Até
2030, o número de mortos em acidentes pode chegar a 1,9 milhão de pessoas em
todo o mundo, daí a importância de conscientizar a população
No
Cartoon Motor Mania, da Disney, o senhor Walker é um homem comum, de hábitos
comuns; um cidadão inteligente, gentil, amável e honesto, incapaz de matar uma
formiga. Ele se considera um bom motorista, mas, quando pega no volante, sofre
uma metamorfose e se transforma num condutor diabólico. A sensação de poder no
comando do automóvel muda a sua personalidade e ele vira o Sr. Willer, um
sujeito grosseiro, sem paciência, que se comporta como o “dono da rua”, xinga
as pessoas ao redor, não respeita às leis de trânsito e se envolve em vários
acidentes. Apesar de ficcional, o Sr. Willer parece ter sido inspirado em
muitos condutores da vida real, que acabam se envolvendo em sinistros por pura
imprudência.
De
acordo com o Observatório Nacional de Segurança Viária, 90%
dos acidentes ocorrem por falhas humanas – que vão de desatenção dos
condutores ao desrespeito à legislação. As mais comuns citadas pela instituição
são o excesso de velocidade, manuseio do celular, falta de equipamentos de
segurança como o cinto de segurança ou capacete, uso de bebidas alcóolicas
antes de dirigir e até mesmo dirigir cansado.
Em
2012, 46.689 pessoas morreram devido a acidentes de trânsito no país, o que
significa uma morte a cada 12 minutos. Os números estão no documento Retrato da Segurança
Viária no Brasil, uma iniciativa público-privada. Segundo o levantamento,
motociclistas lideram o ranking, com 36,2% de óbitos e 55% de feridos – sendo
que as motos somam 26,4% da frota de veículos brasileira. Os índices envolvendo
pedestres também são alarmantes: totalizam 25,4% das vítimas fatais em
acidentes viários, sendo que no Norte o índice chega a 32,3% e a 31,4% no
Sudeste.
Ainda
conforme o Relatório, o cenário atual sugere que até 2030 o número de mortos em
acidentes pode chegar a 1,9 milhão de pessoas em todo o mundo. Daí, a
importância de conscientizar todos os usuários das vias públicas a terem mais
atenção, respeito e empatia no trânsito, para que esse triste prognóstico não
se concretize. O uso do cinto de segurança, por exemplo, é uma medida
simples que reduz o risco de morte em até 50% dos casos entre passageiros nos
bancos dianteiros, e em até 75% para os ocupantes do banco traseiro.
Um
trânsito mais democrático e cidadão
Atento
à realidade acerca do trânsito brasileiro, o Conselho Nacional de Trânsito
(Contran) realiza, de 18 a 25 de setembro, a Semana Nacional do Trânsito (SNT).
O evento acontece todos os anos e nele são promovidas diversas atividades em
todo o país para estimular uma mudança de comportamento no trânsito e
transformar as ruas num espaço de cidadania, tornando cada um dos usuários das
vias – motoristas, motociclistas, pedestres, ciclistas, passageiros etc –
protagonistas dessa nova realidade.
O
tema “Minha escolha faz a diferença no trânsito” foi escolhido não apenas para
a SNT, mas para todas as campanhas e ações educativas envolvendo o trânsito em
2017. Com isso buscou-se enfatizar a importância e a valorização da
responsabilidade de todo cidadão na construção de um trânsito mais seguro e
saudável.
Para Luiz Gustavo Campos,
diretor e especialista em trânsito da Perkons, que desenvolve e aplica tecnologia
para a segurança viária, o trânsito é um ambiente complexo
onde o espaço é dividido por diferentes pessoas e veículos, por isso exige
condutas adequadas e bom senso por parte de todos. “Todos têm essencial e igual
relevância na construção de um trânsito mais humano e mais seguro. O motorista
deve respeitar os limites de velocidades estipulados. O pedestre deve usar a
faixa para travessia e fazê-la com atenção máxima. O ciclista não deve pedalar
nas calçadas, destinadas exclusivamente aos pedestres. Motociclistas não devem
circular pelo corredor. Precisamos pensar o trânsito como um organismo vivo
constituído de diversas partes, e o mote das campanhas educativas desse ano
deixa isso claro: minha escolha faz a diferença, independe de qual meio de
transporte estou utilizando”, aponta.
Ainda segundo Campos,
algumas medidas podem ser adotadas para tornar o trânsito mais seguro.
“Educação. É preciso pensar e realizar campanhas e ações educativas
sistemáticas, como a SNT, que falem aberta e claramente ao público sobre a
importância de um trânsito mais democrático, que não seja palco de tantos
acidentes e mortes. Também investimentos em infraestrutura e gestão do
trânsito, para proporcionar melhor qualidade de vida a todos. Ainda, legislação
eficaz e fiscalização. Em 2016, 99,93% dos motoristas que passaram por trechos
com equipamentos da Perkons não cometeram as infrações monitoradas. Apenas no
período, esses equipamentos monitoraram quase 4,8 bilhões de veículos. Isso
reforça a importância da fiscalização para um trânsito menos violento”, analisa
o diretor.
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