Setembro
Amarelo é uma campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio, que
tem como intuito alertar a população sobre a realidade do suicídio e as formas
de prevenção. De acordo com a ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), este
trabalho surgiu para disseminar informações que podem auxiliar a sociedade a
desmitificar o tabu em torno do assunto e ajudar médicos a identificar seus
fatores de risco, tratar e instruir seus pacientes.
Iniciado
no Brasil pelo CVV (Centro de Valorização da Vida), CFM (Conselho Federal de
Medicina) e ABP, o Setembro Amarelo realizou as primeiras atividades em 2014,
em Brasília. Em 2015, a campanha conseguiu uma maior exposição com ações em
todas as regiões do País. No exterior, o IASP – Associação Internacional para
Prevenção do Suicídio – também incentiva a divulgação do evento.
Segundo
a ABP, todos os anos são registrados cerca de dez mil suicídios no Brasil, e
mais de um milhão em todo o mundo. A ABP afirma ainda que 17% das pessoas no
Brasil pensaram, em algum momento, em tirar a própria vida. Estima-se que até
2020 poderá ocorrer um aumento de 50% na ocorrência anual de suicídios em todo
o mundo, ultrapassando o número de mortes decorrentes de homicídio e guerra
combinados.
Mas,
afinal, o que leva uma pessoa a pensar em suicídio ou a chegar a cometê-lo?
Segundo a ABP, “o suicídio pode ser definido como um ato deliberado, de forma
consciente e intencional, usando um meio que ele acredita ser letal”. O
comportamento suicida vai num crescente que envolve desde pensamentos até
planos e a tentativa de suicídio. Trata-se de uma complexa interação de fatores
psicológicos e biológicos, inclusive genéticos, culturais e socioambientais.
Sendo assim, o pensamento suicida deve ser considerado como o desfecho de uma
série de variáveis que se acumulam na história do indivíduo, não podendo ser
levado em conta apenas determinados acontecimentos pontuais de sua vida.
Conforme
a ABP, há diversas maneiras de prever e impedir o ato suicida. Os dois
principais sinais de alerta são:
• Tentativa prévia de suicídio: é o fator preditivo isolado mais importante. Pacientes que tentaram suicídio previamente têm de cinco a seis vezes mais chances de tentar suicídio novamente. Estima-se que 50% daqueles que se suicidaram já haviam tentado previamente.
• Tentativa prévia de suicídio: é o fator preditivo isolado mais importante. Pacientes que tentaram suicídio previamente têm de cinco a seis vezes mais chances de tentar suicídio novamente. Estima-se que 50% daqueles que se suicidaram já haviam tentado previamente.
•
Doença mental: sabemos que quase todos os suicidas tinham uma doença mental,
muitas vezes, não diagnosticada ou não tratada de forma adequada. Os
transtornos mentais mais comuns incluem depressão; transtorno bipolar;
alcoolismo e abuso/dependência de outras drogas; alguns transtornos de
personalidade e esquizofrenia. Pacientes com múltiplas comorbidades
psiquiátricas têm um risco aumentado, ou seja, quanto mais diagnósticos, maior
o risco.
Outros
fatores de risco também devem ser considerados, como o sentimento de
desesperança, desamparo e desespero; doenças clínicas graves, como câncer, AIDS
ou doenças degenerativas; maus tratos na infância, como abuso físico e sexual;
dentre outros.
Muitas
pessoas com intenção suicida expressam, de modo sutil, o desejo de morrer;
falam de sua falta de esperança, do sentimento de culpa e de a vida não valer
mais a pena. Amigos, familiares, pessoas que tenham contato com alguém
demonstrando tristeza profunda e com um discurso pessimista precisam levar em
consideração o risco de suicídio. Poderão, assim, conversar e levar o indivíduo
para receber ajuda especializada.
Vale
lembrar que as Unidades de Urgência e Emergência (geral e/ou psiquiátrica), os
Serviços Especializados e outros são de fundamental importância para os
indivíduos que estão em situação de crise. Portanto, ao menor sinal de
alterações no comportamento compatíveis às características citadas acima, é
imprescindível buscar ajuda médica o mais rápido possível.
Prof. Dr. Mario Louzã - médico psiquiatra e
psicanalista. Doutor em Medicina pela Universidade de Würzburg, Alemanha.
(CRMSP 34330)
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