Microcamp cria cartilha e ações de conscientização
para professores, alunos e pais
Um jogo - Blue Whale (Baleia Azul), que já tirou a
vida de dezenas de adolescentes na Europa; uma série - 13 ReasonWhy, e o mesmo
tema polêmico - suicídio de jovens, preocupam educadores
da rede de escolas de informática Microcamp. Tanto o jogo quanto a série
viraram tema de conversa entre seus alunos, e a equipe de coordenação,
preventivamente, planejou uma cartilha onde traça 10 sinais de alerta sobre
indícios de que algo esteja errado com o jovem. Também vai promover palestras
que serão disponibilizadas em todas as suas unidades, com especialistas na
área. As ações serão direcionadas para professores da rede, alunos e pais e
visam orientá-los e conscientizá-los sobre o tema.
O alerta veio de uma das coordenadoras da
Microcamp, Cristiane Brito Farias, da unidade Campos Sales, em Campinas, depois
de ver alunos, no grupo de turmas, postando fotos de jovens com cortes,
mutilações e desafios. “Me chamou a atenção também a naturalidade com que esses
adolescentes e jovens falam sobree mutilação e suicídio”, conta a coordenadora.
Ela lembra o caso de uma aluna que chegou a comentar que tinha vontade de se
suicidar, motivada por brigas com a mãe e incentivada pela série. “A série foi
produzida por um ídolo juvenil - Selena Gomes- ,tem um apelo muito forte, uma
protagonista com o qual os jovens se identificam - a atriz KatherineLangford- e
eles acabam se influenciando.”
Em relação ao Jogo da Baleia Azul, a coordenadora
relata que os alunos estão comentando como se fosse um jogo sem consequências,
sem perigo, “o que acabou nos preocupando também porque são adolescentes com
12, 13 anos”.
Para o coordenador geral de cursos da Microcamp
Helder Hidalgo, que também é psicólogo, o jogo e a série são preocupantes
porque abordam um problema sério no Brasil que é o suicídio de jovens, mas
ainda é considerado tabu e por isso é pouco discutido. Estudos mostram que no
mundo, a morte por suicídio já é mais frequente que por HIV entre os jovens. No
Brasilo número de pessoas que se suicidaram perde apenas para homicídios
e acidentes de trânsito.
“Por estar ligado ao nosso público alvo, que são
adolescentes e jovens que usam frequentemente a internet e gostam de jogos,
esse assunto começou a aparecer entre nossos alunos e como uma rede voltada
para a educação e capacitação de jovens, precisávamos agir rapidamente criando
ações de conscientização para os professores, alunos e pais. Assim, vamos
realizardebates em sala de aula e palestras com especialistas”,explica Hidalgo.
Confira 10 alertas sobre o jogo e a série elaborado
pela equipe de coordenação da Microcamp.
1. Preste atenção
se o jovem sabe do que e trata o jogo e seus perigos. Converse com o jovem
sobre o assunto.Na adolescência
é comum que os pais sejam excluídos da vida social de seus filhos, entretanto,
segundo Helder Hidalgo, coordenador de cursos e psicólogo, é fundamental ter um
diálogo dentro de casa, entender qual é a necessidade do jovem no momento.
“Nessa conversa pode ser percebido um pedido de ajuda”, pondera.
2. Ficar atento ao comportamento dos jovens, prestando
atenção se há alguma mudança significativa. “Jovens comunicativos podem ser tornar quietos,
tímidos. Outros que são calmos podem se tornar ansiosos. É sinal de algo
mudou”, diz o coordenador.
3. Atenção nas atividades dos jovens na internet. Procure saber o que o jovem está acessando, o que
está jogando, com quem, se aceitou convites de desconhecidos. “Pode parecer
invasão de privacidade, mas é um cuidado que pais e educadores devem ter,
principalmente quando se lida com menores de 12, 13, 14 anos que é a maioria de
nosso público, e que são alvo principal dos “curadores” ou seja, pessoas que
controlam o jogo, ressalta Helder Hidalgo.
4. Verificar se o jovem usa manga comprida mesmo em
dia quente. “Esse é um
procedimento comum do jovem para esconder as mutilações”, alerta.
5. Verificar se há marcas pelo corpo. “E se tiver, pergunte o que aconteceu”, diz Helder.
6. Atentar para o
rendimento escolar. Segundo o
coordenador, os pais mas principalmente os professores, podem observar isso e
procurar saber o motivo. “Faltas, desinteresse em sala de aula, notas baixas
são sinais de alerta”, explica.
7. Perceber se há isolamento e sinais de tristeza. De acordo com o coordenador, quando o jovem começa
a evitar a convivência em grupo e prefere ficar só, pode se sinal de problema,
uma depressão, por exemplo. “E a depressão é um importante motivo que leva ao
suicído””.
8. Notar se há agressividade. Segundo o psicólogo, aadolescência é a fase da
contestação, porém, contestar é uma coisa, ser agressivo é outra.
9. Atentar para os temas das conversas dos jovens. “Não só para o tema, mas a forma como o assunto é
tratado. Adolescentes que veem normalidade no ato do suicídio, não é normal “.,
diz Helder.
10.Se notar
alguma alteração, professores e pais devem conversar com o jovem e procurar
ajuda profissional. Para Helder
Hidalgo, fingir que nada está acontecendo, ou que é algo passageiro é o pior
que pode acontecer. “Existem experiências na adolescência e juventude que
acarretam danos para a vida adulta”, observa.
Sobre o jogo
Em Blue Whale (Baleia Azul) adolescentes são
convocados para grupos fechados no Facebook e no WhatsApp, e devem cumprir 50
desafios pré-estabelecidos por curadores, que são pessoas que comandam o jogo.
Entre as tarefas, estão mutilar os braços com facas, assistir filmes de terror
na madrugada e, na tarefa final, cometer suicídio.
Iniciado na Rússia entre 2015 e 2016, o "jogo
da Baleia Azul" (Blue Whale) está supostamente ligado a uma série de
suicídios em todo o mundo. Isso porque ele busca causar danos emocionais aos
participantes.
Sobre a série
"13 ReasonsWhy" (Os
treze porquês) gira em torno de uma estudante do ensino médio, que se mata após
uma série de agressões sofridas dos colegas no ambiente escolar. Antes de tirar
a própria vida, ela grava fitas de cassete explicando para treze pessoas como
elas desempenharam um papel na sua morte e as motivações que a teriam levado ao
suicídio: bullying,
violação da privacidade, assédio, incompreensão, estupro.
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