segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Novembro Azul é papo sério



Câncer de próstata é a segunda maior causa de óbito oncológico no sexo masculino


Apesar dos índices não serem bons, a saúde do homem nem sempre é colocada em pauta. O Novembro Azul vem, justamente, para discutir uma das doenças mais comuns no público masculino: o câncer de próstata. Listada entre as três patologias mais incidentes, a doença apresenta dados alarmantes. Segundo pesquisa realizada pela Coalizão Internacional para o Câncer de Próstata - IPCC, 47% dos homens com a doença em estágio avançado desconhecem e/ou não dão importância aos sintomas. De acordo com a ONG britânica Cancer Care,1,1 milhão de homens são afetados pelo câncer de próstata e a enfermidade provoca 307 mil mortes no mundo, todos os anos. Só no Brasil, o Instituto Nacional do Câncer (INCA)estima um total de 61.200 novos casos/ano.

Recentemente, o ator Ben Stiller, com apenas 50 anos, declarou ter tido a doença. Segundo Stiller, o que o levou a falar sobre o assunto foi, justamente, alertar os homens sobre a necessidade de fazer os exames de prevenção com frequência, para obter o diagnóstico precoce. O ator ainda revelou que, além de não ter histórico familiar da doença, não teve nenhum sintoma antes de saber que estava doente. 

A campanha do Novembro Azul vem, portanto, para alertar sobre a necessidade da prevenção, já que o sucesso do tratamento depende do estágio em que a doença é diagnosticada. “Quando a enfermidade é descoberta cedo, as chances de cura são muito altas, podendo chegar a mais de 90%”, afirma Leonardo Pimentel, radio-oncologista da Radiocare, Centro Avançado de Radioterapia, Hospital Felício Rocho. Segundo o médico, homens a partir dos 50 anos devem discutir com seu médico sobre fazer exames de próstata anualmente. Já aqueles que possuem histórico familiar, devem iniciar o controle a partir dos 45. Aqueles homens que possuem mais de um parente de primeiro grau com câncer de próstata devem começar a serem testados aos 40. “Ainda existe muita resistência em fazer os exames para detectar a doença. Apesar de alguns serem incômodos, o checkup anual é necessário para manter a saúde em dia. Após a primeira checagem e, dependendo dos resultados, a frequência dos testes deve ser discutida com cada um dos pacientes considerando os seus valores pessoais e as suas expectativas”.


Sintomas
O câncer de próstata se manifesta de forma silenciosa, por isso a necessidade da prevenção para que seja descoberto em estágio inicial. “Existem exames que podem ser realizados em pessoas que não possuam indícios ou sintoma da doença, os exames de rastreamento. Como o câncer de próstata usualmente só causa sintomas quando em estágio avançado, somente a prevenção pode detectar a doença de forma mais precoce" afirma o urologista e professor adjunto da Faculdade de Medicina da UFMG, Bruno Mello. Em fases iniciais, a patologia é assintomática. Em estágios mais avançados, o indivíduo pode ter dificuldade para urinar, alterações da frequência urinária e, ainda, ter sangue nas fezes ou urina, ou dores ósseas quando já em situação de metástase (quando o câncer se espalha para outros órgãos).

Diagnóstico
Quando há suspeita do câncer de próstata, seja pelo exame de toque retal, seja pela dosagem sanguínea do PSA (antígeno prostático específico), pode se indicar a biópsia prostática, exame feito sob sedação, guiado por ultrassonografia. Caso se confirme a doença, as alternativas de tratamento devem ser discutidas individualmente com cada paciente, dependendo da agressividade da doença, da idade e da condição de saúde do paciente. “Para essa discussão, o envolvimento de mais de um especialista torna-se interessante, pois dará ao paciente uma visão diferenciada de acordo com a experiência de cada profissional”, opina Mello. “Geralmente os pacientes ouvem a opinião de seu urologista, além de um radioterapeuta e de um oncologista”.


Tratamentos
O tratamento varia de paciente para paciente e depende do estágio da doença, idade, probabilidade de cura e expectativa de vida. Cirurgia, radioterapia e terapia hormonal são os procedimentos mais indicados.

Ao ser detectado precocemente, a observação é um dos procedimentos mais recomendáveis para tumores de características pouco agressivas. Outras opções são a realização da cirurgia ou de radioterapia. Quando optado pela observação, o médico acompanha de perto o paciente para indicar algum tratamento específico, nos casos em que os exames mostrem uma possível piora dos parâmetros do câncer. Para aqueles que descobrem a doença em estágio avançado, cirurgia, radioterapia e hormonioterapia são aplicadas individualmente ou combinadas. Já em fase metastática, o tratamento é feito pela terapia hormonal. “Existem técnicas que, por uma série de fatores, são aplicáveis para alguns e para outros não. Cada organismo reage de uma forma”, assegura Leonardo Pimentel.


Riscos de disfunção erétil e infertilidade?
A maior preocupação masculina é que seja acometido pela incontinência urinária e impotência sexual. Realmente, devido a alguns tratamentos, existe essa possibilidade, por isso a importância do diagnóstico precoce. “Quanto mais cedo ele for diagnosticado, menos agressivo será o tratamento e, logo, menos riscos de ocorrer a disfunção erétil”, orienta Leonardo. Ainda, segundo o especialista, a braquiterapia é um dos recursos que pode ser utilizado para o tratamento da doença e também está entre os que causam menor índice de disfunção erétil, em comparação com a cirurgia. O procedimento é benéfico pelo fato de levar a radiação de forma mais localizada. “É feita uma distribuição de pequenas sementes de iodo radioativo por toda a próstata do paciente, com o objetivo de  erradicá-lo por completo”, conta o radio-oncologista.

A cirurgia, chamada prostatectomia radical, pode ser feita de várias formas. A via aberta, por meio de uma incisão abaixo do umbigo, é a mais tradicional. Mais recentemente, surgiram novas técnicas, minimamente invasivas, de se realizar a prostatectomia: por acesso laparoscópico e acesso laparoscópico assistido por robô (robótica). “São procedimentos que acrescentam, às excelentes taxas de cura da cirurgia, as vantagens de incisões menores: menor tempo de internação, menos dor e retorno mais precoce ao trabalho”, destaca Bruno Mello. Após a cirurgia, deve ser feito acompanhamento do paciente para reabilitação da continência urinária e da função erétil, além do controle do câncer.


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