Estudo da Carta de Conjuntura mostra também que o rendimento médio do grupo que se encontra na
faixa mais baixa de renda apresentou uma expressiva recuperação no terceiro
trimestre.
A seção Mercado de Trabalho da Carta de Conjuntura nº 33, divulgada nesta segunda-feira
(19/12) pelo Ipea, mostra queda dos ocupados por conta própria. Até meados de 2016,
o aumento do desemprego, apesar de ter sido substancial, foi atenuado devido ao
fato de muitas pessoas que perderam emprego terem se tornado trabalhadores por
conta própria. A análise de transições no mercado de trabalho revela, contudo,
que essa tendência se reverteu no terceiro trimestre de 2016.
Esse movimento foi acompanhado de uma queda na taxa
de atividade. Analisando-se a taxa de desemprego por meio da comparação
interanual em pontos percentuais, nota-se que a crise continua afetando mais
gravemente justamente esses grupos que tendem a ter desemprego mais elevado.
Entre o 3º trimestre de 2016 e o mesmo período de 2016, o desemprego subiu 6,8
p.p. entre os jovens, enquanto entre os adultos até 59 anos a queda foi de 2,9
p.p..
Já
o rendimento real médio não apresentou um desempenho tão ruim quanto a
ocupação. Registrou um ligeiro aumento de 0,9%, comparando com o trimestre
anterior. Na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, entretanto, o
rendimento real apresentou queda de 2,1% neste terceiro trimestre. Subdividindo
os trabalhadores em 10 faixas de renda, observa-se que o rendimento médio do
grupo que se encontra na faixa mais baixa de renda apresentou uma expressiva
recuperação, tanto na comparação interanual (crescimento de 17,6%), como na
comparação do terceiro trimestre com o segundo (crescimento de 19,8%).
A
queda da massa salarial vinha sendo puxada pelo setor formal, porém, neste
terceiro trimestre, houve uma queda da massa salarial entre os conta própria de
quase R$ 2 bilhões. Devido à continuidade do quadro recessivo e como o número
de admissões ainda não mostra sinais de recuperação, é provável que o nível de
ocupação continue a cair. Se isso resultará em aceleração da taxa de
desemprego, dependerá muito do comportamento da PEA. Caso se mantenha a
tendência de menor ocupação entre os trabalhadores por conta própria, sem que
seja observada uma recuperação das admissões no setor formal, as condições do
mercado de trabalho continuarão a se deteriorar - mesmo que a taxa de
desemprego não se eleve muito.
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