Filhos
costumam herdar de seus pais o tipo sanguíneo e as características físicas. Mas
também herdam doenças, principalmente as que derivam de mutações na sequência
do DNA, de alterações nos cromossomos e da combinação desses fatores. Entre as
doenças mais comuns que passam de pais para filhos estão: hemofilia, alguns
tipos de câncer, depressão, diabetes, cardiopatias etc. Também problemas bucais
podem ter um componente genético muito importante. É o que diz Artur Cerri,
coordenador da APCD-IESP (Instituição de Ensino Superior e Pesquisa
da Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas).
“Mais
do que a cor dos olhos e o tipo de nariz, a influência dos pais na vida dos
filhos passa inclusive por uma propensão maior de enfrentar alguns problemas
bucais. Ainda que os hábitos das novas gerações sejam melhores – em função da
oferta de informação que temos hoje em dia –, é comum ver jovens enfrentando os
mesmos problemas que seus pais enfrentaram alguns anos atrás. Isso é
especialmente comum no que se refere a cinco problemas de saúde oral:
desalinhamento dos dentes, gengivite, cárie, câncer bucal e fenda palatina”,
diz o cirurgião-dentista.
Cerri
explica que a fenda palatina, popularmente conhecida como ‘lábio leporino’, é
um defeito congênito comum que resulta do mau fechamento do céu da boca ou
ainda do lábio durante a formação do feto. “A descendência dessa criança que
nasceu com fenda palatina terá mais chances de enfrentar o mesmo problema. Mas
sabemos que esse tipo de ocorrência é mais comum em descentes de asiáticos,
latinos e nativos norte-americanos”.
Por
incrível que pareça, cárie e gengivite – que a princípio muita gente pode achar
que são problemas exclusivamente derivados da falta de escovação apropriada –
também têm um forte componente genético. “Pessoas que durante a adolescência e
início da fase adulta enfrentaram muitos casos de cárie devem cuidar para que seus
filhos recebam cuidados especiais desde cedo, como selantes e tratamentos à
base de flúor. Isso sem contar que esse tipo de família não pode espaçar muito
as visitas ao cirurgião-dentista para garantir uma boca saudável e livre de
cárie. Já com relação à gengivite, cerca de 30% da população tem uma
predisposição genética para doenças periodontais, tanto gengiva sensível, e que
sangra com facilidade, quanto inflamações recorrentes. Por isso, diagnóstico
precoce e revisões periódicas são fundamentais para manter a boca
saudável”.
De
acordo com o especialista, também o desalinhamento dos dentes pode ser herdado
de um dos pais. “Quem precisa usar aparelho deve sempre olhar em volta, porque
irá encontrar casos semelhantes entre os parentes mais próximos. A genética sem
dúvida exerce um papel importante na formação dos dentes, em seu tamanho,
espaçamento e disposição. Portanto, se um dos pais teve de corrigir uma mordida
cruzada, por exemplo, não deve se espantar se seu filho apresentar a mesma
tendência. Ao contrário, essa informação deve contribuir para que a família
busque ajuda de um ortodontista desde cedo para acompanhamento”.
Artur
Cerri afirma que por fim, mas não menos importante, o câncer oral também deve
acender um sinal de alerta em toda a família. “É claro que os maus hábitos de
uma pessoa, como fumar e consumir álcool em demasia, são os principais
‘culpados’ pelo diagnóstico de câncer oral. Entretanto, a genética também
exerce alguma influência. Sendo assim, quem teve um parente direto, como pai ou
mãe, que enfrentou um câncer de boca, deve se submeter a um check up
odontológico de seis em seis meses. A prevenção, neste caso, é a palavra-chave
para garantir uma vida saudável”.
Fonte: Dr. Artur Cerri, cirurgião-dentista, coordenador acadêmico e
de pós-graduação Lato Sensu e Extensão em Pesquisa da APCD-IESP – Instituição
de Ensino Superior e Pesquisa da Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas.
http://www.apcdiesp.com.br/
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