sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Ônibus e trem são os meios com pior avaliação entre os usuários, revela pesquisa




Levantamento inédito da VAGAS.com em 10 capitais revela como está o grau de satisfação dos brasileiros com o transporte que utilizam para ir e voltar do trabalho


Os usuários de ônibus e trens não andam nada satisfeitos com esses meios de transporte para ir e voltar do emprego. É o que revela levantamento inédito da VAGAS.com, empresa que desenvolve soluções tecnológicas para recrutamento e seleção. A pesquisa mostra que 45% dos usuários de ônibus avaliaram como péssimo ou ruim o meio utilizado. No caso dos trens, a avaliação foi bem semelhante: 44% dos passageiros reprovaram esse modelo de transporte.

O estudo mobilidade para ir e vir do trabalho foi realizado de 16 a 25 de agosto deste ano por e-mail para uma amostra da base de currículos cadastrados no portal de carreira VAGAS.com.br, contemplando 10 capitais brasileiras (São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza, Belo Horizonte, Florianópolis, Recife, Brasília, Salvador, Curitiba e Porto Alegre). O objetivo da pesquisa era entender o comportamento desse público no deslocamento até seu local de trabalho e na volta para casa e o que pensam sobre alguns aspectos importantes de mobilidade urbana. Os 3208 respondentes são, em sua maioria, homens (54%), possuem idade média de 38 anos e nível superior (54%).

“Perguntamos à nossa base qual era o grau de satisfação com os meios de transporte que utilizam para se locomoverem ao trabalho. Os resultados apontaram ônibus e trens com os maiores percentuais de avaliação ruim ou péssima entre todos os meios avaliados, considerando os quesitos infraestrutura, segurança, agilidade, conforto, custo e limpeza. Isso demonstra que ainda há muito o que ser feito e melhorado para que as pessoas tenham um transporte mais adequado em seu deslocamento”, aponta Rafael Urbano, coordenador da pesquisa na VAGAS.com.
 
A pesquisa aponta que Brasília (59%), Recife (57%), Salvador (49%) e Belo Horizonte (48%) foram as cidades que concentraram as piores avaliações (péssimo e ruim) dos passageiros de ônibus. No caso dos trens, foi em São Paulo onde houve maior percentual de péssimo ou ruim (47%). 

Dos passageiros que utilizam o metrô, 38% julgaram o meio como bom ou excelente, 34% regular e 28% ruim ou péssimo. Os veículos com menor capacidade de transporte de usuários foram os que tiveram as melhores avaliações dos respondentes. De acordo com 63% daqueles que utilizam a motocicleta, o nível de satisfação é bom ou ótimo. O percentual de aprovação é elevado também para quem usa o carro (60%), bicicleta (56%) ou desloca-se a pé (46%). 



Ônibus, trem e carro têm as piores percepções
O levantamento procurou saber se piorou, manteve-se igual ou melhorou a percepção de quem utiliza transporte, considerando os quesitos infraestrutura, segurança, agilidade, conforto, custo e limpeza, em relação ao ano passado. Os resultados apontam que ônibus, trem e carro obtiveram os maiores índices de piora: 39%, 36%, e 32%, respectivamente.

O carro obteve sensação de piora em Curitiba (38%) e São Paulo (37%). No caso dos trens, a nota de piora em relação ao ano passado foi baixa em São Paulo (42%). Para o ônibus, a piora foi detectada em Curitiba (55%), Recife (52%), Brasília (51%) e Belo Horizonte (46%).

A bicicleta foi o meio com a melhor percepção de melhoria em relação ao ano passado entre todos avaliados. Obteve 64% de sensação de melhoria. Para quem utiliza carro, a percepção de que melhorou foi registrada em Porto Alegre (30%), Salvador e Fortaleza (29%), Rio de Janeiro (28%).      

“As cidades que investiram em faixas exclusivas ou apostaram em outras frentes tiveram a percepção retratada positivamente nesse estudo. O usuário de transporte consegue detectar rapidamente ações que tragam benefício imediato ao seu dia a dia e repassar essa sensação de forma voluntária e espontânea”, analisa Rafael. 



Carro e ônibus predominam na ida e volta do trabalho
Mais da metade dos respondentes apontou que utiliza carro e ônibus em seu trajeto para o emprego. Os que informaram ir de carro somaram 56%. Desse total, metade confirmou que vai e volta com veículo próprio, 7% de carona e 5% por meio de táxis ou aplicativos, como o Uber. 

Para 52%, o ônibus é o transporte predominante no deslocamento do trabalho. O metrô aparece como terceira opção, com 26%. Ir a pé, 10%. O trem auxilia 9%. As motocicletas transportam 6% e as bicicletas, 4%. 

Entre as capitais, o uso de carro é maior em Curitiba (76%), Brasília (68%) e Belo Horizonte (65%). No caso dos ônibus, a alta adesão foi verificada em Florianópolis (64%), Porto Alegre (62%) e Rio de Janeiro (61%). 


Preferência é por metrô e carro
O estudo investigou o meio de transporte preferido dos respondentes para ir e voltar do trabalho, caso pudessem escolher. Metrô e carro lideraram as preferências, com 30% cada. Na sequência aparecem ida a pé (15%) e bicicleta (11%). Os ônibus representaram 7% e as motocicletas, 4%. Por último, o trem, com 2%. 

“Esses dados mostram que as pessoas desejam utilizar outros meios menos convencionais para cumprirem sua jornada. É preciso que se desenvolvam políticas de incentivo, tanto da iniciativa privada como da pública, para estimular mais a locomoção saudável e sustentável dos trabalhadores. Esse tipo de iniciativa precisa ser ampliado para que as pessoas tenham mais qualidade de vida”, explica o coordenador.


Volta do trabalho é mais demorada
Os respondentes das capitais pesquisadas demoram, em média, uma hora e 43 minutos para ir e voltar do trabalho. O retorno é mais vagaroso: são 56 minutos contra 47 minutos para quem vai para o emprego. Em relação à distância, foi atestada que a mediana percorrida é de 28 quilômetros. 

Os cariocas são os que mais gastam tempo para ir e voltar do trabalho: são duas horas e nove minutos. Os paulistanos vêm logo em seguida: uma hora e 54 minutos. O terceiro posto fica com os mineiros, com uma hora e 31 minutos. 

Quanto à distância, a maior mediana percorrida ficou para os catarinenses, com 31 quilômetros. Os cariocas ficaram com 30 e os recifenses, 29. 

 “Ao cumprir a jornada média de oito horas diárias de trabalho, o trabalhador ainda tem de enfrentar quase duas horas para se deslocar. Isso mostra que as pessoas acabam tendo pouco tempo livre para realizarem outras atividades”, conta Rafael. 


Bicicleta é opção da maioria para deslocamento no trabalho
Meio de transporte consolidado em muitos países para ir e voltar do emprego, a bicicleta aparece com forte opção dos participantes do levantamento para fazer esse percurso, caso pudessem utilizar e com condições adequadas para isso: 63% dos respondentes utilizariam esse veículo se fosse possível. Entre as vantagens mais destacadas, aparecem maneira de fazer exercício (68%), saúde (60%) e redução da poluição (59%). As desvantagens apontadas foram falta de segurança (52%), ausência de estrutura no trabalho (40%) e falta de respeito dos motoristas (26%). Quase que a totalidade (94%) acredita que as empresas não estão preparadas para receber funcionários que pretendem utilizar esse meio.

“É outro apontamento de um desejo de mudança dos funcionários. As empresas precisam estar preparadas para receberem essa demanda. É necessário vestiário, bicicletário e outras intervenções para proporcionar essa alteração. Há uma demanda reprimida”, diz Rafael. 


Nove em cada 10 são adeptos às faixas exclusivas de transporte público
De acordo com o estudo, 90% dos respondentes afirmaram que são favoráveis às faixas exclusivas de transporte público nos horários de pico. Das razões para o apoio, 68% indicam rapidez; 47% melhoria do trânsito e 38% dizem que é um investimento para a coletividade. Para 26%, traz bem-estar à população e em 20% dos casos, qualidade de vida. 

Para os contrários (10%), essas faixas pioram o trânsito (57%), causam lentidão (48%), geram menos investimentos em ruas, pontes e avenidas (35%), é um privilégio para poucos (27%) ou têm como finalidade desvio de dinheiro público (22%).   


Congestionamento e descaso com o transporte público são as principais queixas
Nessa pesquisa foi questionado qual seria o principal problema em relação aos deslocamentos para ir e voltar do trabalho. O quesito recordista de menções foi a quantidade excessiva de veículos, com 34%. O tempo de espera pelo transporte público é o segundo item, com 16%. Depois aparece, com 14%, poucas linhas de metrô e trem. A pequena quantidade de ônibus disponíveis nos horários de pico foi registrada por 13%. A má qualidade de ruas e avenidas é a opção de 12%. Para 3%, poucos corredores de ônibus. E em 2% dos casos, poucas opções de ciclofaixas. 

A quantidade excessiva de carros liderou as queixas em todas as capitais pesquisadas.  O tempo de espera pelo transporte público é o segundo maior problema em Porto Alegre, Florianópolis, Fortaleza e Salvador. As poucas linhas de trens e metrôs são as vice-líderes em reclamações de paulistanos e cariocas. Brasilienses, mineiros e curitibanos apontaram a pouca quantidade de ônibus disponíveis nos horários de pico na segunda posição. A má qualidade das ruas e avenidas veio no segundo posto apenas em Recife. 

“Os engarrafamentos de veículos são o pesadelo dos moradores das grandes cidades. Esse mar de carros causa um desgaste diário enorme e um prejuízo à saúde da população. 

É o principal problema dos trabalhadores para se deslocarem. As dificuldades com o transporte público, como espera excessiva e baixa oferta de linhas de metrô e trem também causam muitos transtornos aos passageiros que necessitam desses meios”, finaliza Rafael.  





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