As perspectivas sobre câncer são
objetivas quando destacam a importância da prevenção: quanto mais cedo a
descoberta do tumor, mais chances de cura da doença. Porém, a fase avançada da
doença enfrenta grandes tabus. O motivo para o alerta são as taxas de mortalidade
da doença, que é responsável por uma em cada seis mortes no mundo, segundo os
dados divulgados em 2017, pela Organização Mundial da Saúde¹. A entidade aponta
que, mesmo com o aumento de rastreamento, no Brasil, os casos de óbito
aumentaram 30% entre 2000 e 2015 no País².
O grande desafio do tratamento do
câncer é a detecção do tumor antes da migração das células cancerígenas pelos
vasos sanguíneos ou vasos linfáticos para outras áreas do corpo, processo
conhecido como metástase. Segundo o médico, Gilberto Amorim, membro da
Sociedade Brasileira de Oncologia, este processo muitas vezes acontece antes
dos primeiros sintomas da doença. “O câncer é uma doença silenciosa em seus
estágios iniciais, é comum que a metástase acabe dando os sintomas críticos,
que fazem o paciente buscar ajuda médica e descobrir a doença, mesmo que
tardiamente’”, explica o oncologista.
Um exemplo é o câncer de mama, que é o
tipo de câncer mais comum entre as mulheres, depois do câncer de pele não
melanoma. Apesar de se atentar aos sintomas devidamente divulgados nas
campanhas de conscientização, Amanda da Silva Santos Pinto, de 37 anos, do Rio
de janeiro, descobriu a doença devido a dores que sentia nas costas. Ao
consultar o médico descobriu que estava com duas vértebras por conta da
metástase óssea de um tumor na mama HER2 positivo, responsável por 15%-20% dos
diagnósticos de câncer de mama. “Quando descobri a doença, entre 2013 e
2014, acabei fazendo tratamento em três lugares diferentes, na coluna, bacia e
seio. Tinha um filho de cinco meses e um de 10 anos, foi muito difícil, mas há
mais de um ano parei o tratamento para fazer manutenção e tenho uma rotina
comum”.
O controle da doença da Amanda
aconteceu por meio do sistema privado, por meio de terapias individualizadas
focadas no câncer metastático. Com o avanço da medicina, os casos avançados de
câncer deixaram de ser uma sentença de morte. Contudo, muitas vezes, os
tratamentos adequados não estão disponibilizados no sistema público de saúde.
“Há terapias inovadoras para o tratamento da metástase, mas as burocracias para
chegar no paciente no momento certo são muitas e esse é uma barreira que
aumenta a taxa de mortalidade ou a perspectiva de maior sobrevida. É importante
ampliar o acesso, vidas estão sendo ceifadas precocemente”, afirma Dr.
Amorim.
No caso do câncer de mama, a metástase
é comum em órgãos como cérebro, fígado, osso e pulmão e depende do tamanho e
localização do novo tumor para que hajam sintomas. Há também casos em que,
quando a metástase é encontrada, após o término do tratamento, é considerado
recidiva à distância, que acontece quando células cancerosas que se desprendem
do tumor primário e sobreviveram ao tratamento.
O oncologista ressalta que, ao contrário da forma de enfrentar a fase metastática no passado, atualmente, já é possível controlar a evolução da doença e promover mais qualidade de vida para essa paciente para que tenha uma rotina o mais normal possível. “ Quem sabe, num futuro próximo, o câncer metastático cada vez mais, possa se tornar uma doença crônica”, finaliza Dr. Amorim.
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