segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Mais tempo em dispositivos digitais significa menos chances de terminar a lição de casa




Estudo descobre relação dose-dependente entre o tempo gasto assistindo TV, jogando videogames ou usando um smartphone e tablet e as chances de uma criança não terminar o dever de casa


Em conclusões que não surpreenderão os pais de qualquer criança em idade escolar, uma nova pesquisa descobre que quanto mais tempo as crianças passam usando dispositivos digitais, menos provável é que elas terminem o dever de casa. No entanto, as consequências vão além do rendimento escolar...

Crianças que passam de duas a quatro horas por dia usando dispositivos digitais, sem contar o uso escolar, têm 23% menos chances de sempre ou geralmente não terminar a lição de casa, em comparação com as crianças que passam menos de duas horas consumindo mídia digital. As conclusões são de um trabalho - Exposição à mídia digital em crianças em idade escolar diminui a frequência de trabalhos de casa -  apresentado durante  a Conferência Nacional da Academia Americana de Pediatria de 2016, em San Francisco, EUA.

Para realizar o estudo, os pediatras da Brown University School of Public Health analisaram o uso das mídias digitais pelas crianças para entender melhor como ele se relaciona com o bem-estar positivo global, que pode ser medido por comportamentos e características, incluindo diligência, a conclusão de tarefas e relacionamentos interpessoais. Eles usaram dados da Pesquisa Nacional de Saúde da Criança 2011-2012 para analisar o uso de mídias e hábitos de casa de mais de 64.000 crianças, de 6 a 17 anos, conforme relatado por seus pais ou responsáveis.

Os pesquisadores descobriram que 31% dos entrevistados estavam expostos a menos de duas horas de mídias digitais, incluindo assistir televisão, usar computadores, jogar videogames, usar tablets e smartphones ou usar outros dispositivos para outros fins que não o trabalho escolar por dia. Outros 36% usavam mídias digitais por duas a quatro horas por dia; 17% eram expostos a quatro ou seis horas; e 17% eram expostos a seis ou mais horas de mídias digitais por dia.

“Para cada duas horas adicionais de uso de mídia digital combinada, por dia, houve uma diminuição estatisticamente significativa na probabilidade de sempre ou geralmente não completar o dever de casa”, afirma o pediatra e homeopata Moises Chencinski (CRM-SP 36.349).

Crianças que passavam de quatro a seis horas usando mídias digitais apresentavam 49% menos chances de nunca terminar sua lição de casa do que aqueles com menos de 2 horas por dia. Aqueles com seis ou mais horas de uso de mídia tinham probabilidades 63% menores de nunca  terminar sua lição de casa em comparação com as crianças que passavam menos de duas horas por dia usando mídia.

Outras consequências...

“Os autores também encontraram uma relação semelhante entre a exposição à mídia digital e outras ações medidas na infância, como completar tarefas que são iniciadas, mostrar interesse em aprender coisas novas e manter a calma quando confrontado com desafios. As tendências permaneceram significativas independentemente da faixa etária, do sexo ou do nível de renda familiar da criança”, destaca o pediatra, que é membro do Departamento de Pediatria Ambulatorial e Cuidados Primários da Sociedade de Pediatria de São Paulo.

Estudos anteriores mostraram uma grande variedade de consequências negativas para a saúde e para os comportamentos em decorrência da exposição à mídia digital. Este estudo acrescenta evidências ao que já é conhecido:  mostra que a exposição à mídia digital está associada à diminuição das medidas de bem-estar geral da criança.

Moises Chencinski destaca que “é importante que pais e cuidadores compreendam que, quando seus filhos estão expostos às várias formas diferentes de mídia digital, a exposição combinada total está associada a diminuições em uma variedade de medidas de bem-estar. A conclusão? O interesse em aprender coisas novas e manter a calma quando desafiado ficam comprometidos. Os pais devem considerar esses efeitos combinados ao estabelecer limites para os dispositivos de mídia digital”.





Moises Chencinski





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