Com a
popularização dos automóveis próprios no Brasil na década de 1980 e o boom de
crédito nos anos 2000, o que resultou em diversos recordes na venda de carros
no país, a questão do transporte urbano mudou, e muito. Hoje, a locomoção do
ponto “A” ao “B” se tornou muito mais complexa: não apenas o número de usuários
- motoristas, motociclistas e passageiros de ônibus, táxis, metrô e trem -
aumentou de maneira assustadora, mas o caminho percorrido se tornou maior.
Segundo a Confederação Nacional de Transportes (CNT), os automóveis – apesar de
transportarem cerca de 20% dos passageiros – ocupam 60% das vias públicas,
enquanto os ônibus – que transportam 70% dos passageiros – ocupam 25% do espaço
nas grandes cidades brasileiras.
Além disso,
muitos problemas de ordem social e de infraestrutura atrapalham a movimentação
rápida e confortável dos usuário, embora diversas opções de mobilidade urbana
tenham despontado no mercado nos últimos anos.
Diante desse
cenário catastrófico, parece impossível reverter essa situação. O segredo para
melhorar a mobilidade urbana em grandes cidades, como São Paulo, é simples:
adotar o uso inteligente de todas as opções disponíveis no mercado.
Antes de sair
de casa, é importante que o usuário tenha em mente quais os trajetos que serão
feitos no dia e como são as características do entorno do local. Não adianta
excluir opções: ônibus, metrô, trólebus, trem, táxi, aluguel de veículos e
carro próprio são todos bem-vindos e se apresentam como soluções ideais para
mobilidade em casos específicos.
Está saindo do
ABC Paulista em horário de pico para a zona sul de São Paulo onde é difícil
encontrar vagas na rua e o estacionamento é muito caro? Utilizar o trólebus
pode ser ideal: além de não ter que se preocupar com o carro, os corredores de
ônibus garantem uma deslocamento mais rápido. Na volta, é possível pedir um
táxi depois do happy hour, sem maiores preocupações.
Precisa fazer
compras, ir em alguma reunião, ou realizar alguma tarefa pontual? O carsharing,
que é sucesso em algumas cidades europeias e já existe no Brasil, é perfeito.
Além de conferir privacidade e o conforto de um carro próprio, o serviço de um
carro particular é ideal para quem precisa de um veículo por apenas algumas
horas.
Existem muitas
ciclovias e ciclofaixas no entorno do seu local? Então tire a magrela da
garagem e coloque-a para rodar.
Seja por
necessidade ou consideração ao meio ambiente, é visível que a população está
utilizando diferentes meios de locomoção. O metrô, por exemplo, um dos
transportes mais utilizados na capital paulista, mostra essa mudança de
comportamento. De 2015 para 2016, o sistema de metrô perdeu 300 mil passageiros
diários, uma queda de 6,3%.
Em outras
palavras, a ordem é combinar todas as opções para que você possa usufruir da
cidade em que vive da melhor maneira possível, sem a necessidade de ficar preso
a apenas um modelo de transporte. Esse movimento já acontece e caminha a passos
lentos, mas sem dúvida é uma mentalidade que veio para ficar.
Melhor do que
beneficiar apenas uma pessoa, o uso coletivo de vários meios de transporte é
positivo para todos e pode até incentivar a diminuição do tempo gasto na
locomoção, assim como um menor número de veículos na rua, contribuindo para o
meio ambiente.
Felipe
Barroso é fundador - CEO da Zazcar, primeira empresa de carsharing da América
Latina.
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