segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Problemas oftalmológicos também afetam as crianças




Especialista explica como identifica-los

O Programa “Visão 20/20”, visa eliminar a cegueira evitável. A Organização Mundial da Saúde, estima que 32 mil crianças brasileiras sejam cegas. Dentre as principais causas de cegueira e baixa visão evitável na infância, doenças congênitas destacam-se, como toxoplasmose, catarata e glaucoma – além da retinopatia da prematuridade (ROP) e erros refrativos não corrigidos. ROP, catarata congênita e erros refrativos fazem parte do programa da OMS.

Alguns sinais são emitidos e os pais precisam estar atentos. Para melhor compreensão, Rosa Maria Graziano, presidente do Departamento de Oftalmologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo, lista alguns pontos que podem levantar suspeita: “Cefaleia aos esforços visuais; desinteresse pela leitura; aproximar-se dos livros ou da TV; lacrimejar, apertar ou arregalar os olhos para ver melhor; estrabismo; olhos e/ou bordos das pálpebras constantemente vermelhos; e ‘caspas’ nos cílios”.

A criança não precisa falar para informar a visão
A avaliação pelos pais é mais difícil; todavia, a oftalmopediatra dá uma dica. “Podem comparar a sua visão com a do filho com mais de quatro anos, solicitando que identifique placas e prédios distantes, analisando cada olho separadamente”.

Nas mais novas, deve ser observada sua forma de brincar e a reação à oclusão de um dos olhos. Se o olho com melhor visão for tapado, ela chorará e movimentará a cabeça para que o olho seja liberado. A acuidade visual deve ser examinada em cada olho separadamente e variando de acordo com a idade da criança.

“Nos bebês podem ser observados quanto à recusa de oclusão dos olhos, e também quanto ao desempenho em pegar objetos deixados no chão. A partir do terceiro mês de vida, o teste do olhar preferencial pode ser realizado para medir a acuidade visual da criança; nas suspeitas de lesões neurológicas o Potencial Evocado Visual está indicado. Para as crianças pré-verbais usamos as tabelas com figuras familiares como a de Lea Harvering e o ‘E’ e nas crianças alfabetizadas a tabela de Snellen”, explica a médica.

Há casos em que são necessários métodos especiais – para medir a acuidade visual de bebês, crianças pré-verbais ou excepcionais, pode-se usar o Teste do Olhar Preferencial ou Cartões de Teller (CAT), baseando-se na preferência natural das crianças para dirigir o olhar a estímulos estruturados (listras brancas e pretas) quando apresentados simultaneamente a estímulos lisos.

Graziano informa que os Projetos Olho no Olho e Visão do Futuro realizam o exame oftalmológico da criança que cursa o primeiro ano do curso fundamental, geralmente com idades ao redor de sete anos – já próximas a conclusão do desenvolvimento visual. Assim, a dra. Rosa Maria considera “o pediatra um grande parceiro na prevenção da cegueira infantil, haja vista está em contato com crianças e familiares desde os primeiros anos de vida e pode encaminhar precocemente à avaliação do especialista” .

Um dos principais erros é não realizar exames oftalmológicos periodicamente. A prevenção de problemas deve começar no pré-natal, evitando a prematuridade e infecções congênitas, por exemplo. Aliás, identificar alterações precocemente  facilita o tratamento mais acertivo – este, muitas vezes tão simples quanto usar um óculos de grau. “Pode parecer incrível, mas a falta e óculos é uma causa de baixa acuidade visual importante no Brasil e no mundo”, atesta.



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