quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Robôs digitais e fake news podem ser armadilhas para empresas



Massificação infla as audiências de publicidade; falto tráfego é chamado de NHT

Atualmente, as chamadas ‘fake news’ - ou ‘notícias falsas’ – e os robôs digitais – ou ‘bots’ - têm ganhado espaço na internet e podem prejudicar, e muito, uma empresa sem que ela se dê conta do que está acontecendo. De acordo com Bernardo Lorenzo-Fernandez, da consultoria de Inteligência Digital Folks Netnográfica, esta relação merece muita atenção, pois as empresas podem estar jogando dinheiro fora ou arriscando sua imagem sem saber.

Mas, o que são fake news e bots? Que fake news não é notícia verdadeira, todo mundo sabe, mas pouca gente sabe que é também um ótimo negócio. São geradas a baixo custo, em alta velocidade, com títulos chamativos, em grande quantidade. “Existem muitas páginas de notícias deste tipo, com alta audiência. Têm aparência de portais noticiosos independentes, podem até ter um editor, sempre com perfil falso. Todas são  desenhadas para atrair tráfego. Oferecem espaços de exibição de publicidade a baixo custo e conseguem enganar os otimizadores de mídia. Quando são descobertos, os donos, que são difíceis de identificar, fecham a página imediatamente e abrem outra similar em outro endereço, normalmente fora do Brasil”, explica Lorenzo-Fernandez. 

Já os robôs são programas que agem de forma autônoma na internet, simulando o comportamento humano. “São perfis falsos nas redes sociais. Bots ficam amigos de outros bots, e também de pessoas reais que não sabem da existência deles. São programados para visitar todo tipo de destino na internet, inclusive os portais de notícias falsas e as redes sociais. Simulam uma multidão de pessoas conversando ou vendo seu anúncio, só que é tudo artificial. Agem freneticamente: tanto para difundir opinião e fake news  por meio de massificação (cut/paste), a serviço de algum interessado, que paga os programadores; bem como para inflar as audiências de publicidade, enganando os otimizadores de compra de mídia. ”. Esta avalanche de tráfego falso é chamada de NHT, isto é, tráfego não humano, na sigla em inglês. 

E é tudo isso que transforma estes dois temas em uma armadilha para o mercado empresarial.  O executivo alerta ainda que cada vez mais verbas do orçamento de Marketing das empresas têm sido alocadas para o Digital. Mas os algoritmos de compra de mídia não distinguem adequadamente robôs de humanos e nem os portais idôneos dos de fake news. “Sua empresa pode estar pagando por audiência falsa, jogando dinheiro fora. Sua publicidade pode estar patrocinando portais de fake news, e sabe-se lá que tipo de interesses escusos por trás deles. O risco de associar sua imagem e marca a páginas falsas e seu orçamento a tráfego não humano não pode ser ignorado”, revela.

Lorenzo-Fernandez alerta que as empresas devem estar conscientes dos riscos. Ao associar sua publicidade ao lado de conteúdos inadequados, sabe-se lá que tipo de interesse a empresa estará inadvertidamente patrocinando; e quanto dinheiro estará desperdiçando com audiências falsas. “Para o bem e para o mal, é impossível entender a sociedade de hoje sem levar em consideração cuidadosa os impactos do Digital. Trata-se de um mundo novo, nem sempre admirável.  Juntamente com as oportunidades do Digital, vieram também novas ameaças”, conclui. 




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