Uso indiscriminado e consumo indevido podem
comprometer os resultados da dieta e a saúde
Atualmente
o uso de suplementos nutricionais vem sendo amplamente discutido, tanto por
profissionais da saúde, quanto por estudiosos do gênero. O tema é pauta de
pesquisas e debates que, muitas vezes, podem gerar conclusões controversas, no
entanto, o mercado desses produtos cresce cada vez mais no Brasil e no mundo.
Um estudo realizado pela Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para
Fins Especiais e Congêneres (Abiad) em parceria com a Associação Brasileira das
Empresas do Setor Fitoterápico, Suplemento Alimentar e de Promoção da Saúde
(Abifisa) e a Associação Brasileira das Empresas de Produtos Nutricionais
(Abenutri), revela que os alimentos enquadrados em suplementos alimentares
fazem parte do cotidiano de mais de 54% dos brasileiros.
O
número está entre os maiores do mundo e já se aproxima dos Estados Unidos, um
dos maiores mercados do planeta, onde 68% da população faz uso destes produtos
na rotina diária. Eles são muito procurados por aqueles que querem perder peso
ou ganhar massa magra, mas seu poder vai mais além, pois eles também são utilizados
para complementar os nutrientes que as pessoas, nem sempre, conseguem absorver
através da alimentação, ou ainda, suprir a carência nutricional de organismos
deficientes. Prova disso é que, de acordo com o estudo, o uso de suplementos
varia conforme a faixa etária. Entre os consumidores mais jovens, por exemplo,
o uso de suplementos voltados para a prática de esportes e exercícios físicos é
maior, já entre os idosos os suplementos vitamínicos são mais frequentes.
Complemento nutricional em dietas deficientes
A
má alimentação, devido à correria do dia a dia, e a preocupação com a saúde são
umas das razões que levam ao consumo dos suplementos alimentares. Grande parte
desses produtos é encontrada em forma de comprimidos, cápsulas e sachês, e os
mais consumidos atualmente são o ômega 3, Multivitamínicos, Vitamina C e
Cálcio. Segundo o nutricionista Willian Ribeiro, o uso de suplemento dissociado
dos exercícios físicos é indicado quando há alguma carência de nutrientes no
paciente.
“Os
suplementos devem ser encarados como alimentos e não como princípio ativo, ou
seja, um medicamento, pois sua proposta é de oferecer uma adequação
nutricional. Vale lembrar que eles não substituem uma refeição balanceada, nem
servem como compensação de um cardápio desequilibrado. A finalidade desses
produtos é complementar a alimentação e, ao contrário de um medicamento, não
tem objetivo de cura, eles auxiliam apenas no tratamento e manutenção da saúde”
– explica o profissional da Nature
Center.
Suplementos proteicos são os mais requisitados
Apesar
de muitas pessoas recorrerem aos suplementos por questões de saúde, a maioria
do seu público consumidor é composta por aqueles que querem modificar a
composição corporal, seja para a perda de peso e medidas ou para fortalecer e
aumentar a musculatura. Existe hoje no mercado diversos tipos de suplementos,
mas, em muitos casos, eles possuem uma fórmula semelhante. Entre os mais
comuns, usados pela maioria dos adeptos à academia e musculação, estão o famoso
Whey Protein e o BCAA, que são formados basicamente por proteínas, mas possuem
um baixo teor de gorduras, para diminuir suas calorias.
No
entanto, Ribeiro alerta que esses produtos são indicados para quem pratica
alguma atividade voltada para o ganho de massa magra, pois, esses suplementos
aumentam a quantidade de proteínas no organismo, que se associam às fibras
musculares, porém, é a atividade física quem promove a construção dos músculos:
“Não adianta muito tomá-los sem fazer exercícios. Além disso, ainda é possível
que gere o efeito contrário, ou seja, o aumento excessivo de peso, porque o
corpo está ingerindo uma quantidade maior de energia, mas não está queimando o
suficiente”.
O
especialista afirma que suplementos
proteicos dão resultados se utilizados de forma correta, como é o caso do Whey
Protein, que ganhou fama devido à sua composição e praticidade. “Ele contém
todos os 9 aminoácidos essenciais, aqueles que o corpo não é capaz de produzir
sozinho, por isso é considerado uma proteína completa. Alguns alimentos, como
quinoa, carne, ovos e derivados do leite também são proteínas completas. No
entanto, é importante ressaltar que qualquer tipo de macro nutriente, seja
gorduras, proteínas ou carboidratos, se consumidos em excesso, levarão ao ganho
de peso, por isso a pratica de exercícios é fundamental” – acrescenta Ribeiro.
É preciso definir os objetivos
Outro
ponto importante, antes de iniciar uma complementação alimentar, segundo o
especialista, é ter um objetivo específico, pois, dificilmente, o produto que
potencializa o ganho de massa muscular terá o mesmo efeito na redução de
medidas e vice-versa. Ribeiro explica que eles agem de maneiras diferentes,
enquanto um complementa o aporte de proteínas para a regeneração e crescimento
dos músculos, outros promovem a aceleração do metabolismo e a queima de
gorduras. Dependendo do caso, um pode inibir o efeito do outro, ou, até mesmo,
atrapalhar os resultados, por isso, é preciso verificar o que se adequa mais ao
treino e necessidades de cada um.
Termogênicos são uma boa opção, mas cuidado
Eles
são os queridinhos de quem quer dar adeus as gordurinhas. Capazes de acelerar o
processo de emagrecimento, eles estimulam o metabolismo a trabalhar
constantemente em um ritmo maior, dessa forma o corpo gasta mais energia na
digestão e utiliza suas reservas de gordura como fonte. Ribeiro afirma que os
termogênicos também surtem um bom efeito naqueles que não praticam nenhuma
atividade, no entanto, seu efeito é maior se aliado a uma alimentação e um
treino adequados.
“O
chá verde é um excelente termogênico, mas possui um sabor forte e amargo, por
isso já é comercializado em capsulas. Outro bom exemplo é o chá de hibisco, que
possui um sabor agradável e não precisa adoçar. Mas também temos outros alimentos
que são muito potentes, como a pimenta vermelha, canele e gengibre, por
exemplo” – explica Ribeiro. “No entanto, aquelas pessoas que já estão no peso
ideal e visam ganhar massa magra devem evitar um grande consumo de alimentos
com essas propriedades e focar naqueles que ofereçam proteínas e gorduras boas
para alcançar seus objetivos”.
Energéticos naturais auxiliam os iniciantes
Para
ambos os grupos, tanto o que quer emagrecer, quanto o que busca definição, vale
apostar em suplementos que aumentem a energia. Mesmo aqueles que não praticam
atividades físicas podem se beneficiar com esses produtos, mas o especialista
alerta que é sempre preferível o uso dos naturais. Aqueles que contém cafeína
são uma boa pedida, a alta concentração do nutriente faz com o que o
metabolismo fique constantemente acelerado, favorecendo as dietas de
emagrecimento e auxiliando no rendimento das atividades do dia a dia.
Mas,
como sempre, os melhores resultados são obtidos em conjunto com exercícios
físicos, pois a substância é capaz de melhorar o desempenho físico, reduzindo a
percepção de esforço ao praticar um exercício, dessa forma a atividade parece
mais fácil do que realmente é. A cafeína também poupa os estoques de glicogênio
muscular, por isso, seu consumo, contribui para acelerar a queima de gordura.
O cardápio ainda é fundamental
O
nutricionista explica, portanto, que os maiores benefícios dos suplementos
nutricionais são decorrentes da interação com a prática de exercícios físicos e
uma alimentação balanceada. É claro que uma pessoa pode conseguir todo o aporte
nutricional que precisa apenas por meio da dieta, no entanto, como esses
produtos são administrados estrategicamente, eles conseguem potencializar os
resultados. “Para isso, aqueles que desejam iniciar essa complementação devem
verificar os nutrientes que constituem cada um para identificar o que mais se
adequa aos hábitos dela, e ainda quais são as doses diárias que devem ser
consumidas, para evitar os efeitos colaterais do excesso de proteínas no corpo,
por exemplo”.
O
nutricionista ainda explica que, se os suplementos forem consumidos
indiscriminadamente, podem gerar um mau funcionamento nas atividades dos rins e
do coração. Outros efeitos colaterais indesejados são o suor excessivo,
insônia, dor e cansaço e batimento cardíaco acima do normal. “É preciso lembrar
que a forma mais segura de consumir esses produtos é através da orientação de
um médico ou um nutricionista, pois, ao mesmo tempo em que eles podem ajudar,
esses suplementos também podem fazer mal à saúde, se tomados da maneira
incorreta. Só um especialista poderá indicar o mais indicado e as doses
necessárias para cada pessoa” – finaliza Ribeiro.
Fonte: Nature Center
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