Parece
que o eleitor não sabe o que quer, lendo a importantíssima pesquisa do
DATAFOLHA deste final de semana.
Coloca
Lula em primeiro lugar nas pesquisas.
Diz
admirar a experiência como atributo fundamental para um presidenciável.
E quer
Lula na cadeia.
Cuidado.
O
eleitor está sendo coerente.
Ele
quer Lula na cadeia, Temer processado porque, ao lado da competência, exige e
vai cobrar um comportamento ético. Daí a enorme dificuldade de Lula e de
qualquer outro que esteja envolvido nas acusações e processos decorrentes da
Lava Jato.
Mas,
erro grosseiro, pensar que a discussão de 2018 se esgota na ética. Ela começa
pela ética e avança para o tema de sempre.
Há um
padrão nas sete eleições ocorridas desde a democratização.
Com
inflação alta e desorganização da economia, venceu quem vendia futuro e
esperança (Collor) contra todos que de alguma forma representavam “o que estava
aí”.
Venceu
Fernando Henrique, que personalizava o real, esperança de inflação baixa,
retomada do emprego e do desenvolvimento.
Venceu
Lula quando conseguiu, depois de três derrotas, conciliar a mensagem de
equilíbrio
(graças a Palocci) com a esperança de
promover inclusão social em um cenário de economia então estabilizada.
E
venceu Dilma quando, apesar de tudo, significava a continuidade da inclusão.
Vale
dizer: em sete eleições, sempre o mesmo, apesar de tantas diferenças.
Há uns 20 e
tantos por cento ideológicos, à direita, geralmente saídos da classe média do
sul-sudeste do País com uma agenda que privilegia a ordem, a estabilidade, a
ética.
Há
outros 20 e poucos por cento ideológicos, à esquerda, também saídos dessa mesma
classe média, das corporações, dos sindicatos e de setores como a universidade
que privilegiam o repertório tradicional e conhecido da esquerda.
Mas
quem ganha eleição, quem está invicto são 40 a 50 por cento. Não são
ideológicos. Não se definem ou se localizam por região. São vitimas da
desigualdade. Não tem plano de saúde. Sofrem com o SUS. Com as escolas
públicas, péssimas. E para eles a violência é mais que o assalto ao carro ou a
casa – a violência é ver os filhos mortos na frente do barraco pelas balas
perdidas.
Querem
e precisam de esperança. E esta vem da capacidade de o candidato apontar para o
caminho da inclusão, da melhoria social. Se vier de alguém que, além disso,
também passa experiência, como Fernando Henrique, ótimo. Se vier de
alguém que transmitia amadurecimento (Lula, paz e amor), ótimo. Mas se não houver
esse alguém, serve quem promete ainda que falsamente (Collor).
As
pesquisas confirmam que há enorme espaço e exigência para a ética e a
experiência. Mas elas serão inúteis se quem as defende não for visto como
esperança de inclusão, se não souber falar para quem precisa e não para a
avenida Paulista.
O
futuro da eleição está nas mãos, portanto, de quem é sensato/responsável. Ou
estes produzem a alternativa inclusiva ou entregam a eleição ao
inesperado/demagógico/populista,
Vale
dizer, lembrando a famosa eleição do Clinton. No Brasil, não é a economia. É a
inclusão, seu estúpido!
Presidência Interfarma
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