Competição,
crise econômica, ambiente tenso, cobrança exagerada, reuniões improdutivas,
acúmulo de atividades... todos esses são motivos que contribuem para o aumento
do estresse no trabalho. O que pouca gente sabe, porém, é que ambientes
profissionais com essas características fazem com que 30% dos brasileiros
sofram com a chamada síndrome do esgotamento
profissional, ou síndrome de burnout, segundo pesquisa da International Stress Management Association
(Isma), realizada entre 2013 e 2014.
Pessoas com a síndrome de burnout podem apresentar esgotamento
físico, alteração de humor, maior irritabilidade e dificuldade de concentração,
além de sofrer com ansiedade, pessimismo, baixa autoestima e, até mesmo,
depressão – para se ter uma ideia, em 2016, 75,3 mil brasileiros foram
afastados de suas funções por apresentarem algum tipo de quadro depressivo, o
que coloca o país em quinto lugar no ranking mundial.
Mesmo
nos casos menos graves, o fato é que o estresse não traz
problemas apenas à saúde dos colaboradores, mas também impacta nos resultados organizacionais
de modo geral. Afinal, funcionários estressados,
além de faltarem mais, não utilizam todo o seu potencial e acabam produzindo
menos. Embora muitas vezes essa responsabilidade caia exclusivamente nas mãos
do RH, também é papel dos empresários e gestores incentivar os colaboradores a
buscar tratamento médico e psicológico e, principalmente, prevenir o surgimento
de novos casos.
As empresas precisam parar de tratar o problema
como um fato isolado e buscar identificar de que forma estão contribuindo para
levar seus funcionários à exaustão. Será que alimentar ambientes de trabalho
estressantes, exigir um grande volume de trabalho, fazer cobranças exageradas,
promover reuniões em excesso e estimular a competição interna não contribuem
para que os membros da equipe se sintam desconfortáveis e insatisfeitos?
Faço um convite aos empresários para uma
reflexão: “eu contribuo de alguma forma para um mundo corporativo doentio?”
Reconhecer que suas atitudes podem influenciar a saúde mental dos colaboradores
já é um primeiro passo para fazer uma mudança com foco na solução, e não no
problema. Todos precisam entender que as relações de trabalho, a divisão de
tarefas, o estilo de liderança, a comunicação interna, a disponibilidade de
recursos e a organização dos processos são fatores que influenciam diretamente
na saúde mental dos funcionários e podem ser decisivos na produtividade da
empresa.
Em parceria com a área de recursos humanos, os
líderes empresariais devem estar sempre atentos aos problemas e às reclamações,
ouvindo verdadeiramente o que os colaboradores têm a dizer. Estabelecer uma
comunicação clara e transparente é importante para criar uma relação de
confiança. Reconhecer as conquistas da companhia
e incentivar a participação de todos são maneiras de evitar o estresse e, ao
mesmo tempo, criar um espaço aberto para sugestões e novas ideias. Uma empresa
que valoriza seus colaboradores e incentiva novos talentos é menos impactada
por problemas de saúde mental e, ainda, tem mais chance de contar com pessoas
felizes para obter uma grande vantagem competitiva.
Claudia Santos - especialista em
gestão estratégica de pessoas, coach executiva e diretora da Emovere You (www.emovereyou.com.br).
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