Técnica
cirúrgica devolve mobilidade e qualidade de vida a pacientes com doença de
Parkinson
O funcionamento do cérebro
humano pode ser comparado ao de uma rede elétrica: quando ocorrem falhas na
transmissão de impulsos elétricos entre os neurônios, podem surgir doenças como
o Parkinson – um distúrbio do sistema nervoso central que afeta o movimento e
causa tremores, atingindo cerca de 200 mil pessoas no Brasil e 5 milhões no
mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Uma das mais recentes
técnicas utilizadas no tratamento cirúrgico dessa doença é a estimulação
cerebral profunda. Trata-se de uma espécie de marca-passo – como o usado no
coração, mas para o cérebro. O dispositivo é instalado na região torácica e passa
a transmitir impulsos para os neurônios de uma região específica e
predeterminada pelo neurologista, permitindo o restabelecimento dos movimentos
do paciente.
“A estimulação cerebral
profunda tem se estabelecido como um tratamento cirúrgico seguro e eficaz para
um grupo selecionado de pessoas que não respondem ao tratamento convencional.
Em geral, ela é indicada quando, apesar do uso de medicações em doses
adequadas, o indivíduo mantém muitos sintomas, como tremores vigorosos e a
impossibilidade de realizar atividades básicas, como andar, com comprometimento
de seu bem-estar e mobilidade”, explica o neurologista Rubens Gisbert Cury,
coordenador do Centro de Parkinson do Hospital Samaritano Higienópolis (São
Paulo).
Além do Parkinson, esse
tipo de cirurgia também é indicado para pacientes que apresentam distonias, ou
seja, contrações musculares involuntárias; alguns tipos de tremor; tiques; e
síndrome de Gilles de la Tourette, distúrbio do sistema nervoso que envolve
movimentos repetitivos e sons indesejados.
“Com o uso da técnica em
pacientes com Parkinson, por exemplo, observamos uma redução dos períodos que
chamamos de off, em que a pessoa apresenta muita lentidão e tremores,
além de uma melhora na coordenação para caminhar. O principal objetivo da estimulação
cerebral profunda é buscar um benefício terapêutico mais constante e
previsível, de tal forma que os pacientes possam alcançar uma redução da
gravidade dos sintomas”, conta Cury. No geral, é preciso que o paciente tenha,
no mínimo, quatro anos completos com a doença para que o médico proponha o
tratamento.
O Hospital Samaritano Higienópolis (São
Paulo) possui, dentro de seu Núcleo de Neurologia, o Centro de Parkinson, que
conta com equipe médica especializada em estimulação cerebral profunda, com avaliação
pré-operatória, cirurgia e acompanhamento pós-operatório.
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