Não é só quem mora no Rio de
Janeiro que já ouviu falar do Museu do Amanhã. Na verdade o mundo todo o
conhece, sobretudo pela sua importância como marco para uma maneira de pensar e
existir ligada ao futuro e à sustentabilidade. Mas não é só na mensagem do
Museu que ele leva esse pensamento, é em cada aspecto de sua estrutura física.
Há aqueles que acreditam que
o Brasil está ainda muito atrasado no que diz respeito à prática da consciência
ambiental na construção civil. Acham que estamos distante de países europeus ou
norte americanos no que tange o que chamamos de Construção Verde. Essas pessoas
não poderiam estar mais enganadas. O Brasil é um país que já se preocupa com a
sustentabilidade há muito tempo. Somos detentores de recursos naturais de suma
importância para o planeta, e ser sustentável é algo que já deixou a esfera das
ideias e da revolução e passou à esfera da responsabilidade. Hoje podemos nos
orgulhar de prezar pela segurança do ser humano e do planeta em diversas
escalas.
Um exemplo claro é o do
Museu do Amanhã, que fica na Baía de Guanabara, Rio de Janeiro. A construção
foi feita para captar energia solar em seu sistema elétrico e se utilizar das
águas da Baia da Guanabara em seu sistema de ar condicionado. A construção foi
um projeto que visava não só não agredir ao meio ambiente, mas também se
integrar a ele. O diálogo entre cidade, meio ambiente e proposta do Museu faz
parte da concepção arquitetônica do prédio associada a atuação de órgãos e
entidades dispostos a transformar o modo de se fazer as coisas no mundo da
engenharia em algo sustentável e seguro para humanidade e planeta.
É por isso que o DNPC
existe. Sua sigla quer dizer Departamento Nacional de Empresas Projetistas e
Consultores, e ele pertence à ABRAVA, Associação Brasileira de Refrigeração,
Ar-condicionado, Ventilação e Aquecimento. O DNPC atende a necessidade de
reunir e integrar empresas dedicadas exclusivamente à atividade de projetos
ligados a aquecimento, ventilação, ar condicionado e refrigeração, e foi uma de
suas associadas, a Consultar, empresa de projetos que concebeu o sistema de ar
condicionado do Museu utilizando água da Baía de Guanabara .
Por conta das diretrizes do
Departamento, a Consultar se enquadra em diversos aspectos, não só legais e de
segurança, mas também de cuidado com o meio ambiente, permitindo que desde o
papel, o Museu fosse pensado para ser um representante das melhores práticas
sustentáveis da construção nacional, já que a iniciativa da Prefeitura do Rio,
em parceria com a Fundação Roberto Marinho e o Grupo Santander, é uma
construção que busca ampliar a visão científica do amanhã.
O projeto é tão importante
que ganhou vários prémios internacionais. O mais recente deles o MIPIM Awards
2017, em Cannes, França, na categoria “Construção Verde Mais Inovadora”. O
Prêmio MIPIM é uma competição internacional que seleciona os mais notáveis
projetos já construídos ou em fase de construção em todo o mundo. Na época o
Museu concorreu com a sede da Siemens, em Munique, o edifício residencial 119
Ebury Street, em Londres, e a fábrica da Värtan Bioenergy, em Estocolmo.
Esse, entretanto, foi apenas
a mais recente premiação. O Museu já havia ganho o selo Ouro da certificação
LEED (Leadership in Energy and Environmental Design ou Liderança em Energia e
Projeto Ambiental, em português), concedida pelo Green Building Council,
principal instituição americana na chancela de edificações verdes, sendo o
primeiro museu a obter esse selo; e ganhou também o “Oscar dos Museus”, prêmio
britânico Leading Culture Destinations Awards, que o elegeu Melhor Novo Museu
do Ano; e por último ganhou medalha de ouro e duas de bronze no International
Design & Communication Awards (IDCA), no Canadá.
Os prêmios, é claro, são
apenas mostras de reconhecimento de uma realidade que já vem se mostrando no país
há algum tempo. O Museu do Amanhã é um exemplo, porém a própria existência de
associações, como o DNPC, são a mostra de que a consciência ambiental também
faz parte do mindset e da proposta de valor das empresas brasileiras. É a
existência de profissionais projetistas preocupados em levar em conta o
planeta, que desmistificam a cultura do lucro absoluto que se via muito ligada
à construção.
Hoje podemos considerar que
há uma visão mudada e que o Brasil está no mesmo patamar do que o resto do
mundo na busca por sustentabilidade. Hoje é a climatização, um Museu, mas são
também grupos de profissionais preocupados que consciência ambiental também
seja um valor agregado a seus trabalhos, algo que tem tudo a ver com uma visão
positiva e desenvolvida de amanhã.
Maurício
de Barros - engenheiro, Sócio/Diretor
da Consultar Engenharia, empresa de consultoria e projetos, e membro do DNPC.
ABRAVA
e o DPNC
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