terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Lançamento livro- Dia 25, entre 16 e 20 horas, na Livraria da Vila, Shopping JK






São Paulo em 3D: livro revela a metrópole
sob um novo ponto de vista


As imagens tridimensionais foram captadas em três níveis:
“A visão dos humanos”, “A visão dos Pássaros” e a “A visão dos Anjos”

 

No aniversário de 463 anos de São Paulo, dia 25 de janeiro, a cidade é homenageada com o lançamento de estéreofluxos SãoPaulo, publicação que integra o projeto Energia da Cidade. Com fotos de Marcos Muzi, texto de Gavin Adams e projeto gráfico de Rafael Cotait, o livro busca abarcar a complexidade da metrópole e captar sua essência e sua poesia através de imagens com uma visão tridimensional.  Um óculos 3D vem encartado para esse passeio visual.

O lançamento, aberto ao público, é quarta-feira,dia 25 de janeiro, entre 16 e 20 horas, na Livraria da Vila do Shopping JK (Av. Presidente Juscelino Kubitschek 2041 – Vila Olímpia), com a presença dos autores. O projeto Energia da Cidade é uma produção da Pink Produções, com patrocínio da AES Eletropaulo.

Um novo olhar e diferentes pontos de vista para as camadas da cidade

São Paulo não para. Cresceu sem muita racionalidade. Em sua geografia urbana, várias camadas de desenvolvimento se chocam. Elas são essenciais para se explorar a linguagem 3D. O livro tem como objetivo captar a cidade com profundidade, volume, densidade e emoção.

A tridimensionalidade é alcançada por meio da estereoscopia que segue a um princípio fundamental: o olho esquerdo vê diferente do olho direito. E o efeito tridimensional deriva justamente da diferença entre as duas imagens, que o cérebro processa como espaço tridimensional. Os autores escolheram um método chamado anáglifo para a composição das imagens estereoscópicas do livro. São muitos os métodos de captura e apresentação dessas imagens. O que muda é o modo de fazer essa apresentação corretamente.

As imagens foram obtidas de seis formas e em três níveis para o livro: no nível do chão, a alturas de até 150 metros do solo e a mais de mil metros. “A visão dos humanos”, alcançada em caminhadas pela cidade é o nome do primeiro nível, seguida por “A visão dos Pássaros”, obtida por meio de drones, e a “A visão dos Anjos”, que ofereceu um ponto de vista elevado, vertical, de grande altitude.

Na geografia paulistana, entre edifícios históricos, monumentos e parques, construções e traçados de diferentes períodos convivem na paisagem. Entre os marcos fotografados no livro, estão: Pátio do Colégio, Praça da Sé, Vale do Anhangabaú, Teatro Municipal, Largo São Bento, Estação da Luz, Avenida Paulista, MASP, Estádio do Pacaembu, Auditório Oscar Niemeyer, Oca e Pavilhão da Bienal, no Parque Ibirapuera.

A equipe que produziu estéreofluxos São Paulo vem trabalhando em conjunto ou individualmente, ao longo de duas décadas, com pesquisa acadêmica, fotografia e vídeo estereoscópico. Marcos Muzi é fotógrafo profissional e pesquisa a estereoscopia há várias décadas. Rafael Cotait é designer e videomaker. Dedica-se à estereoscopia e à fotografia panorâmica. Gavin Adams é artista e acadêmico. Faz um pós-doutorado na EACH-USP relacionado à história da estereoscopia.

O ensaio fotográfico realizado por Muzi convida a uma viagem 3D pela cidade sob vários pontos de vista e com registros aleatórios. O texto de Adams coloca São Paulo como um campo de múltiplas visualidades, destacando aspectos históricos e geográficos capazes de revelar algo sobre o funcionamento do olhar dentro de um ambiente em transformação. Além de compor o projeto gráfico, Cotait serviu de consultor estereoscópico em operações de captação. O delicado equilíbrio de variáveis técnicas foi equacionado pelo designer de modo a proporcionar o máximo efeito 3D e excelente visibilidade.



O caminho para as imagens 3D: técnica ancestral ao lado de drones

Apesar do permanente apelo futurista, a produção de imagens tridimensionais é uma tecnologia ancestral e de longa tradição e evolução. A visão 3D é natural e foi captada fora do olho pelos cientistas antes mesmo da imagem fotográfica. Na primeira metade do século 19, o estereoscópio virou uma espécie de “brinquedo filosófico” que intrigava os estudiosos da visão. Em 1839, ano em que o daguerreótipo, precursor das câmeras, chega ao mercado, as experiências com 3D aconteciam nos laboratórios. Depois ela se tornou moeda corrente da evolução tecnológica.

Fotógrafos do passado, como o franco-brasileiro Marc Ferrez, o carioca Militão Augusto de Azevedo ou o suíço Georges Leuzinger, fizeram registros tridimensionais. O Imperador Dom Pedro II, um entusiasta e apoiador da fotografia, deixou no seu fabuloso acervo, hoje acessível na Biblioteca Nacional, muitos registros estereoscópicos. Entre outros fotógrafos ilustres que trouxe para o Brasil, estava o alemão Revert Henrique Klumb, que foi professor da Princesa Isabel. Os óculos 3D com lentes vermelha e azul que surgiram na virada do século 19 para o 20.



A energia da tecnologia e o olhar humano

No primeiro nível, chamado no livro de “A visão dos humanos”, alcançado em caminhadas pela cidade, foram usados dois equipamentos: a câmera estereoscópica RBT 3D X4, construída, nos anos 1990, a partir de duas câmeras analógicas da marca Cosina, e o sistema 3D Hero, que utiliza duas câmeras digitais Go Pro modelo Hero 2.

A RBT Cosina serviu para tomadas externas e seu uso foi fundamental para instantâneos e cenas noturnas que dependiam de captura simultânea. Ela tem duas lentes que tiram fotos simultaneamente, que perfazem o par estereoscópico. No sistema 3D Hero as câmeras são condicionadas dentro de uma caixa que posiciona suas lentes lado a lado, já na posição adequada à tomada estereoscópica. Através de um cabo de sincronismo, as câmaras podem captar vídeos e fotografias a partir de dois pontos de vista simultâneos. Estes pares fotográficos são então processados digitalmente para obtenção de imagens estereoscópicas.

A leitura contemporânea permitida pelo 3D Hero se dá pelo fato de que ele não possibilita visualizar os registros no momento em que estão sendo captados, fazendo da sessão fotográfica uma navegação às cegas sem a certeza do enquadramento ou da precisão do momento exato. Além disso, seu tamanho compacto e extrema portabilidade trazem a possibilidade de ângulos inusitados. O efeito “olho de peixe”, característico da Go Pro, é uma novidade na fotografia estereoscópica. Não parece haver registro de câmera estereoscópica de grande angular na história.

No segundo plano, a “A visão dos Pássaros”, a captação foi feita com um drone Phantom 4. Seus voos chegaram até a 150m do solo, obtendo vistas pouco usuais da metrópole. A distância de captura entre uma tomada e outra alternou entre 50 e 10 metros horizontais, dependendo da altura da câmera e também da distância da cena fotografada. As escolhas da melhor posição foram empíricas. O aparelho subia aos ares e tomava duas imagens em pontos distintos.

Para a composição tridimensional de cenas urbanas distantes do fotógrafo mais de 400 metros, era necessária a obtenção de pares em que a distância entre as duas tomadas fosse superior a da visão humana. Para criar essas condições foram utilizadas as câmeras digitais convencionais Canon 5D Mark II e Canon EOS Digital Rebel XT dispostas a dez metros uma da outra.

No último plano, a “A visão dos Anjos”, que ofereceu um ponto de vista elevado, vertical, de grande altitude, foram usadas imagens fornecidas pela empresa Base Aerofotogrametria captadas com equipamento digital Vexcel Ultra Cam instalado em um avião, e imagens tridimensionais obtidas no Google Earth.

O anáglifo é o método mais prático e acessível, pois não envolve correção de foco, ajustes, lentes ou espelhos. O acesso à tridimensionalidade da imagem é imediato e confortável. A composição anaglífica impressa que vemos na página é na verdade composta de duas imagens sobrepostas, uma totalmente vermelha e outra semelhante totalmente azul. A lente azul apaga a imagem azul e desenha a imagem vermelha como negro/cinza. A lente vermelha apaga a imagem vermelha e desenha a azul como negro/cinza. Assim é obtido o efeito tridimensional e cada olho recebe uma imagem distinta, visualizada na mesma página. Por isso a ausência de cor e o resultado cinza.


Conheça os realizadores
 
Gavin Adams é artista e acadêmico. Faz um pós-doutorado na EACH-USP relacionado à história da estereoscopia. Sua pesquisa gira em torno da visualidade, em particular as tecnologias de imagem tridimensional ao longo da história. Realizou, em conjunto com Marcos Muzi, a exposição SP 3D, em 2004.

Marcos Muzi é fotógrafo profissional e dedica-se à estereoscopia há várias décadas. Atuou como fotojornalista em diversas publicações de prestígio e fundou a empresa Fator Z. Sua pesquisa inclui brinquedos filosóficos e aspectos gerais da óptica, especialmente a estereoscopia. Realizou, em conjunto com Gavin Adams, a exposição SP 3D em 2004.

Rafael Cotait é designer e video maker. Dedica-se à estereoscopia e à fotografia panorâmica.






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