Um dos principais problemas de saúde pública do mundo, a obesidade infantil é considerada epidemia e deve ser combatida; para nutricionista e coach Gladia Bernardi, a alimentação inadequada começa em casa
A
Organização Mundial de Saúde avalia que a obesidade é um dos fatores que mais
contribuem para o aumento dos casos de câncer, hipertensão, problemas renais e
diabetes, entre outras doenças crônicas. Apesar dos alertas, a doença tem se
tornado cada vez mais comum no Brasil e no mundo, principalmente entre as
crianças.
Segundo
o relatório "Pelo Fim da Obesidade Infantil" (2016), o problema
atinge 41 milhões de crianças menores de cinco anos. Ainda de acordo com a
pesquisa, os casos de obesidade estão relacionados a fatores comportamentais,
deixando apenas 5% para os fatores genéticos e 10% a causas hormonais
tratáveis. Portanto, não adianta culpar a “genética” ou os hormônios. Os
números mostram que os maus hábitos e a má qualidade da alimentação são os
principais causadores do sobrepeso.
Nutricionista
funcional e coach em emagrecimento, Gladia Bernardi defende que pais e
responsáveis são os verdadeiros culpados pela obesidade infantil, pois a rotina
alimentar, seja ela boa ou ruim, começa na família. “A criança constrói a sua
primeira relação com a comida dentro de casa, aprendendo com os adultos, que
são o exemplo”, diz ela.
Segundo
a especialista, nos casos de tratamento de obesidade infantil, todo o processo
deve ser acompanhado pelos adultos, que são fundamentais para que o método dê
resultado. “A relação familiar com o paciente mirim tem impacto direto na
condição da criança”, explica.
Associada
ao Health Coaching International Institute, escola pioneira em Coaching de
Emagrecimento Consciente destinado a profissionais de saúde, Gladia enumera os
maiores “inimigos” da saúde das crianças:
Oferecer
alimentos industrializados com frequência
Apesar
de os pediatras indicarem somente leite materno (ou fórmula em casos especiais)
como alimento até os seis meses de idade,12% dos bebês dessa faixa etária comem
macarrão instantâneo, segundo dados do Ministério da Saúde. Além disso, 72% das
crianças com até dois anos comem biscoitos recheados e 48% delas tomam
refrigerante regularmente.
“Uma
criança com menos de um ano parece ser capaz de fazer o próprio macarrão
instantâneo? Claro que não! Quem preparou essa refeição inadequada, sem dúvida
nenhuma, foi um adulto”, diz Gladia.
“Esse
é um grande erro, que deve ser evitado pelos pais, pois coloca a saúde da
criança em risco”, alerta.
Montar
lancheiras pouco saudáveis
A
obesidade infantil e a adulta crescem juntas no mundo todo. Os pequenos
aprendem e criam os primeiros hábitos dentro de casa. “São os pais que nos
apresentam a forma de viver e se relacionar com tudo, inclusive com a
comida", diz Gladia.
Os
maus hábitos alimentares geralmente adquiridos na infância, e são os
responsáveis pela maioria dos casos de sobrepeso. “A família sempre deve dar
preferência a refeições saudáveis e, quando as crianças forem para a escola, a
lancheira também precisa conter bons alimentos e em porções adequadas às
necessidades da idade”, explica.
Usar
a comida como recompensa
Você
usa os alimentos saborosos (e calóricos) como recompensa pelo bom comportamento
dos filhos? Segundo Gladia,
essa é uma péssima escolha para o futuro da criança. “Eles vão crescer com uma
percepção deturpada da comida, que será difícil de corrigir na vida adulta”,
ensina.
Pesquisadores
da Norwegian University descobriram que cerca de dois terços das crianças dão
sinais de que comem para se sentir melhor. “Em longo prazo, essas recompensas
podem levar à compulsão alimentar”.
Subestimar
o aumento de peso da criança
Para
a especialista, o modo como os pais pensam --inclusive como eles se relacionam
com a questão do peso dos filhos--
gera uma percepção equivocada da condição das crianças. “Pais com a “mente
gorda” adotam em seu dia a dia e ensinam aos filhos hábitos alimentares
prejudiciais, apresentando percepção distorcida sobre o ganho de peso da criança”.
Segundo
um estudo realizado no Hospital Universitário da USP, em 2015, 58% das mães
subestimam o peso dos filhos.
“Esse equívoco retarda o tratamento e faz com que o número de crianças com
diabetes tipo 2 e colesterol aumente a cada ano”, diz a especialista.
Erra
na escolha do tratamento adequado
Gladia explica que experiências mal-sucedidas com dietas comprometem a autoestima das crianças, e, por isso devem ser evitadas ao máximo. “É por isso que sempre recomendamos o acompanhamento de um profissional, e o mais indicado é um coach de emagrecimento”, explica.
Gladia explica que experiências mal-sucedidas com dietas comprometem a autoestima das crianças, e, por isso devem ser evitadas ao máximo. “É por isso que sempre recomendamos o acompanhamento de um profissional, e o mais indicado é um coach de emagrecimento”, explica.
Associada
ao Health Coaching International Institute, escola pioneira em Coaching de
Emagrecimento Consciente destinado a profissionais da área da saúde, ela
explica que o tratamento para as crianças deve ser cuidadoso e eficiente, para
evitar que ela se torne um adulto obeso.
Para a nutricionista, é
viável fazer coaching em crianças, desde que conte com a supervisão dos pais.
“Existem algumas técnicas usadas para criar laços e cumplicidade com a criança.
Assim, ela será capaz de compartilhar sensações, momentos, histórias e
situações com o profissional, o que é essencial para o sucesso do tratamento”,
finaliza.Imagens: Shutterstock
Gladia Bernardi - Nutricionista, coach e desenvolvedora do método “Emagrecimento Consciente”, baseado na neurociência, na programação neurolinguística e em coaching. Por meio de técnicas e ferramentas pioneiras, que dispensam dietas restritivas, prescrição de medicamentos ou intervenções cirúrgicas para o emagrecimento, visa transformar profissionais da área da saúde, coaches e consultores independentes em especialistas em emagrecimento junto a pacientes. Atualmente, já formou mais de mil profissionais e é responsável pelo evento “Por um mundo mais leve”, que defende que qualquer pessoa pode emagrecer se estiver em harmonia com a sua mente.
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