Elevação
da temperatura e ar condicionado ligado no último dobra casos de olho seco que
predispõe a outras doenças.
Olhos
vermelhos, sensação de corpo estranho, ardência, coceira e visão borrada são os
sintomas da síndrome do olho seco que está lotando os consultórios. De acordo
com o oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, na
última semana o número de pacientes com sintomas de olho seco dobrou. Não é
para menos. A OMS (Organização Mundial
da Saúde) aponta que a incidência da síndrome salta de 10% para 20% no verão
entre trabalhadores que abusam do ar condicionado em ambientes fechados e sem
ventilação.
Nessas
condições o ar se torna muito seco e até quem tem produção normal de lágrima
pode sentir algum desconforto ocular, afirma Queiroz Neto. O problema,
ressalta, é que a exposição diária ao ar seco pode fazer com que este incômodo
progrida para uma alteração crônica do filme lacrimal. A situação fica pior
ainda para quem trabalha o dia todo no computador. Isso porque, pondera,
piscamos menos e a posição dos olhos falicita a evaporação da lágrima,
O
especialista explica que a síndrome do olho seco é a mudança da qualidade ou
quantidade em uma das três camadas da lágrima – oleosa (externa), aquosa
(intermediária) e proteica (interna). A baixa umidade dos ambientes
refrigerados, observa, provoca a evaporação da camada aquosa. Sem lubrificação,
os olhos ficam mais vulneráveis a inflamações e infecções. Para piorar, dados da OMS mostram que a higiene
precária do ar condicionado facilita a proliferação de vírus, bactérias e
fungos em 30% das empresas instaladas no Brasil.
“É
isso que explica porque a conjuntivite representa uma das principais causas de
afastamento do trabalho durante o verão”, afirma.
Fatores
de risco
Queiroz
Neto diz que o olho seco pode acometer tanto homens como mulheres, mas a
população feminina tem duas vezes mais chance de ter o problema. Isso porque, a
síndrome pode estar relacionada às oscilações no nível do estrogênio durante a
fase reprodutiva e à falta dele na pós menopausa. “Blefarite intermitente
(inflamação da pálpebra) pode ocorrer por falta de testosterona na região
palpebral que interfere no funcionamento da glândula que secreta a lágrima”,
explica.
Além
do ar seco e alterações hormonais aponta como fatores de risco:
Medicamentos
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Descongestionantes,
anti-histamínicos, tranquilizantes antidepressivos, diuréticos, pílula
anticoncepcional, anestésicos, beta bloqueadores, anticolinérgicos.
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Doenças
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Artrite,
lúpus, sarcoidose, Síndrome de Sjögren, alergias e Parkinson
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Lente de Contato
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Hidrofílicas
que se hidratam da lágrima
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Idade
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A partir
de 65 anos nossos olhos reduzem em 60% a produção lacrimal.
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Excesso de lágrima artificial irrita os
olhos
O
único colírio indicado na terapia de olho seco é a lágrima artificial. Ao
contrário do que muitos imaginam não é um medicamento inofensivo. O
oftalmologista conta que alguns pacientes instilam este tipo de colírio até 10
vezes ao dia quando a indicação é de 4 vezes. O excesso provoca irritação por
causa dos conservantes. “Como diz o ditado – a diferença entre veneno e remédio
é a dose”, afirma. Nem a lágrima artificial é só uma “aguinha” e é necessário
analisar a lágrima para indicar o tratamento correto. Para olho seco evaporativo são indicadas
fórmulas mais aquosas. Para deficiência na produção da lágrima, as fórmulas são
viscosas, esclarece.
Quando
a produção lacrimal é prejudicada por blefarite intermitente o tratamento pode
ser feito com um creme que contém testosterona. Em casos de inflamações mais
graves, destaca, pode ser indicada cortisona ou ciclosporina, um supressor
imunológico. A medicação adequada depende sempre da avaliação médica. “Usar
colírio por conta própria pode causar doenças graves como a catarata e o
glaucoma que podem levar à cegueira”, adverte.
O
tratamento de olho seco severo, destaca, pode exigir o enxerto de plugs
provisórios ou permanentes para ocluir o canal da lágrima.
Dicas de prevenção
O
especialista diz que para estimular a produção lacrimal, a recomendação é
evitar o consumo de carne bovina, gorduras e carboidratos. O primeiro passo
para melhorar a lubrificação dos olhos é
beber 2 litros
de água ao dia. A alimentação deve
incluir as fontes de ácidos graxos encontrados na semente de linhaça, óleo de
peixes e amêndoas, além de frutas, verduras e legumes ricos em vitaminas A e E.
Nas
atividades que exigem concentração visual como o uso de computador ele diz que
as dicas são: posicionar a tela 30 graus abaixo da linha dos olhos, fazer pausas
de 5 minutos a cada hora de trabalho e piscar voluntariamente.
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