quarta-feira, 17 de maio de 2017

Transgêneros e os desafios para a inclusão



A psicóloga e coordenadora da pós-graduação em gênero e sexualidade do Instituto de Desenvolvimento Educacional (IDE), Patrícia Amazonas, explica sobre conceitos e transfobia


Cada um carrega em si um grande universo particular, que deve ser respeitado, seja qual for seu conceito. Mas quando os mundos são diferentes, há sempre aquela parte da sociedade que tem dificuldade de aceitar o que vai de confronto ao que culturalmente foi pré-estabelecido. É o caso dos transgêneros, que sofrem com atitudes ou sentimentos negativos em relação a eles, a transfobia, e encaram desafios diários para a inclusão em diversas esferas, como na família e no mercado de trabalho.  

Mas você sabe o que é transgênero? Primeiro, é preciso entender o que é gênero e sexualidade. “Gênero é a construção cultural que determina comportamentos, papéis e valores atribuídos a homens e mulheres em cada sociedade. É a forma de organizar as relações humanas, delineando o masculino e o feminino. As expressões de gênero são plurais, subjetivas e temporais. Ou seja, conceito de gênero se refere a padrões de masculinidade e feminilidade construídos social e culturalmente”, explica a psicóloga e coordenadora das pós-graduação em gênero e sexualidade do Instituto de Desenvolvimento Educacional (IDE), *Patrícia Amazonas.

Já sexualidade é um fenômeno complexo, moldado ao longo da vida, a partir das elaborações que envolvem o eu, a identidade de gênero e sexual, a escolha do objeto e as expressões afetivas e eróticas. A sexualidade é a energia que conduz o ser humano ao prazer, aos desejos e bem-estar. “Ela é um aspecto central da vida das pessoas e envolve sexo, papéis sexuais, orientação sexual, erotismo, prazer, envolvimento emocional, amor e reprodução. A sexualidade envolve, além do nosso corpo, nossa história, nossos costumes, nossas relações afetivas, nossa cultura”, conta a professora.

Assim, nem todo mundo que nasce biologicamente fêmea vai sentir vontade de ser mulher, por exemplo. Ou seja, cada um sente uma forma diferente de ser. Os transexuais, segundo esclarece a psicóloga, são pessoas que o gênero não corresponde ao sexo biológico. “Essas pessoas podem ter dificuldade de aceitar a genitália, sentem um desconforto em ter que corresponder ao sexo, pois sua identidade de gênero, que é uma construção subjetiva, é do outro sexo. A pessoa nasce do sexo masculino, mas se sente internamente feminina, e vice-versa”.

Já os transgêneros são pessoas que vão além das fronteiras do gênero e não o expressam de forma estereotipada. Entre os exemplos, homens femininos e mulheres masculina, os/as transexuais, travestis e pessoas andrógenas. Segundo Patrícia, a própria pessoa ou família pode ajudar a perceber quem não está se sentindo bem com o próprio corpo no comportamento e nas relações sociais. “ A rejeição ao corpo, genitália ou a imagem corporal pode ser o primeiro sinal. Socialmente, as pessoas atentam quando há comportamentos contrários ao que se espera para o gênero que nasceu”.

Sobre a mudança de sexo, a professora de psicologia do IDE explica que deve vir da vontade do próprio paciente. “É o desejo dele que deve ser respeitado. Nos casos em que há um sofrimento exacerbado em relação ao corpo e a genitália, após o acompanhamento psicológico especializado, a mudança é possível”. Mesmo os que passam pela cirurgia, encarar o preconceito da sociedade ainda será desafio. “Penso que, infelizmente, ainda há muita transfobia. Mas também vejo avanços no campo jurídico, legislativo, educacional. Os desafios sociais e relacionais são intensos e vemos isso no crescimento dos embates dos que buscam barrar os avanços, justamente devido a maior visibilidade dos grupos que lutam pela diversidade”, conclui a professora de psicologia do IDE.  





 Patrícia Amazonas - mestre, coordenadora e professora da pós-graduação em gênero e sexualidade do IDE, além de psicóloga clínica e presidente da comissão de orientação e fiscalização do Conselho Regional de Psicologia em Pernambuco.





  
SOBRE O IDE – Com cerca de 5.500 alunos matriculados e 200 turmas abertas, o Instituto de Desenvolvimento Educacional (IDE) surgiu em 2006. Com sede no Recife e unidades espalhadas em sete estados, possui a maior estrutura física, administrativa e pedagógica do Nordeste voltada exclusivamente para cursos de pós-graduação em saúde; tem coordenador pedagógico exclusivo para cada curso, trabalhando para apoiar o aluno nas conquistas pedagógicas e profissionais; e consultor científico/professor particular para aprimoramento do TCC, no sentido de publicação. O IDE proporciona ainda a possibilidade de cursar em forma de curso de extensão até três disciplinas nos cursos das pós-graduações oferecidos, e é também a única instituição, em termos de pós-graduação em saúde, a ter convênio com a Secretaria de Saúde do Estado de Pernambuco para vivências, treinamento e serviços. Mais informações: (81) 3465.0002, 0800 081 3256 e www.idecursos.com.br.

INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL
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