A obesidade é considerada uma doença multifatorial,
com proporções pandêmicas. De acordo com dados do Ministério da Saúde,
52,5% dos brasileiros estão acima do peso e sofrem de questões relacionadas,
como: hipertensão, diabetes, artropatias, infertilidade e outras. Em geral,
após a realização de cirurgia bariátrica, o próximo passo envolve uma cirurgia
plástica para a retirada do excesso de pele, resultante do intenso processo de
emagrecimento. Para o cirurgião
plástico Roger Vieira, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica
(SBCP) e
da American Society of Plastic Surgeons (ASPS), “a cirurgia
plástica, nesses casos, vai além de remodelar o contorno do corpo. É uma forma
de recuperar a autoestima do paciente e proporcionar sua funcionalidade que,
muitas vezes, ele deixa de ter, com o excesso de pele que o corpo carrega”,
afirma.
Abaixo, ele responde as 10 principais dúvidas sobre
o procedimento reparador pós-bariátrica.
1. Essa enorme perda de peso, associada
ao abdômen que despenca, provoca um desequilíbrio no corpo?
Dependendo do volume do abdômen e da
proporção de pele resultante da perda ponderal, sim! O abdômen despencado é
chamado de avental e, quando muito extenso, pode desviar o centro de gravidade
e atrapalhar o caminhar, além de prejudicar o paciente ao se assentar.
2. Quantos quilos de tecido podem ser
retirados nesses casos?
Em média, retiramos de 4 a 6 kgs,
podendo chegar até 15kgs.
3. Qual o critério adotado para saber o
momento certo de intervir depois que a pessoa fez uma cirurgia de redução
estômago e perdeu peso?
Geralmente, esses pacientes ex-obesos
são encaminhados ao cirurgião plástico pelo cirurgião bariátrico, após
estabilizarem o peso durante o tempo mínimo de 6 meses. Esse peso alvo, quem
estabelece é uma equipe multidisciplinar envolvida na cirurgia do obeso.
4. Quando esses doentes perdem peso e
veem sobrar pele e gordura desse jeito, não ficam ansiosos para retirar essas
massas de tecido?
Esses pacientes vão notando a
significativa melhora em sua qualidade de vida proporcionada pela redução das
medidas durante o emagrecimento. O excesso de pele é o que passa a ser o motivo
de incômodo, gerando essa ansiedade.
5. Que tipo de problemas práticos
causam essa perda significativa de peso e a nova percepção do corpo?
A grande perda ponderal, provocada pela
redução da massa gordurosa, infelizmente não é acompanhada pela retração e
acomodação da pele, que acaba se tornando excessiva e flácida. Esse quadro, em algumas
partes específicas do corpo, produzem as síndromes de excesso de pele. No
abdômen temos o avental, que leva a assaduras e dermatites em dobras, podendo
até prejudicar a higienização das regiões íntimas e até impossibilitar a
prática sexual. Nas mamas, o excesso de pele provoca a dermatite de dobras e a
ptose acentuada das mamas. Nos braços, a pele em excesso prejudica a vestimenta
e a funcionalidade do membro, assim com o excesso nas coxas, que também são
causas de atrito entre as pernas e geram dificuldade de retorno venoso,
favorecendo o surgimento de varizes. Na face, a flacidez resultante se traduz
em rugas que denotam um aspecto envelhecido e triste. Todos esses quadros de
excesso de pele flácida, nessas áreas do corpo, geram um transtorno de auto
percepção e baixa autoestima.
6. Quais os casos em que o obeso pode
ser considerado apto a cirurgia bariátrica?
Os obesos que atendem os critérios para
realização de cirurgia bariátrica, em grande parte são operados. Os critérios
são: ter um IMC> 35 com comorbidades (Hipertensão, Diabetes, Cardiopatias,
Problemas Renais, dentre outros) ou IMC> 40 (sem necessidade de ter
comorbidades). Esses pacientes devem ser acompanhados por equipes
multidisciplinares para o acompanhamento desse processo de emagrecimento.
7. A cirurgia plástica da
obesidade evoluiu muito nos últimos anos, não é?
Evoluiu e vem evoluindo muito. Hoje, a
cirurgia que antes era realizada com corte amplo no abdômen, agora pode ser
feita com auxilio da laparoscopia (através de pequenos cortes que
permitem a introdução de uma câmera e pinças especiais), além do tempo de
cirurgia, que passava de 4 a 5 horas em média, hoje é concluída em 1,5h a 2
horas.
8. Quais são os problemas que uma
pessoa nessas condições enfrenta em seu dia a dia?
A pessoa que convive com o excesso de
pele carrega os estigmas de um corpo e uma imagem que não lhe pertencem mais.
Muitos entram em processo de depressão e afastamento social.
9. Depois do emagrecimento, em média
quantas cirurgias plásticas as pessoas precisam fazer?
Em média, de 4 a 5 novas cirurgias.
Consideremos as mais procuradas, nessa ordem: Abdominoplastia, Mamoplastia com
lifting, Braquioplastia (braços) e Cruroplastia (coxas) além de Lifting Facial.
10. Podem ser associadas várias
cirurgias para a retirada da pele, em diversas regiões do corpo? Como é feito
isso? Quanto tempo deve se aguardar de uma cirurgia a outra?
Cirurgias podem ser associadas desde
que o procedimento cirúrgico não ultrapasse muito o prazo de 6h de duração. As
cirurgias são realizadas com equipe completa, em ambiente hospitalar, seguindo
as normas e protocolos de segurança internacional. Temos uma tendência, hoje,
de realizar a cirurgia plástica em uma região corporal de cada vez, tendo em
vista a segurança do procedimento e visando o conforto do pós-operatório. O
prazo mínimo estipulado é de 4 a 6 meses a cada nova cirurgia realizada.
Dr. Roger
Vieira - Médico
especialista em Cirurgia Plástica pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica
(SBCP) e MEC. Membro da Sociedade Americana de Cirurgia Plástica (American
Society of Plastic Surgeons - ASPS).
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