Com
a agressão ao meio ambiente aumentando, as pessoas têm sido afetadas pelos
raios ultravioleta de forma severa. O uso diário de fotoprotetor com fatores
acima de 30 é muito importante para a prevenção do câncer de pele. Mas, em
termos de saúde ocular, muitas pessoas ainda falham ao sair de casa sem
proteger os olhos com óculos de sol. “Esse cuidado relativamente simples pode
fazer toda a diferença na qualidade da visão no longo prazo”, diz Renato
Neves, oftalmologista e diretor-presidente do Eye Care Hospital de Olhos, em São Paulo.
A
exposição aos altos índices de raios ultravioleta provoca degeneração macular –
doença que afeta a parte central da retina, membrana posterior dos olhos onde
as imagens são transmitidas para o nervo óptico. “Como não existe tratamento
eficaz para alterações retinianas, a prevenção ainda é o melhor remédio. Daí a
importância de investir em óculos de sol de boa procedência, com proteção UVA e
UVB nas lentes, e jamais cair na tentação de comprar modelos ‘baratinhos’, de
origem duvidosa”, alerta o especialista.
Neves
afirma que nem o modelo, nem o material importam muito, desde que sejam
confortáveis e o usuário sinta-se encorajado a colocar os óculos de sol sempre
que sair de casa, ainda que o dia esteja nublado ou a pessoa vá sair apenas de
carro. “Por outro lado, a qualidade das lentes é muito relevante, já que a
irregularidade da superfície das lentes de procedência duvidosa pode causar
desconforto visual, dor de cabeça e astigmatismo (deformidade da córnea que torna
a visão desfocada para perto e para longe), entre outros problemas visuais”.
Além
do câncer ao redor dos olhos, a exposição exagerada aos raios solares pode
causar, no mínimo, nove doenças oculares: câncer de pele, câncer da conjuntiva
(membrana mucosa e transparente que reveste e protege o globo ocular),
pinguécula (espessamento da conjuntiva), pterígio (fibrose da conjuntiva),
ceratite (inflamação da córnea), catarata (opacificação do cristalino),
degeneração do vítreo (responsável por manter a forma esférica do olho),
retinopatia solar (queimadura da retina) e degeneração macular (deterioração da
visão central).
De
acordo com o oftalmologista, a fotoceratite implica na queimadura dos tecidos
que revestem a parte externa dos olhos. “Trata-se de um problema muito
recorrente entre pessoas que vão esquiar na neve e se esquecem de proteger a
visão. Também pode acontecer em praias de areia branca, já que o sol é rebatido
em direção aos olhos da pessoa. Vale ressaltar que olhos claros são sempre mais
vulneráveis a esse tipo de ocorrência”.
Outro
problema pouco mencionado é a pinguécula. “Trata-se de lesão amarelada que se
espalha pelo globo ocular e em determinados casos pode se tornar espessa e
incomodar a visão – necessitando de remoção cirúrgica. Assim como o
aparecimento de manchas de pele ou verrugas em decorrência do sol, a pinguécula
é resultado do acúmulo de sol – e, portanto, acomete pacientes depois da
meia-idade”, diz o médico – chamando atenção para o fato de que alguns remédios
e antibióticos também podem deixar os olhos mais sensíveis ao sol. “De modo
geral, alguns remédios têm impacto sobre a visão, como medicamentos usados para
combater a acne, os anti-histamínicos, os corticosteroides, remédios usados no
tratamento de malária, do câncer, de disfunção erétil e doenças na próstata,
entre outros”.
Na
opinião do oftalmologista, além de cuidar preventivamente da saúde ocular e
consultar um especialista sempre que sentir alterações importantes na visão, é
possível fortalecer os olhos através de uma boa alimentação. “Frutas de várias
cores e verduras de tonalidade verde-escuro (espinafre, couve e brócolis, por
exemplo) contribuem para ter boa visão. Elas contêm antioxidantes que protegem
os olhos, reduzindo os danos provocados pelos radicais livres. Ovos, milho
verde, mamão, laranja e kiwi também contêm luteína, substância fundamental no
combate à degeneração macular relacionada à idade. A esses alimentos,
acrescentamos cenoura e abóbora, que também são ricas em vitamina A e contêm
muita vitamina C”.
Neves
recomenda, também, incluir importantes fontes de ômega-3 e reduzir a ingestão
de sódio. “Peixes, castanhas, óleo de linhaça e canola previnem contra a
síndrome do olho seco – tão comum nas grandes cidades e na terceira idade. Vale
lembrar que todas as dietas saudáveis devem incluir grandes quantidades de
frutas, legumes e verduras frescas – que podem ser consumidas ao longo do dia.
A ideia é aumentar a ingestão de vitaminas, minerais, proteínas saudáveis,
ômega-3 e luteína. Com uma alimentação saudável, uso diário de óculos de sol e
visitas regulares ao oftalmologista, é possível enxergar muito bem e por mais
tempo”.
Fonte:
Dr. Renato Neves, cirurgião oftalmologista, diretor-presidente do
Eye Care Hospital de Olhos - www.eyecare.com.br // www.drrenatoneves.com.br
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