sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Tempestades de raio aumentam no Brasil durante o verão




Mais de 45% das mortes por raios são registradas entre janeiro e março - veja mitos e verdades sobre o tema


O Brasil é o país com maior incidência de raios do mundo - por ano, uma média de 100 milhões de descargas elétricas rompem o céu e atingem o solo brasileiro, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).  Anualmente, cerca de 100 pessoas morrem em decorrência do fenômeno, sendo que 45% dos óbitos ocorrem no verão.

“Raios são gigantescas descargas elétricas que se “conectam” ao solo. Eles começam a formar nas nuvens situadas de 2 a 10 km de altitude com temperaturas que variam de 0 a -50 °C. Dentro delas existem cristais de água, água líquida e granizo participando de uma atmosfera bem agitada. Correntes de ar ascendentes levam os cristais e a água líquida para cima junto com as cargas positivas. Já o granizo, devido à gravidade, se acumula na parte inferior da formação, ficando com as cargas negativas. O conjunto se assemelha a uma enorme pilha com correntes típicas de 30.000 Ampères, podendo percorrer 5 km até atingir o solo. Um raio pode durar, quando muito, 2 segundos”, afirma Wilson Namen, cientista que, junto de Gerson Julião e Daniel Ângelo, forma o grupo Ciência em Show.

O trio de especialistas já realizou experimentos com raios e garante: estar próximo a uma descarga pode ser fatal. Alguns pensam que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar. Outros dizem que a melhor maneira de se proteger de uma descarga elétrica é permanecer dentro de um automóvel. Para esclarecer os mitos e as verdades - além de ajudar a prevenir acidentes, o Ciência em Show respondeas principais dúvidas e explica os cuidados que devem ser tomados especialmente no verão, onde a ocorrênciade tempestades é maior do que em qualquer outra época do ano.


Mitos X Verdades

Segundo Gerson, a chance de um raio atingir diretamente uma pessoa é de uma em um milhão. “Os acidentes com seres humanos ocorrem quase sempre em locais descampados onde o ponto mais alto do terreno é a pessoa. Existem muitas lendas sobre objetos que atraem raios, tais como espelhos, tesouras, próteses humanas, aparelhos dentários, guarda chuvas, entre outros. Porém, raios quase sempre procuram objetos pontiagudos que estão a menor distância entre o céu e o solo. Se você estiver em um ambiente ao ar livre e começar uma tempestade, a melhor atitude é se abaixar junto ao solo e sair dali o mais rápido possível”, diz o especialista.

Mas, e se você estiver nadando?

Daniel afirma que mares, rios e piscinas são ambientes condutores de eletricidade e que, caso algum raio caia próximo ao seu local de lazer, a eletricidade é conduzida até o banhista, tornando-se potencialmente letal. “ A água pura não é boa condutora de eletricidade, ao contrário do imaginário popular. No entanto, em mares, rios e piscinas existem muitos sais dissolvidos que facilitam a passagem de eletricidade, diz Daniel.

Quando um temporal se aproxima, a melhor atitude a se tomar é entrar em casa ou em alguma edificação para evitar acidentes. “Um carro também é um local seguro para ficar em tempestades de raios porque ele é feito de metal e funciona como uma gaiola protetora. Como toda a pessoa é envolvida pelo material, ela está basicamente dentro de uma cúpula metálica, onde o raio descarrega e pode percorrer com segurança até o solo. Muita gente acha que o pneu do veículo isola tudo, mas na verdade o raio percorre toda a lataria e descarrega diretamente no chão. A borracha do pneu não protege contra raios” explica Daniel.

Em uma tempestade de raios, nunca se proteja embaixo de árvores, pois o local é um potencial alvo e você, consequentemente, também se tornará. No entanto, os cientistas alertam existir riscos de acidentes decorrentes de descargas elétricas mesmo em locais seguros, como dentro de casa.

“Nunca devemos ficar próximos de tomadas ou aparelhos conectados a essas redes em caso de tempestade com raios. Se acontecer um incidente em algum poste, apesar deles possuírem sistemas de proteção anti-raios, eventualmente a sobrecarga pode atingir pessoas que estiverem usando aparelhos como telefones com fio, chuveiros e outros ligados nestas redes. Se precisar urgentemente conversar com alguém, prefira o celular – mas desde que ele não esteja carregando” revela Daniel.

Sobre a lenda de que uma descarga elétrica não pode cair duas vezes no mesmo local, Wil corrige: “O raio viaja na velocidade da luz. Então é possível que dois raios caiam no mesmo lugar sem que a gente perceba. Aliás, se dois raios não caíssem no mesmo lugar, qual seria a necessidade dos para-raios? “.





Sobre o Ciência em Show (www.cienciaemshow.com.br) – Liderada pelos cientistas Wilson Namen, Gerson Julião e Daniel Ângelo, todos físicos formados pela USP, o Ciência em Show existe desde o ano 2000. De uma maneira descontraída, descomplicada e significativa, os cientistas fazem espetáculos científicos para os mais variados públicos, fato que já os levou a ter séries em canais abertos e fechados de televisão, como BBC e Net Geo, entre outros. O Ciência em Show também trabalha na produção de conteúdo para empresas educacionais, por meio de vídeo-aulas e publicações com experiências práticas, além de produzir brinquedos maker.




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