Ainda assim, estudo indica que a
remuneração não é o fator mais importante para o jovem que busca esse tipo de
vaga
Arcar
com os custos de uma graduação nem sempre é uma tarefa fácil, especialmente
diante dos percalços econômicos que o país enfrenta atualmente.
É fato que o
mercado de trabalho foi enxugado devido à crise financeira, por isso, muitas
famílias tiveram que apertar o orçamento, no entanto, o investimento nos
estudos está entre as prioridades, porém, com a renda familiar reduzida, a
despesa está ficando, cada vez mais, por conta dos jovens. É o que revela um
levantamento do setor, realizado pela Companhia
de Estágios, assessoria especializada no recrutamento e seleção de
estagiários, os dados afirmam que, atualmente, a maioria dos estudantes é
responsável pelos custos da própria graduação, mas, em contrapartida, eles não
estão atrás de vagas que elevem os recursos financeiros, a prioridade no
momento é adquirir experiência para construir uma carreira de sucesso, e esse é
um momento decisivo para isso segundo especialistas do setor.
Estudantes investem recursos próprios
Nos
últimos anos as ofertas de financiamento estudantil, modalidade consolidada em
países mais desenvolvidos, vem ganhando espaço por aqui e possibilitando o
ingresso de mais jovens ao ensino superior. Além disso, as bolsas integrais ou
parciais oferecidas por programas do governo, ou mesmo pelas próprias
instituições de ensino, têm tornado o caminho ao diploma mais acessível.
No
entanto, a grande maioria dos jovens ainda arca com os próprios estudos. A
pesquisa “O Perfil do candidato a vagas de estágios em 2017”, realizada no
primeiro semestre do ano, contou com 2.193 entrevistados de todas as regiões do
país. Segundo o levantamento, entre aqueles que cursam uma graduação
particular, 36% dos alunos pagam o valor total do curso, 30% contam com a ajuda
da família e o restante possui bolsa parcial ou integral.
Aprendizagem em primeiro lugar
Apesar
da maioria dos jovens arcarem com os custos da própria graduação, o fator
financeiro não é o mais decisivo na hora de procurar uma vaga: a pesquisa
apontou que a oportunidade de aprendizado é o item mais relevante para a
maioria dos estudantes na hora de avaliar uma oferta de estágio. Esse é o maior
fator de peso segundo 70,4% dos entrevistados, contra apenas 6,8% que
consideram a bolsa auxílio e benefícios oferecidos como o quesito mais
importante.
De
acordo com Tiago Mavichian, diretor da recrutadora, esse é justamente o foco
dos programas de estágio: “O objetivo principal é promover conhecimento e
capacitação profissional, tanto é que a proposta central é, sobretudo, ensinar
e preparar o jovem para o mercado de trabalho. Isso faz com que o estágio seja
considerado como uma extensão da formação acadêmica do aluno, tornando-o um
requisito fundamental dentro de uma grade curricular técnica ou universitária
mais completa”.
Mas
as vantagens não param por aí, pois, o estágio pode abranger, além da esfera
educacional e profissional, o desenvolvimento pessoal do jovem, possibilitado a
vivência com profissionais consolidados, trabalho em equipe, comprometimento,
responsabilidades e benefícios como carga horária reduzida, bolsa auxílio,
auxílio transporte e, até mesmo, recesso remunerado (férias). Configurando uma
rotina mais leve para se adequar a vida dos universitários que vivem
enfrentando provas, trabalhos e novos desafios em seus cursos.
Entre a cruz e a espada
Experiência
para ter emprego, emprego para ter experiência: esse é um dos principais
dilemas enfrentados por quem está ingressando no mercado de trabalho,
justamente por isso é que os programas de estágio são tão almejados pelos
jovens. De acordo com o levantamento da recrutadora, 75% dos entrevistados
estavam em busca de uma colocação profissional, mas desses, quase 60%
procuravam especificamente por uma vaga de estágio.
Mavichian
explica que: “A modalidade exclui qualquer exigência de experiência prévia,
portanto, ela serve como ponto de partida desses novos profissionais, pois
oferece a eles a oportunidade de colocar em prática tudo o que foi aprendido em
sala de aula e, dessa forma, adquirir experiência em sua área de formação para
competir no mercado”.
Plano de carreira
Além
disso, de acordo com o diretor, os estudantes têm uma motivação a mais, já que,
após o final do programa, muitas empresas decidem efetivar seus estagiários,
permitindo que eles possam continuar desenvolvendo suas carreiras dentro da
organização: “O estudo mostrou que, embora em uma proporção menor se comparado
com o fator ‘aprendizado’, o segundo item mais relevante para que o estudante
opte pelo estágio é a chance de ser efetivado após a conclusão do programa –
cerca de 18%. E isso de fato acontece, pois, muitas empresas encaram o estágio
como uma oportunidade para investir no treinamento de um funcionário em
potencial, que pode contribuir muito para o crescimento da organizacional, por
isso, o estagiário que se destaca durante o programa tem grandes chances de
integrar o quadro de colabores da empresa no futuro” – afirma o especialista.
Estágio se torna investimento estratégico
Para
mais de 80% dos estudantes, o principal objetivo ao aderir a um estágio é
adquirir experiência profissional. Mesmo em tempos difíceis, apenas 15% afirma
que complementar a renda familiar está em primeiro plano. Para Mavichian isso é
prova de que os jovens têm consciência da importância do momento: “O mercado
está começando a se estabilizar e logo apresentará sinais de recuperação,
portanto, os profissionais que estiverem melhor preparados conseguirão se
destacar com mais facilidade”.
Em
vista disso, o diretor afirma que priorizar o trabalho em detrimento dos
estudos pode ser um grande erro e retardar ainda mais o desenvolvimento
profissional: “Quando as vagas que foram cortadas em decorrência da crise
econômica forem retomadas, aqueles que continuaram os estudos, investiram em
qualificação e adquiriram experiência no mercado terão mais chances em relação
aos demais, portanto, trata-se de um investimento na carreira”.
A
dica do especialista é apostar em alternativas que possam agregar novos
conhecimentos e valor ao currículo do jovem, como cursos on-line gratuitos,
seminários e palestras oferecidos por órgãos públicos, ongs e instituições de
ensino e, até mesmo, trabalhos voluntários, que demonstram qualidades
profissionais altamente desejadas pelas empresas, sem comprometer o orçamento
do estudante.
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