Maus hábitos alimentares na infância podem ocasionar doenças e deficiências que se estendem até a velhice
A
desnutrição é um problema atual que está mais perto do que se imagina.
Geralmente as pessoas costumam associar a patologia a países subdesenvolvidos, mas
não é bem assim, apesar da iniciativa de órgãos da saúde e políticas públicas
governamentais em prol da prevenção, o Brasil já apresenta um dos índices mais
altos e preocupantes: um em cada dez brasileiros sofre desse mal. Na infância o
quadro é ainda pior, estima-se que cerca de 150 milhões de crianças no mundo
sejam desnutridas e que boa parte dos casos chegam a óbito.
Há
vários fatores que resultam na desnutrição infantil que pode, inclusive,
começar já na gestação, mas o desmame precoce, uma dieta com poucos nutrientes,
falta de proteínas, vitaminas e minerais, somada a higiene precária dos
alimentos são os principais agravantes do problema. As crianças que sofrem de
carências nutricionais têm seu desenvolvimento físico e mental comprometidos e
podem levar consequências irreparáveis para toda a vida, como deficiências na
aprendizagem, problemas na calcificação dos ossos, problemas de crescimento,
obesidade, entre outros. Para combater esse mal é necessário o empenho da
família com alguns cuidados essenciais que podem fazer toda a diferença.
A importância do aleitamento
Nos
seis primeiros meses de vida do bebê os médicos recomendam que o aporte de
nutrientes para seu desenvolvimento seja feito através do aleitamento
exclusivo. A nutricionista Joanna Carollo, especializada em nutrição clínica,
explica que o leite materno é capaz de atender a todas as necessidades da
criança e garantir tudo o que ela precisa para ser saudável do ponto de vista
nutricional: “A introdução precoce de outros grupos de alimentos é inadequada e
prejudica a biodisponibilidade, ou seja, a utilização dos nutrientes do leite
não é feita completamente pelo organismo, isso pode gerar algumas complicações
e desencadear até quadros de anemia” afirma a profissional da Nova
Nutrii.
Primeira fase requer maiores cuidados
A
desnutrição pode existir em todas as idades, mas a infância é o período da vida
mais suscetível a ela devido a maior necessidade de nutrientes para promover o
avanço constante do crescimento corporal. Nos dois primeiros anos de vida as
crianças são mais vulneráveis, portanto, um cardápio balanceado é fundamental
para garantir sua saúde e desenvolvimento. Além disso, os hábitos alimentares
adquiridos nesse período são determinantes para definir o que será mais
consumido na fase adulta, isso significa que proporcionar um contato maior com
frutas, hortaliças, verduras e outros alimentos nutritivos forma um repertório
de hábitos saudáveis.
“Esse
é o período mais importante para a formação do habito alimentar e preferências
do ser humano. Fatores como a escolha dos alimentos, a frequência das
refeições, a quantidade consumida, o modo de preparo e a higiene dedicada nesse
processo são fundamentais para o sucesso e devem ser realizados com atenção.
Para isso é preciso introduzir alimentos complementares pelo menos três vezes
ao dia, investindo em uma alimentação variada e colorida e evitando os
industrializados, que tem uma relação maior com doenças crônicas como
obesidade, diabetes e doenças do coração” – explica a especialista.
Obesidade infantil e desnutrição
Segundo
relatório divulgado recentemente pela Organização das Nações Unidas para
Alimentação e Agricultura (FAO) em parceria com a Organização Pan-americana de
Saúde (Opas), estima-se que o sobrepeso infantil atinge quase 10% das crianças
menores de cinco anos no Brasil, sendo as meninas as mais afetadas. O documento
foi elaborado com base em dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) e
demonstra um panorama geral preocupante que serve de alerta para toda a
sociedade. O excesso de alimentos processados, fast foods e abuso do sal e do
açúcar, fazem parte da dieta de muitas crianças e poucos pais tem consciência
dos valores nutricionais dos alimentos que seus filhos ingerem diariamente.
De
acordo com a nutricionista a desnutrição não está relacionada a um corpo
extremamente magro como muitos pensam, pelo contrário, atualmente o quadro de
pessoas com obesidade ou excesso de peso que sofrem desse problema vem
aumentando cada vez mais: “Este mal não é exclusivo dos menos favorecidos, que
possuem pouca oferta de alimentos. Hoje em dia, devido a uma alimentação
errada, baseada em calorias vazias, muitas crianças vêm apresentando carência
de nutrientes, mesmo aqueles que possuem sobrepeso podem ter deficiência de
vitaminas e outros micronutrientes essenciais para a formação e desenvolvimento
da criança, portanto é uma fase que exige mais atenção.
Respeite o apetite da criança
Nos
primeiros anos de vida a criança possui uma capacidade mais acurada sobre a
percepção da saciedade, isso porque o leite materno estimula o desenvolvimento
desse controle fisiológico, que é fundamental durante o desenvolvimento
infantil, especialmente na prevenção do excesso de peso e obesidade. Portanto é
preciso respeitar o intervalo entre as refeições, pois o volume que a criança
ingere vai depender do período em que passou sem se alimentar. Se ela for
forçada a comer continuamente ela vai perdendo essa capacidade de percepção de
forma gradativa. Já nos casos em a criança está doente ou convalescente, ela
deve ser estimulada a comer, para isso é preciso ofertar os alimentos de melhor
aceitação em menores proporções e, se o aleitamento ainda estiver sendo feito,
pode ser ofertado em abundância, para que a criança receba o maior aporte de
nutrientes possível.
Boas práticas de higienização
A
higiene é extremamente importante durante o preparo, o manuseio e o
armazenamento dos alimentos, tanto a lavagem e cozimento correto dos
ingredientes, como também a higienização dos utensílios utilizados nesse
processo são fundamentais para eliminar qualquer risco de contaminação. O ideal
também é evitar sobras e preparar somente a quantidade certa para cada refeição,
assim, além de não haver oxidação e desperdícios, ainda é possível garantir um
maior aproveitamento dos nutrientes.
O que não pode faltar
A
desnutrição é caracterizada como um desequilíbrio na oferta de nutrientes ao
corpo, especialmente em relação à falta de um aporte proteico-calórico, que
gera uma defasagem nas reservas de alimentos ricos em proteínas ou energéticos,
seja devido à uma ingestão insuficiente e inadequada, ou causada pela
dificuldade de absorção do organismo. Em ambos os casos é preciso turbinar a
dieta com os alimentos certos para fornecer o que o corpo precisa,
especialmente na fase da infância, na qual alguns micronutrientes requerem uma
atenção especial.
A
nutricionista alerta que: “Alimentos ricos em proteínas, seja de origem vegetal
ou animal não podem faltar no cardápio diário, mas é importante variar entre
eles e combinar tipos diferentes para que o aporte seja completo. Outro grupo
alimentar essencial é o dos carboidratos, em especial os complexos, que
fornecem a energia necessária para a realização de todos os processos
metabólicos do corpo”. Segundo Carollo para a saúde das crianças ainda merecem
mais atenção alimentos que são fonte de ferro (indispensável para o
desenvolvimento físico e psicomotor); zinco (atua no metabolismo hormonal);
cálcio (essencial na formação e fortalecimento dos ossos); e vitamina A (age no
sistema imunológico).
Estimular a alimentação é essencial
A
criança brinca enquanto come ou intercala o comer e o brincar e é importante
incentivar essa prática para que o ato de se alimentar seja sinônimo de prazer
e não de privações. Além disso, é comum que os mais novos se espelhem nos
demais integrantes da família, portanto, se seus hábitos forem ruins, as
crianças podem ser facilmente influenciadas. Estudos que acompanham crianças
desde o nascimento até a idade adulta demonstram que uma criança que se
alimenta bem até os 2 anos de idade, quando for adulta, será mais inteligente
porque é nesse período que o cérebro se forma. Portanto investir em nutrição
desde cedo é investir numa próxima geração, com pessoas saudáveis e produtivas.
Quando a suplementação é necessária?
Algumas
carências nutricionais não podem ser supridas apenas através da alimentação
tradicional, como nos casos de problemas metabólicos ou falta de apetite,
portanto o suplemento
infantil é recomendado como forma de corrigir esses problemas e auxiliar na
introdução dos nutrientes que o corpo necessita para se desenvolver plenamente.
A nutricionista explica que, muitas vezes, a suplementação pode ser uma aliada
poderosa para manter a saúde das crianças em dia: "Eles entram como uma
solução prática e eficaz, pois geralmente possuem uma formulação agradável ao
paladar infantil e servem tanto para dar o aporte nutricional, como para abrir
o apetite, auxiliar no processo de crescimento, controle do peso, entre outros
fatores. Mas é importante lembrar que deve ser feito sob orientação de um
especialista, pois somente ele poderá avaliar as necessidades nutricionais
específicas de cada um.
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