Cardápio
rico neste nutriente é fundamental para minimizar a perda de massa corporal
própria do envelhecimento
Atualmente, a longevidade é um dos grandes
benefícios proporcionados pelos avanços da vida moderna. Contudo, juntamente
com essa conquista surgiram novos desafios: para que a terceira idade seja
vivenciada com qualidade, certos cuidados são essenciais garantir mais
disposição e bem estar àqueles que já passaram da casa dos 60. Neste período,
algumas alterações físicas e metabólicas são naturais e, apesar de consideradas
próprias do envelhecimento, podem afetar a saúde.
Dentre elas, a perda de massa corporal decorrente
do avanço da idade, a sarcopenia, é uma das questões que mais inspira atenção:
com a dificuldade progressiva de manter a musculatura, os idosos devem reforçar
os bons hábitos alimentares e investir numa dieta rica em proteínas para
conseguir minimizar os efeitos dessa síndrome.
O problema é que para muitos deles, consumir a
quantidade ideal desse nutriente pode não ser uma tarefa tão simples: em
virtude das restrições ou pelas próprias preferências individuais, alimentos
como carnes, ovos e leite podem ser deixados de lado deliberadamente,
prejudicando a oferta proteica e a manutenção dos músculos. Entretanto, é
fundamental buscar formas de substituir ou diversificar esses alimentos, uma
vez que eles são essenciais para combater a sarcopenia e garantir mais
autonomia e vigor durante essa fase da vida.
Entendendo a sarcopenia
Uma das decorrências do envelhecimento, a sarcopenia
não é considerada uma doença, contudo, em virtude dos impactos que pode causar
sob a força e independência do idoso, requer uma atenção especial. Como nessa
fase da vida já é comum conviver com outros problemas de saúde, a falta de
vigor muscular e o enfraquecimento dos tecidos pode causar ainda mais
fragilidade no indivíduo, deixando-o mais vulnerável e afetando sua capacidade
de recuperação. Essa degradação natural do tecido muscular começa a ocorrer por
volta dos 40 anos de idade e se acentua progressivamente, chegando a um
declínio de 3 a 8% do volume de massa magra a cada década.
O problema representa um desafio para aqueles que
adentram a terceira idade, pois, além da própria redução da capacidade física
de desenvolver e manter os músculos, existem também outros fatores que podem
estar relacionados à redução da massa corporal. O processo pode ser
intensificado por outras situações, como por exemplo: sedentarismo ou
inatividade muscular (tratamentos longos nos quais o paciente precisa ficar acamado
ou com os movimentos reduzidos); problemas de saúde, disfunções hormonais e,
inclusive, deficiências nutricionais resultantes de uma má alimentação ou da
dificuldade do organismo em assimilar nutrientes. Nestes casos, quando a
síndrome não é fruto somente do envelhecimento, mas é agravada por outros
fatores, dá-se o nome de sarcopenia secundária.
Perda muscular e a dieta
Certamente, durante essa fase da vida é essencial
ter o acompanhamento médico, dessa forma é possível avaliar quais outras
situações podem estar agravando a perda de massa magra. Contudo, independente
deste fator, é imprescindível atentar para uma das questões mais relevantes
quanto à manutenção da musculatura: o aporte de proteínas na dieta. De acordo
com a nutricionista Joana Carollo “Como é essencial para a formação e
regeneração dos tecidos, a proteína é um dos nutrientes essenciais de qualquer
dieta saudável. Porém, na terceira idade, seu aporte deve ser ainda mais
qualificado em virtude da sarcopenia”.
Função da musculatura na terceira idade
Ao contrario do que muitos podem crer, a
manutenção da massa magra não deve ser uma preocupação exclusiva dos mais
jovens. Antes de tudo, é importante compreender o quão importante é a saúde da
musculatura para o envelhecimento saudável: é justamente o sistema músculo
esquelético que protege os ossos, promove força, favorece a resistência física
e permite a flexibilidade dos movimentos. Se essas funções são afetadas,
aumenta-se o risco de quedas e, consequentemente de lesões. Com a diminuição da
massa muscular, tarefas simples do dia a dia começam a se tornar grandes
desafios. Além disso, a redução desses tecidos afeta o metabolismo, a densidade
óssea e agrava outros problemas de saúde. Em resumo, menos massa magra afeta a
independência do idoso e implica numa maior debilidade.
É neste ponto que entra a importância das
proteínas: seu aporte adequado é essencial para minimizar os efeitos da perda
muscular. Isso porque os músculos são feitos, basicamente, deste nutriente, que
também ajuda a formar outros tecidos como pele, unhas e cabelos. Na manutenção
de massa magra, seu aporte tem um papel fundamental: ajuda a regenerar os
tecidos após o esforço físico e contribuir para o processo de anabolismo, ou
seja, crescimento dessa estrutura. Além disso, o consumo de adequado de
proteínas é essencial para evitar o processo contrário: o catabolismo muscular,
ou seja, a degradação da massa magra.
Dieta desequilibrada agrava o problema
Como esta fase é acompanhada de outras
alterações, é bastante comum que muitos idosos excluam alguns itens da dieta,
seja pelo desconforto na hora de comer, seja pelas restrições alimentares
decorrentes de problemas de saúde. O problema é que muitas vezes alimentos
ricos em proteínas são deixados de lado intencionalmente “Em alguns casos,
pessoas com maior dificuldade de mastigação deixam de comer carne ou reduzem
significativamente a quantidade ingerida. Da mesma forma, muitos idosos deixam
de consumir leite pelo desconforto causado pela proteína durante a digestão.
Esses e outros fatores da dieta, como a própria restrição alimentar em virtude
da saúde, pode reduzir consideravelmente a quantidade de proteínas consumidas
no dia a dia, justamente numa fase onde este aporte precisa ser maior.” –
explica a profissional da Nova
Nutrii.
Diante disso, o que fazer para que o consumo de
proteínas seja qualificado e condizente com as restrições individuais de cada
dieta? É fundamental que o idoso tenha um acompanhamento nutricional, para que
um cardápio adequado seja elaborado com base nas suas preferências e
limitações. Não é aconselhável que o indivíduo faca alterações bruscas no seu
padrão alimentar sem orientação médica, pois isso pode implicar no
desequilíbrio da dieta. Outro ponto relevante é que ainda que exista uma grande
variedade de proteínas que podem ser substituídas na dieta, seu grau de
aproveitamento no organismo, pode variar significativamente:
“Existe uma diferença quanto ao valor biológico
desse nutriente: as consideradas de alto valor fornecem ao organismo
aminoácidos essenciais, que não são produzidos pelo organismo e precisam ser
obtidos através da alimentação. Em contrapartida existem as proteínas de baixo
valor biológico, que possuem menos aminoácidos e são menos eficientes no
organismo. Certamente, qualquer proteína é considerada nutritiva para o
organismo, contudo, para o ganho e manutenção de massa, é importante focar em
proteínas de alto valor biológico, pois elas são completas.” Conforme explica
Joanna, as proteínas mais ricas são justamente as de origem animal como carne,
leite e ovos; enquanto as alternativas vegetarianas, embora sejam opções
saudáveis, em geral são de baixo valor biológico, como a soja, lentilha e grão
de bico.
É preciso suplementar?
Diante disso, o aporte qualificado de proteínas é
um tema que requer atenção não somente daqueles que já estão na melhor idade,
mas também daqueles que desejam alcançá-la com mais saúde. Por ser estritamente
individual, a quantidade adequada de proteínas para cada indivíduo deve ser
analisada por um médico, que pode, inclusive, recomendar a suplementação
proteica com base nas restrições alimentares ou na dificuldade de absorção
do nutriente. Especialmente para aqueles que restringem o consumo de
determinadas proteínas ou que tem dificuldade de diversificar o consumo, esses
produtos podem auxiliar na complementação nutricional e, consequentemente, no
combate a sarcopenia. Contudo, é imprescindível buscar orientação
médica/nutricional a fim de determinar qual suplemento alimentar é o mais
adequado para suas necessidades.
Musculatura saudável na terceira idade
Para prevenir e combater os efeitos da perda de
massa, não basta somente investir numa alimentação rica em proteínas. Outros
hábitos saudáveis são fundamentais para reduzir os efeitos da perda muscular.
Investindo neles, é possível enfrentar os sinais do envelhecimento de maneira
mais branda e ainda garantir mais independência e qualidade de vida. Veja quais
atitudes você deve ter para conquistar mais saúde e vigor na melhor idade:
- Pratique atividades físicas: é importante fugir do sedentarismo e manter-se ativo. Praticar exercícios regularmente, respeitando suas limitações e, preferencialmente, com acompanhamento profissional é uma maneira de garantir uma musculatura saudável por mais tempo;
- Tenha uma alimentação balanceada: seguir um cardápio saudável e diversificado é fundamental para fornecer ao organismo os nutrientes necessários para a manutenção da massa magra. Invista em alimentos proteicos, mas não se esqueça dos outros nutrientes essenciais como carboidratos, gorduras boas, sais mineiras e vitaminas;
- Descanse: assim como as atividades extenuantes podem aumentar a degradação do tecido muscular, a falta de descanso também. É durante o sono que os músculos se regeneram, portanto é fundamental descansar bem e dormir pelo menos 8 horas por noite;
- Coma regularmente: procure se alimentar a cada 3 horas. Ficar longos períodos em jejum faz com que o organismo busque outras fontes de energia, recorrendo, inclusive, à própria musculatura;
Fonte: Nova Nutrii
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