sexta-feira, 30 de junho de 2017

Você sabia que cães e gatos podem doar sangue?



  Sangue coletado dos animais pode ser utilizado no tratamento de enfermidades como câncer


O Junho Vermelho, campanha que dissemina a importância da doação de sangue, traz um alerta à população sobre as angústias causadas por falta de sangue animal: muitos bichinhos acabam morrendo por falta de conhecimento de seus donos. “A doação de sangue animal é tão importante e necessária quanto a das pessoas, os donos ou pais de seus pets precisam entender que eles podem vir a precisar de uma substância tão comum, mas tão escassa”, afirma Debi Aronis, fundadora da campanha. 

Alguns tutores, por receio de que seus animais de estimação sofram complicações, evitam esse procedimento. Porém, assim como em humanos, a doação de sangue animal é segura e não provoca efeitos colaterais nos mascotes, conforme explica Fábio Alexandre Rigos Alves, diretor técnico do laboratório Cepav. 

“O procedimento é indolor e muito rápido, dura em torno de 15 minutos. A doação é feita através de uma pequena punção na veia jugular e o sangue é coletado em uma bolsa, como acontece com os humanos. Em média, são retirados cerca de 16 ml por quilo”, afirma. 
  
Antes da doação, os animais passam por uma série de testes clínicos para garantir que estão em boas condições de saúde. Não são aceitos como doadores aqueles que tenham alguma doença infecciosa, estejam muito acima do peso ideal para a raça e, no caso das fêmeas, estejam no cio. 

Alves explica ainda que esse tipo de procedimento é mais recomendado em animais de grande porte (com peso acima de 27 quilos), com idade entre um e oito anos, e que sejam dóceis, pois a doação acontece com o animal acordado.

De acordo com o diretor técnico do laboratório Cepav, a transfusão de sangue pode ser total ou utilizar apenas alguns subprodutos, como o concentrado de hemácias (para animais com casos severos de anemia), concentrado de plaquetas (utilizado em problemas de coagulação) ou plasma. 

Para que o animal não fique anêmico é preciso que o dono espere um período de 25 dias antes de levá-lo para realizar uma nova doação. Em alguns casos, pode ser recomendável dar um suplemento ferroso ao cão para recuperar o volume de sangue retirado. 

Após a doação, o sangue estocado pode durar até 35 dias, quando armazenado em temperatura média de 1 a 8 graus. Entretanto, esse período varia de acordo com cada hemocomponente retirado: enquanto o concentrado de hemácias dura 35 dias o concentrado de plaquetas permanece válido para uso por apenas cinco dias.  


Porque doar?

Assim como acontece com seres humanos, os animais de estimação sofrem de enfermidades que necessitam de grandes quantidades de sangue para tratamento, como cânceres e anemias, assim como podem também sofrer acidentes ou necessitar de cirurgias. 

Por falta de sangue, muitos animais acabam morrendo, realidade que aumenta ainda mais a importância e a necessidade da doação de sangue animal, conforme destaca Debi Aronis, uma das fundadoras da campanha Junho Vermelho. 

“A doação de sangue animal é tão importante quanto a humana porque o sangue sintético ainda não é uma realidade. Isso sem mencionar que para a maioria dos donos, os pets são parte da família, a relação é muito intensa, e ainda que todos saibam que os animais têm uma vida média mais curta do que a nossa, a dor da perda de um bichinho de estimação é tão grande quanto a de um ser humano”, afirma ela. 

Não existem muitos bancos de sangue animal no Brasil, mas qualquer pessoa pode procurar por seu veterinário e perguntar sobre a doação. 


Curiosidades do sangue animal

Ao contrário dos seres humanos, os gatos podem pertencer a três tipos sanguíneos: A (o mais comum entre eles), o grupo B e o AB. Nos cães, por outro lado, já foram identificados mais de 20 grupos sanguíneos, podendo variar inclusive entre animais da mesma raça. 

Por isso, Alves explica que a doação sanguínea leva em consideração o tipo de sangue do animal. Ao receber uma transfusão são realizados testes de tipagem sanguínea e de compatibilidade, para evitar que o receptor sofra qualquer reação adversa.  

Entretanto, os gatos têm maior risco de sofrer complicações durante a primeira transfusão sanguínea do que os cães. Em geral, as chances de reações ocorrem após a segunda transfusão.  


Critérios para doação

Cães

  • Pesar acima de 27 quilos;
  • Ter idade entre um e oito anos;
  • Não possuir doenças infecciosas, estar vacinado e desparasitado;
  • Não estar acima do peso recomendado para a raça;
  • Fêmeas: não estar prenhe ou no cio;
  • Não ter tido carrapatos recentemente.

Gatos

  • Pesar acima de cinco quilos;
  • Ter idade entre um e oito anos;
  • Ser criado sem acesso à rua;
  • Estar vacina, desparasitado e não possuir histórico de doença grave
  • Fêmeas: não estar prenhe ou no cio. 

Junho Vermelho

Organizada desde 2014, pelo Movimento Eu dou Sangue, a campanha Junho Vermelho que já foi alçada a categoria de lei em vários estados e cidades do Brasil, busca chamar a atenção para a importância da doação de sangue frequente. É fundamental abastecer os estoques dos hemocentros principalmente nos meses de junho e julho, quando o volume de doações cai atingindo níveis críticos (baixa de 30%) em todo o país, reflexo das férias escolares e do aumento na demanda por sangue.





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