quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Gravidez precoce é responsável por mais da metade das internações entre os jovens



Levantamento coordenado pela Dra Maria Helena de Mello Jorge, da Faculdade de Saúde Pública da USP, e divulgado pela Sociedade de Pediatria de São Paulo, durante o X Fórum Paulista de Prevenção de Acidentes e Combate à Violência Contra Crianças e Adolescentes, atestou que 59% das internações em indivíduos com idades entre 15 e 19 anos estão relacionadas à gestação, parto e puerpério. Utilizando dados nacionais extraídos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Ministério da Saúde (MS), foi apresentado no último dia 8, e trouxe à tona também os números de mortes, suicídios e uso de drogas entre os jovens.

De acordo com o Ministério, mais de três milhões de crianças nascem todos os anos no Brasil – 57% delas por via cesariana. Os prematuros e com baixo peso representam 12% e 8,5%, respectivamente, que contabilizam mais da metade das mortes em menores de um ano. Esta é a única faixa etária cujos percentuais de óbitos não apresentam predomínio de acidentes e violências, as chamadas causas externas. Inclusive, de 15 a 19 anos, estas causas respondem por 75% da mortalidade. Já a respeito das internações, ainda englobam razões perinatais, doenças do aparelho respiratório e infecções.


Gravidez precoce
Pesquisa realizada pelo Banco Mundial elencou o Brasil como o 49º país em que as adolescentes mais engravidam – 70 a cada mil garotas de 15 a 19 anos deram à luz em 2013, segundo o estudo. No alto da tabela estão os países principalmente africanos, nos quais é permitido o casamento infantil. Neste ranking, o Níger, onde 71% das mulheres se casam antes dos 18 anos, ocupa o primeiro lugar, com proporção de 205 a cada mil.

Ainda assim, o Ministério da Saúde afirma que o Brasil conseguiu diminuir em 26% os índices de gravidez precoce na última década. Contudo, mesmo com a queda significativa dos números, proporcionalmente, pioramos em relação a outras nações.

Gestante e feto correm mais riscos nestes casos: estão mais sujeitos à pré-eclâmpsia, ao parto prematuro e/ou com complicações; ao bebê com baixo peso; à infecção urinária e vaginal, além da predisposição à depressão pós-parto e à rejeição do filho. Extrapola a área da saúde, com importantes desdobramentos sociais e educacionais, haja vista muitas mães jovens abandonarem a escola.

O levantamento apresentado no Fórum Paulista concluiu que muitas das adolescentes demoram a assumir a gestação, causando o retardo do início do pré-natal. Não somente, há a expressiva realização de cesáreas – 41,6% --, com maior incidência de nascidos vivos de baixo peso. Os números de 2014 apontam que causas ligadas à gravidez, ao parto e ao puerpério levaram 255 meninas a morte, além de serem responsáveis por 560 mil internações no SUS. O aborto representa 7,1% destes óbitos e 6,5% do total de internações.

“É um número alto e assustador. Sabemos que a atividade sexual tem começado cada vez mais cedo; essa questão está bem além da questão de saúde, é de toda a sociedade. As adolescentes não recebem orientações, não são supervisionadas, em muitas famílias faltam vínculos e apoio”, destaca Renata Waksman, coordenadora do Fórum e do Núcleo de estudos da Violência Doméstica Contra a Criança e o Adolescente da SPSP.

Este é um problema global, como denota do relatório divulgado em abril de 2016 pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA): nos países do Cone Sul, uma em cada cinco mulheres serão mães antes de se tornarem adultas.






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