Quando procurar o médico para saber sobre infertilidade? Como
diagnosticar esse problema? Existe prevenção dessa doença? De quem é a culpa,
da mulher ou do homem? Quais os exames direcionados para quem tem problema de
engravidar? Essas e outras dúvidas rotineiras são respondidas com uma linguagem
bem didática pela ginecologista e obstetra Dra. Carla Iaconelli. A especialista
em medicina reprodutiva acaba de preparar um guia prático com perguntais e
respostas para o casal realizar o sonho de ter um bebê. Confira:
Quais são os exames para diagnosticar a Infertilidade?
Dra. Carla Iaconelli: Após a consulta com anamnese e análise
física, o especialista poderá solicitar exames para identificar a causa da
infertilidade e iniciar um tratamento. Os principais exames são:
Para o casal: Tipo Sanguíneo e fator Rh
Cariótipo: avalia os cromossomos, o risco de aborto e malformações
para o feto;
Sorologias: HIV, HTLV, sífilis, hepatite B e C, Zika vírus e IgM.
Para mulheres: FSH/LH e estradiol: do 2º ao 5º dia do ciclo – avalia a reserva
ovariana e auxilia no diagnóstico de SOP e falência ovariana;
Hormônio anti-mulleriano: auxilia no diagnóstico de baixa reserva
ovariana;
TSH, T4 livre;
Prolactina;
Ultrassom pélvico transvaginal com contagem de folículos antrais;
Histerossalpingografia.
Existem outros exames específicos, como a histeroscopia
diagnóstica, ressonância magnética de pelve, ultrassonografia transvaginal com
preparo intestinal, entre outros, que serão solicitados ao longo da
investigação, se o especialista julgar necessário.
Para homens: Espermograma.
Existem outros exames específicos, como o ultrassom de bolsa
testicular com doppler, fragmentação do DNA espermático e microdeleção do cromossomo
Y que analisam a fertilidade. Caso seja necessário para o casal em questão, o
urologista especialista em reprodução humana solicitará.
Quando considerar a Infertilidade?
Dra. Carla Iaconelli: A infertilidade caracteriza-se pela
ausência de gravidez após um ano de vida sexual ativa, sem o uso de métodos
contraceptivos. Dessa forma, se após um ano de tentativas o casal não alcançar
sucesso na gravidez, deve avaliar as causas da infertilidade junto aos
especialistas, analisando as chances do casal e se necessário considerar
tratamentos.
Para os casais em que a mulher tem 35 anos ou mais, o prazo reduz
para seis meses de tentativas. Alguns estudos apontam que casais com
infertilidade sem causas aparentes, em que a mulher tem idade superior a 30
anos, a probabilidade de gestação cai para 9% para cada ano, além de cair 2% a
cada mês adicional, quando a infertilidade do casal persiste após três anos e
meio. Supõe-se que 1 a cada 7 casais em idade reprodutiva apresentará
dificuldade para engravidar.
Quais são as principais causas da Infertilidade:
Dra. Carla Iaconelli: os principais indicativos de
infertilidade feminina são:
· Idade:
a partir dos 35 anos, as chances de uma mulher engravidar caem de forma
expressiva e, continuam diminuindo até os 45 anos, quando a taxa mensal se
aproxima do 0%;
· Endometriose:
o útero é coberto internamente por um tecido chamado endométrio, que cresce a
cada mês e é eliminado durante a menstruação. O que caracteriza a endometriose
é a formação de cistos e nódulos deste tecido, fora do local correto;
· Ovários
policísticos: pequenos folículos (microcistos de até 10mm) que surgem nos
ovários, associados a menstruação irregular e a alta produção de hormônios
androgênicos (masculinos);
· Causas
tubárias: a obstrução tubária impede a captação e o transporte do óvulo, de
forma que não há possibilidade de sua fertilização pelo espermatozoide;
· Problemas
na ovulação: ovulação irregular ou ausência de ovulação;
· Doença
Inflamatória Pélvica (DIP): infecção causada por bactérias e micro-organismos
que atingem o útero, tubas e ovário;
· Sinéquias
uterinas: tecido cicatricial fibroso interno como resultado de cirurgia, lesão,
inflamação, infecção ou tratamento com radiação.
Já os principais indicativos de infertilidade masculina, segundo
Dra.Carla, são:
· Idade:
os espermatozoides começam a perder motilidade com o passar dos anos;
· Problemas
na produção de espermatozoides: quantidade de espermatozoides baixa e/ou com
déficit funcional;
· Bloqueio
de transporte do sêmen: quando existem obstruções nos túbulos que conduzem o
espermatozoide dos testículos para o líquido que será ejaculado;
· Problemas
hormonais: a baixa produção de hormônios pode afetar os níveis de testosterona
nos testículos e causar a baixa produção de espermatozoides;
· Problemas
sexuais: estão ligados à disfunção erétil ou a ejaculação e podem dificultar a
entrada do sêmen para o trato urinário feminino;
· Doenças
Sexualmente Transmissíveis (DSTs): infecção pelo HPV, HIV, hepatite B, clamídia,
gonorreia, entre outras. Algumas possuem fácil tratamento, já outras exigem
tratamentos mais longos;
· Criptorquidia:
ocorre quando o menino nasce com os testículos dentro do abdome, fora da bolsa
testicular;
· Varicocele:
é uma deficiência das válvulas nas veias do canal espermático, encarregadas
pelo fluxo de sangue do órgão masculino.
Existe prevenção da Infertilidade?
Dra. Carla Iaconelli: As recomendações para prevenir a
infertilidade são muito parecidas em ambos os sexos. No caso dos homens é necessário
evitar a exposição a produtos químicos prejudiciais, evitar o tabagismo, álcool
e infecções sexualmente transmissíveis. Eles também devem evitar o estresse
térmico de roupas íntimas apertadas e esteroides anabolizantes, pois podem ser
prejudiciais para a produção de esperma.
Já a mulher que deseja engravidar deve antes de tudo ter um estilo
de vida saudável, sem abuso de álcool, sem tabagismo ou uso de drogas, uma
alimentação balanceada, estar dentro do peso ideal, fazer exercícios físicos
regularmente, ter um acompanhamento médico, tratar doenças preexistentes e
fazer check-up ginecológico anual, além de ter sua saúde bucal em dia.
Quais são os tratamentos para Infertilidade?
Dra. Carla Iaconelli: os principais tratamentos de
reprodução humana utilizados para a infertilidade são o coito programado ou
relação sexual programada, indicado para mulheres que têm problemas na
ovulação; inseminação intrauterina, para o homem que tem uma alteração de leve
a moderada no sêmen; fertilização in vitro (FIV) que é indicada para diversos
problemas, entre eles, as alterações tubárias, endometriose, baixa qualidade
dos óvulos e alterações importantes do sêmen.
Para mulheres que sofrem com a Síndrome dos Ovários Policísticos,
por exemplo, pode ser indicado o uso de medicamentos, dessa forma é realizada a
indução da ovulação.
“O tratamento cirúrgico é indicado em casos de miomas, pólipos ou
malformações uterinas, alterações tubárias corrigíveis e endometriose. O
procedimento geralmente é minimamente invasivo utilizando as técnicas de
laparoscopia e a histeroscopia. Já para os homens a indicação é feita em casos
de varicocele, para realizar a reversão da vasectomia ou quando não há
espermatozoides no sêmen ejaculado (azoospermia)”, finaliza a ginecologista e
especialista em medicina reprodutiva.
Dra. Carla Iaconelli
- Formada em Medicina no ano
de 2006 pela Faculdade de Medicina de Santo Amaro;
- Especializada em Clínica Médica pelo Hospital do Servidor
Público Estadual (HSPE);
- Especializada em Ginecologia, Obstetrícia e Mastologia no
Hospital da Beneficência Portuguesa de São Paulo;
- Pós-graduada em Reprodução Humana Assistida pela
Associação Instituto Sapientiae
- Pós-graduada em Ginecologia Minimamente Invasiva pelo Instituto
Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa do Hospital Sírio-Libanês;
- Especialista em Ginecologia e Obstetrícia pela Federação
Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) e Título de
Capacitação em Reprodução Assistida pela Sociedade Brasileira de Reprodução
Assistida (SBRA).
Em 2014 conquistou o título de Mestre em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
Em 2014 conquistou o título de Mestre em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
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