O mundo está à beira de um
abismo. Pela primeira vez, desde a Guerra Fria, se considera como risco real o
início de uma 3ª Guerra Mundial. A instabilidade, econômica e política, se deve
principalmente ao aumento das tensões entre Estados Unidos e Coréia do Norte.
Recentemente, o chefe de estado da Coréia, Kim Jong-un, acusou os governos
americano e sul-coreano de conspirarem para assassiná-lo.
Antes disso, a movimentação
de um porta aviões americano para a Península Coreana foi encarada como uma
provocação de guerra, sendo motivo de troca de ameaças entre as nações.
Poderíamos escrever um livro com as informações sobre cada provocação e manobra
realizadas pelos dois lados. Isso porque, as tensões podem ter se intensificado
nos últimos meses, mas datam de muitas décadas.
A instabilidade se ampliou,
em grande parte, por conta da subida de Kim Jong-un ao poder nos últimos anos e
sua constante atitude provocativa. Para completar o quadro, as eleições norte
americanas colocaram Donald Trump na Casa Branca, e este vem adotando cada vez
mais posturas de incentivo ao conflito, já que ele prometeu “tornar a América
grande novamente” e sua principal indústria é a da guerra.
Basicamente, a cada semana
há uma nova atitude de provocação, ou de um lado ou de outro, todas imprudentes
e que aproximam o mundo de um ponto de ruptura. Não coincidentemente, o início
dos atritos entre Coréia do Norte e os EUA se iniciaram durante a Guerra Fria.
Na época, a Coréia se
dividiu entre do Sul e do Norte, sendo uma parte apoiada pelos EUA e outra pela
extinta URSS. Com líderes extremamente nacionalistas, ambos os lados começaram
uma guerra para dominar sua outra parte e unificar o país, conflito esse que
nunca terminou oficialmente, mesmo que hoje exista um cessar fogo motivado por
receios de conflito com os aliados de cada Coréia.
Graças as mudanças
geopolíticas, a Coréia do Norte se aliou à China, enquanto que a Coréia do Sul
continuou sob proteção norte americana. Com a entrada dos programas nucleares
da Coréia do Norte em cena, as tensões começaram a se ampliar até que nos dias
atuais ameaçam iniciar a guerra nuclear que nunca se concretizou durante o
último confronto entre os dois países.
Apesar desse conflito ter
fatores históricos e muito antigos, a verdade é que os atritos só chegaram a
esse ponto devido a total falta de ética dos atuais governantes de ambas as
nações, algo que não era visto com tamanha proporção, desde a 2ª Guerra
Mundial.
Atualmente, ele é
considerado iminente justamente por causa da soberania de ambos os estados. Como
a lei segue após a ética, ela considera apenas uma parte de uma postura digna.
Quando a lei é criada pelo governo, raramente o governo é provado como
criminoso, e todas as ações, inclusive provocativas para com outras nações, são
consideradas legais e dentro da significância da soberania nacional.
O problema é que essas
nações esquecem de levar em conta que a soberania nacional do outro país também
existe e, por isso, não se pode fazer o que quiser. Na verdade, eles não se
"esquecem", apenas apontam armas nucleares uns para os outros e quem estiver no meio que seja dizimado por uma
guerra pela qual não pediram.
Essa postura, sancionada
pela lei, só poderia realmente ser parada se considerada a ética. A moral
antecede a obrigação legal. A guerra nasce do abandono da moral, pois na guerra
não se presa pela dignidade humana. É somente através da moral que se constrói
a verdadeira humanidade e, quando se abandona isso, a lei é tudo que resta, os
poderosos manipulam a lei a seu favor e o mais forte ganha sobre o mais fraco.
Nos condicionamos ao mesmo patamar dos animais.
Foi em uma carta de Albert
Einstein para Sigmund Freud, dois dos maiores pensadores de todos os tempos,
que houve uma das mais importantes discussões sobre de onde vem a guerra e como
impedi-la. A conclusão de ambos está justamente na aplicação da ética ao
comportamento humano, de forma que ele se reflita no comportamento de uma
nação.
É preciso abrir mão da
liberdade de guerrear, para que haja a liberdade de viver. Ser humano é
utilizar a capacidade de abstração, de evolução, para se libertar do instinto
animal que presa pelo conflito e pelo controle do mais forte e fazer valer a
igualdade advinda de um dos mais importantes instintos humanos, o de amar.
A ética é isso, aplicar
racionalmente o amor à toda uma sociedade, pois se não é possível amar a todos,
já que isso é utópico nesse estágio evolutivo do ser humano, aplicar o amor de
forma racional, através do respeito ao outro, é a prática da moral, é a ética
real.
A humanidade é algo que se
constrói. Ela vem do esforço moral de conviver com o próximo respeitando sua
dignidade. É somente através disso que se pode evitar a guerra. É uma atitude
que começa e se encerra no indivíduo e se espalha para a sociedade à medida que
se constroem humanos melhores.
Se os conflitos
concretizarem uma 3ª Guerra Mundial, o mundo pode realmente regredir a épocas
sombrias, onde a falta de ética pode levar a total perda da humanidade. A
responsabilidade é de cada indivíduo na prática ética cotidiana.
Samuel
Sabino - fundador da Éticas Consultoria, Filósofo, Mestre
em Bioética, e professor na Escola de Gestão da Anhembi Morumbi.
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