'Doença
não é transmitida aos humanos por macacos e sim por mosquitos, entre eles o
Aedes aegypti, o mesmo vetor de doenças como dengue e a chikungunya
O Conselho Regional de Medicina Veterinária do
Estado de São Paulo (CRMV-SP) publicou uma nota com diversos esclarecimentos
sobre a febre amarela, que voltou a causar preocupação em algumas cidades, após
a confirmação, no início do mês, da morte de dois primatas infectados pelo
vírus em Jundiaí e outros dois em Campinas.
Além disso, um macaco foi encontrado morto na última
semana em decorrência da doença na capital paulista. O animal, um bugio, foi
achado no Horto Florestal, na zona norte de São Paulo, que foi interditado
temporariamente para ação de controle de mosquitos e para evitar riscos à
população que vive no local ou o visita. O Parque da Cantareira, assim como
outros 13 parques municipais, também foi fechado por prazo indeterminado.
Em virtude disso, a Secretaria de Estado da
Saúde deu início nessa semana a uma campanha de vacinação em 15 municípios,
visando imunizar mais de 860 mil pessoas na região de Jundiaí, como Atibaia,
Vinhedo, Bragança Paulista e Itatiba.
O governo federal realizou ainda a Semana
Nacional de Mobilização dos setores da Educação, Assistência Social e Saúde
para o combate ao Aedes aegypti. A campanha, que aconteceu na última semana,
entre 23 e 27 de outubro, buscou alertar a população sobre a importância de
combater mosquito transmissor de doenças como dengue, zika e chikungunya, além
da febre amarela, já antes do verão.
O CRMV-SP também fez a sua parte e está
auxiliando na divulgação de informações relativas ao tema, a fim de que todos
os profissionais médicos-veterinários possam cumprir seu importante papel de
orientação à população, sob a abordagem da Saúde Única. Confira a nota abaixo
elaborada pela Comissão Técnica de Animais Selvagens:
Nota sobre Febre
Amarela
O Conselho Regional de Medicina Veterinária do
Estado de São Paulo (CRMV-SP) transmite algumas informações sobre a Febre
Amarela, considerando a importante interface da doença entre a saúde pública e
a saúde silvestre, mais especificamente das populações de macacos (tecnicamente
tratados como 'Primatas Não Humanos').
A Febre Amarela foi introduzida no Brasil a
partir da África há centenas de anos. Os macacos, assim como os humanos, não
transmitem diretamente essa doença. O vírus pode circular em dois ciclos
básicos: o urbano e o silvestre. No ciclo urbano (não registrado no Brasil
desde 1942), a transmissão se dá dentro de cidades através do mosquito Aedes
aegypti que, nesse caso, é o vetor responsável pela disseminação da doença. No
ciclo silvestre, a doença circula entre macacos e outros animais, transmitida
por algumas espécies de mosquitos. A febre amarela no Brasil apresenta uma
ocorrência endêmica, principalmente na região amazônica. Fora desta região,
surtos da doença são registrados esporadicamente quando o vírus encontra uma
população de susceptíveis (pessoas não vacinadas). A ocorrência de casos
humanos tem sido compatível com o período sazonal da doença (dezembro a maio),
mas são necessários esforços adicionais para as ações de vigilância, prevenção
e controle da doença.
Desde 2016 o vírus voltou a circular em
algumas regiões do Estado de São Paulo, em seu ciclo silvestre, e atualmente
têm ocorrido registros de mortes de primatas na região de Louveira, Jundiaí,
Itatiba, Campinas e São Paulo, o que indica a retomada da dispersão do vírus
com a elevação da temperatura e da umidade características desta época do ano.
Neste contexto, o CRMV-SP alerta os
profissionais veterinários quanto a:
1. Notificação de Febre Amarela
Silvestre em macacos
Caso chegue a seu conhecimento qualquer
informação sobre ocorrência de macaco doente ou morto, a recomendação é que os
órgãos de saúde sejam acionados, por um dos seguintes telefones:
- 136
- (11) 3066-8296 - Divisão de Zoonoses do
Centro de Vigilância Epidemiológica (de segunda a sexta-feira, das 7 às 18
horas)
- 0800-555466 - Plantão Médico do Centro de
Vigilância Epidemiológica (finais de semana e feriados)
As notificações são de extrema importância
para a adequada vigilância da doença, realizada conforme os procedimentos
estabelecidos no 'Guia de Vigilância de Epizootias em Primatas Não Humanos e
Entomologia Aplicada à Vigilância da Febre Amarela'.
Reforçamos que pessoas leigas não devem
manipular os animais, devido ao risco de contaminação por outras doenças (não
pelo vírus da Febre Amarela, que é transmitido apenas por determinados
mosquitos, mas há outras doenças a serem prevenidas, como a raiva).
2. Vacinação humana contra a
Febre Amarela
Recomenda-se que os profissionais se informem
pelos sites dos órgãos oficiais de saúde sobre os municípios do Estado de São
Paulo com recomendação de vacinação, que é a principal forma de prevenção da
doença.
3. Orientações gerais
- Ao encontrar macacos vivos, sadios e em vida
livre: NÃO capturar; NÃO alimentar; NÃO retirar do seu hábitat; NÃO transportar
para outras áreas; NÃO agredir, maltratar e muito menos matar. Para ajudar,
apenas deixe os macacos vivos na floresta.
- Ao presenciar ou saber de agressões a
macacos: denunciar às autoridades de meio ambiente, pois isto constitui crime
ambiental e prejudica o trabalho de vigilância sanitária, por meio de denúncia
ao 0800618080.
O CRMV-SP, considerando sua missão, está
auxiliando na divulgação de informações relativas ao tema, a fim de que todos
os profissionais médicos-veterinários possam cumprir seu importante papel de
orientação à população, sob a abordagem da Saúde Única.
Por fim, agradecemos a atenção e contamos com
a colaboração de todos.
Sobre o CRMV-SP
O CRMV-SP tem como missão promover a Medicina
Veterinária e a Zootecnia, por meio da orientação, normatização e fiscalização
do exercício profissional em prol da saúde pública, animal e ambiental, zelando
pela ética. Ele é o órgão de fiscalização do exercício profissional dos
médicos-veterinários e zootecnistas do Estado de São Paulo, mais de 33 mil
profissionais ativos. Além disso, assessora os governos da União, Estados e
Municípios nos assuntos relacionados com as profissões por ele representadas.
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