentos e o avanço
das técnicas de reprodução assistida tornam esse sonho possível na maioria dos
casos
Estima-se que existam hoje no Brasil cerca de 780 mil pessoas
portadoras do vírus HIV. Destas, 240 mil são mulheres em idade reprodutiva. O
mais grave é que boa parte delas sequer desconfia estar contaminada. Por isso,
antes de engravidar, é muito importante que o casal faça o teste para saber se
um deles é soropositivo, o que pode significar passar o vírus para o bebê, se
não houver o tratamento correto.
Até
pouco tempo, a comunidade médica recomendava a essas pessoas que não tivessem
filhos. Nos últimos 10 anos, entretanto, com o surgimento do chamado “coquetel”
de remédios potentes, que reduzem muito a carga viral e o aparecimento da Aids,
isso mudou.
Hoje, os
indivíduos HIV positivos, que se tratam, têm uma qualidade e expectativa de
vida muito maior, e o desejo de ter filhos sãos tornou-se uma realidade, com os
avanços das técnicas de reprodução assistida.
“Em um
casal sorodiscordante, onde o homem é infectado pelo HIV, mas a mulher é
soronegativa, a concepção pode se dar com segurança. Nas clínicas de
fertilização, técnicas de processamento permitem que as partículas virais
presentes no sêmen sejam eliminadas, tanto para a inseminação intrauterina
quanto para a fertilização in vitro, tornando possível uma gestação segura para
a mãe e o bebê”, ressalta Dr. Edson Borges Jr., especialista em reprodução
humana assistida e diretor científico do Fertility Medical Group.
Outra
possibilidade é que ambos estejam infectados. “Quando tanto o homem quanto a
mulher são soropositivos, o que vai definir a viabilidade dessa gestação é a
saúde da paciente. Se for uma mulher jovem e saudável, com carga viral positiva
baixa, seguimos com as técnicas de reprodução assistida”, explica o Dr.
Assumpto Iaconelli, também diretor do Fertility Medical Group.
Os médicos
falam dos casos em que apenas a mulher está infectada, onde a saúde da paciente
é fator determinante para a viabilidade e o sucesso de uma inseminação
intrauterina ou uma fertilização in vitro. Segundo os especialistas, quando a
mulher é a única portadora, as chances de ela ter tido outras doenças
sexualmente transmissíveis são grandes. E isso pode ter danificado suas tubas
uterinas. Também é preciso ter claro que a possibilidade de a mãe transmitir o
vírus HIV para o bebê é de 25%. Determinadas condutas e terapias, tanto para a
mãe quanto para o feto, podem reduzir consideravelmente a taxa de infecção. Mas
há que ressaltar que até mesmo a amamentação deve ser evitada. Por fim, quando
não se consegue reduzir ao mínimo a quantidade de vírus por meio de
medicamentos, as técnicas de reprodução assistida deixam de ser indicadas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário