quinta-feira, 18 de maio de 2017

Maio Roxo promove conscientização para o Dia Mundial da Doença Inflamatória Intestinal



Data reforça a importância de alertar a população sobre a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa, que acomete principalmente os jovens entre 20 e 30 anos de idade


O dia 19 de maio marca o Dia Mundial da Doença Inflamatória Intestinal.  A data serve de alerta para a propagação da campanha Maio Roxo, na qual diversos locais do Brasil serão iluminados como forma de chamar a atenção da sociedade, instituições e governo para a conscientização e melhoria na qualidade de vida de pacientes portadores da doença de Crohn e retocolite ulcerativa.

Ainda muito pouco conhecida por grande parte da população e de difícil diagnóstico, a doença de Crohn é uma doença inflamatória crônica do trato gastrintestinal, que afeta predominantemente a parte final do intestino delgado (íleo) e intestino grosso (cólon). Os principais sintomas da doença são diarreia, cólica abdominal, febre e por vezes sangramento retal. Também pode ocorrer perda de apetite e perda de peso.  Até 80% dos pacientes internados com doença de Crohn podem apresentar algum déficit nutricional. O estado nutricional está diretamente relacionado com a gravidade da doença e sua piora pode contribuir para a deterioração da imunidade e, por isso, a nutrição adequada torna-se tão importante para a recuperação de pacientes diagnosticados com a doença, já que contribui para a correção das deficiências nutricionais e controle da inflamação. A terapia nutricional também é útil no preparo dos pacientes que eventualmente precisem de cirurgia.

Os medicamentos disponíveis no mercado combatem a inflamação intestinal e podem promover a remissão clínica e endoscópica da doença inflamatória intestinal. Em crianças e adolescentes com doença de Crohn a terapia nutricional exclusiva é uma grande arma contra a inflamação intestinal. Nos adultos, a terapia nutricional, geralmente suplementar, configura importante medida adjunta no tratamento da doença inflamatória intestinal. Todas essas medidas contribuem para a recuperação do estado nutricional, reduzem a inflamação intestinal e ajudam a controlar os sintomas, porém, não curam a doença, que ainda tem causa não totalmente esclarecida.  Ao contrário da doença de Crohn, em que todas as camadas da parede intestinal estão envolvidas e na qual pode haver segmentos de intestino aparentemente normal entre os segmentos de intestino doente, a retocolite ulcerativa afeta apenas a camada mais superficial (mucosa e, eventualmente, a submucosa) do intestino grosso. Ela costuma manifestar-se com diarreia com sangue e muco (catarro). Tanto na doença de Crohn quanto na retocolite ulcerativa podem existir manifestações extraintestinais tais como aftas orais, artralgia e artrite, inflamação nos olhos e na pele.

De acordo com Adérson Damião, médico gastroenterologista da USP, a doença tem aumentado consideravelmente no Brasil nos últimos 25 anos, especialmente entre jovens de 20 a 30 anos, de ambos os sexos. Segundo o especialista, o número de pacientes acompanhados no Hospital das Clínicas de São Paulo na década de 80 se aproximava de 150 casos. Hoje o hospital já registra mais de 3.400 casos na faixa dos 30 anos de idade, o que demonstra a importância do alerta sobre a doença.

“O diagnóstico correto pode levar até dois anos e, por isso, toda a classe médica, não só os gastroenterologistas, mas os coloproctologistas, cirurgiões e clínicos gerais precisam estar alertas para o diagnóstico precoce da doença inflamatória intestinal e tratá-la adequadamente, evitando assim complicações da doença. Não há como prevenir a doença, mas estamos caminhando para isso”, afirma Damião.

Há diversos grupos de estudo e associações científicas nacionais, tais como a ABCD (Associação Brasileira de Colite e doença de Crohn) e o GEDIIB (Grupo de Estudos da Doença Inflamatória Intestinal do Brasil) que estão empenhados em obter dados de incidência e prevalência da doença inflamatória intestinal no Brasil. Segundo Damião, que faz parte de um destes grupos (GEDIIB), os estudos feitos em várias partes do país têm revelado que a doença inflamatória intestinal tem aumentado em frequência de maneira geral, principalmente no Sul e Sudeste (provavelmente por influências étnicas) e que, ao contrário de outras partes da América do Sul, há tendência para maior número de casos de doença de Crohn do que de retocolite ulcerativa.

Fatores ambientais, dieta “ocidental” (em contraposição ao padrão oriental considerado mais saudável, como no caso da dieta do Mediterrâneo) e suscetibilidade genética estão entre as possíveis causas para o aumento da doença inflamatória intestinal ao longo dos anos. 






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