Maior parte dos traumas
que levam a fraturas ocorre em casa. Saiba o que fazer para evitar
O Brasil tem, hoje, 8,46% de sua população
na faixa etária acima de 65 anos. Até 2030, a previsão é que esse índice seja
de mais de 13%. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) e mostram, ainda, que a expectativa de vida ao nascer – hoje, de 76
anos, em média – poderá chegar a 78,5 anos no final da próxima década. Com esse
aumento, cresce também a atenção ao bem-estar de pessoas idosas. Evitar traumas
causados por quedas é um dos principais fatores para isso e deve começar em
casa.
Fraturas como as de quadril, além de
limitarem a mobilidade e a execução de tarefas do dia a dia por longos
períodos, podem, até mesmo, colocar em perigo a vida do paciente. Um
levantamento publicado na Revista Brasileira de Ortopedia apontou índice
de mortalidade de 23,6% entre pessoas com idade superior a 65 anos, internadas
por esse problema.
“O risco de morte de uma mulher de 50 anos,
por exemplo, após quebrar o fêmur, é o mesmo que se apresentaria caso ela
tivesse câncer de mama. Isso se dá porque o corpo reage à fratura destinando
seus recursos para resolver esse problema, o que pode descompensar outras
funções do organismo, como a pressão e ventilação pulmonar e o desempenho do
sistema imunológico”, explica Luiz Fernando Cocco, ortopedista e coordenador do
Núcleo de Ortopedia do Hospital Samaritano Higienópolis, em São Paulo.
Com técnicas e protocolos modernos, hoje em
dia um paciente que passa por cirurgia do fêmur volta a caminhar com apoio assim
que acaba o efeito da anestesia e pode ter alta em 24 horas, desde que tenha
condições clínicas estáveis – com boas funções renal, pulmonar e cardiovascular
– e não apresente dor.
“A Medicina avançou para dar a essas
pessoas a chance de retomarem suas atividades diárias no menor tempo possível,
reduzindo o período de hospitalização. Mas os riscos de uma intervenção dessa
importância não terminam na alta, já que podem haver novas quedas e outras
complicações. Por isso, a prevenção desses traumas é o melhor caminho para
garantir a qualidade de vida de uma população que está vivendo cada vez mais”,
afirma Luiz Fernando.
Segundo o ortopedista, 90% dos acidentes
que levam à fratura de ossos – 50% dos casos envolvem o fêmur – ocorrem em
casa. Por isso, o médico lista, abaixo, as quatro principais dicas para adaptar
as residências, de forma a minimizar as chances de queda:
Chão
–
Mantenha tapetes e fios elétricos fora do caminho, os pisos limpos – sem água
ou gordura – e não use cera. No banheiro, utilize tapetes antiderrapantes no
boxe e em frente à pia e ao vaso sanitário. Nas escadas, instale piso
antiderrapante;
Iluminação –
Utilize lâmpadas de 100 watts ou mais, em todos os cômodos, e tenha os
interruptores em locais de fácil acesso, como cabeceiras, perto das portas e
nas extremidades da escada. Sempre acenda a luz para ter acesso a um cômodo,
mesmo que esteja muito familiarizado com o ambiente. Manter a luz do banheiro
acesa durante a noite também pode ajudar;
Apoio
para caminhar – Instale corrimão dos dois lados de
corredores, escadas e vias de acesso de forma geral. No banheiro, utilize
também barras de apoio no boxe e próximo ao vaso sanitário;
Armários –
Guarde objetos, utensílios e roupas utilizados no dia a dia em armários até a
altura da cintura – isso evita que seja necessário subir em algo para
alcançá-los ou que o peso deles acarrete um tombo.
“Além de adotar esses cuidados, é
importante fazer visitas regulares ao médico, para controle de doenças
crônicas, exames de acuidade visual e auditiva, ajuste de medicação – quando
necessário – e orientações sobre atividades que preservem a coordenação, a
flexibilidade, a força e o equilíbrio”, completa o médico.
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