quinta-feira, 27 de outubro de 2016

29 de outubro é o Dia Mundial do AVC: saiba mais sobre prevenção e tratamento da doença



Segundo o Ministério da Saúde, mais de cem mil brasileiros morrem todo ano em decorrência de acidente vascular cerebral
90% dos casos podem ser prevenidos através de hábitos saudáveis


Em 2006, a Organização Mundial da Saúde e a Federação Mundial de Neurologia instituíram a data de 29 de outubro como o Dia Mundial do AVC com o objetivo de engajar os profissionais de saúde e o público em geral na luta pela melhora das condições de tratamento e prevenção do acidente vascular cerebral.

O Hospital Santa Paula, referência em neurologia em São Paulo, acaba de inaugurar o Instituto de Neurologia Santa Paula com foco em atendimento de alta complexidade, entre eles o tratamento pós-AVC. O hospital conta com uma unidade de terapia intensiva (UTI) neurológica, equipe multidisciplinar especializada para assistência em todas as fases do tratamento e um ambulatório pós-alta que avalia o paciente com 30 dias, seis meses e um ano.

O Santa Paula possui ainda a certificação da Joint Commission International (JCI) para seu programa de cuidados aos pacientes acometidos por acidente vascular cerebral isquêmico (AVCi). O hospital foi o terceiro na América Latina a receber esta importante certificação.

De acordo com a coordenadora do Instituto de Neurologia do Hospital Santa Paula, Renata Simm, o AVC é uma das principais causas de sequelas no Brasil. “A identificação precoce dos sintomas e o início das medidas terapêuticas são fatores de extrema relevância para o sucesso do tratamento e redução das consequências neurológicas”, afirma.

Para contribuir no aumento da conscientização e acesso às melhores práticas de tratamento, a especialista listou abaixo as dúvidas mais comuns sobre o AVC. Confira:


1 – Como identificar o AVC?
Os sintomas mais comuns são fraqueza ou formigamento na face, no braço ou na perna, especialmente em um lado do corpo; confusão mental, alteração da fala, alteração na visão, desequilíbrio, falta de coordenação, tontura e/ou dor de cabeça súbita e intensa.

2 - O que fazer em caso de suspeita de AVC?
É muito importante que o atendimento seja realizado dentro de um período de no máximo três a seis horas após o início dos sintomas. A eficiência do tratamento depende diretamente da agilidade dos serviços de emergência, incluindo o transporte imediato para o hospital e os serviços de atendimento pré-hospitalar.

3 - Como é feito o diagnóstico?
O primeiro diagnóstico é feito por meio de suspeita clínica, logo na chegada ao hospital, no serviço de emergência. Em seguida são realizados exames de neuroimagem, como tomografia de crânio ou ressonância magnética.

4 – Qual a diferença entre AVC isquêmico e AVC hemorrágico?
O AVC isquêmico ocorre quando há obstrução ou redução brusca do fluxo sanguíneo em uma artéria cerebral. Já o AVC hemorrágico é causado pela ruptura de um vaso, o que leva à hemorragia, e pode ocorrer dentro do cérebro, ou nas meninges. O AVC isquêmico é o mais comum (87% dos casos).

5 – Quem pode sofrer um AVC?
Existem alguns grupos de risco e sua incidência cresce à medida que a idade avança. Quem tem predisposição a problemas cardiovasculares está no grupo de risco, entre eles hipertensos e diabéticos. Fumantes, sedentários, pessoas com dieta rica em gordura e/ou que fazem uso regular de bebidas alcoólicas também têm chances de sofrer um acidente vascular cerebral. O uso de pílulas anticoncepcionais também pode favorecer o surgimento de AVC, principalmente em mulheres fumantes.

6 - AVC deixa sequelas?
Se o paciente demorar mais de quatro horas para receber os primeiros socorros, ele pode ficar com sequelas. As mais comuns são paralisação de um lado do corpo, com espasticidade (contrações involuntárias dos músculos), dificuldade na fala e alteração de memória. O fator fundamental para um bom resultado é o tempo. Quanto menor o tempo entre os sintomas e o tratamento, maiores as chances de recuperação.

7 – É possível prevenir o AVC?
Sim, 90% dos casos de AVC podem ser prevenidos através de hábitos saudáveis, cuidados com a saúde e informação sobre a doença. Fazer exercícios regularmente, alimentar-se de maneira saudável, controlar a pressão arterial e o colesterol, assim como evitar o consumo de cigarros e bebidas alcoólicas são as melhores maneiras de evitar o AVC.

8 – Como tratar o AVC?
O tratamento do AVC isquêmico pode ser realizado com medicamento trombolítico, que possui a capacidade de dissolver o coágulo sanguíneo que está entupindo a artéria cerebral. O medicamento deve ser administrado por via venosa ou cateterismo nas primeiras quatro horas do início dos sintomas. No caso de AVC hemorrágico, o tratamento pode ser cirúrgico ou clínico, depende do volume da lesão, da localização cerebral e da condição clínica do paciente. Um bom programa de reabilitação pós-AVC conta com uma equipe de fonoaudiologia, fisioterapia, enfermagem e terapia ocupacional, que deverá traçar um plano terapêutico individualizado, baseado nas sequelas neurológicas, para garantir a qualidade de vida do paciente.

9 - Por que as mulheres são mais suscetíveis ao AVC?
Seis em cada dez mortes por AVC ocorrem em mulheres porque há diferenças em relação à imunidade, à coagulação, aos fatores reprodutivos, à fibrilação atrial e aos fatores psicológicos. Entre os fatores de risco estão a pré-eclâmpsia, que pode levar ao AVC durante a gravidez ou após o parto, o uso de anticoncepcionais, depressão, enxaqueca com aura e idade avançada.

10 – Jovens podem ter AVC?
Sim, inclusive crianças e recém-nascidos, porém é mais raro. Quanto mais idade tem uma pessoa, maior a chance de ela ter um AVC. 

Reabilitação
A World Stroke Organization, referência global em AVC, escolheu como tema do Dia Mundial do AVC deste ano a campanha: "Encare os fatos. AVC é tratável. Vidas podem melhorar com ação, consciência e acesso".

O Instituto de Neurologia do Hospital Santa Paula realiza o tratamento pós-AVC isquêmico tão logo o paciente tenha condições, já na UTI hospitalar, e envolve uma equipe multidisciplinar. As opções terapêuticas variam entre medicações orais, órteses, tratamento postural e aplicação da toxina botulínica A. O objetivo primordial é que o paciente retome suas atividades diárias da forma mais independente possível.

“Em torno de 20% a 30% dos pacientes que sofreram AVC isquêmico têm como sequela a rigidez dos músculos. O tratamento feito com toxina botulínica A apresenta resultados nos primeiros cinco dias e pode evitar procedimentos cirúrgicos e os efeitos colaterais dos medicamentos”, explica Alexandre Bossoni, neurologista do Instituto de Neurologia Santa Paula.

A toxina botulínica A é um agente biológico que trabalha pontualmente sobre a capacidade do nervo motor do músculo, proporcionando o relaxamento muscular e melhora no movimento das articulações.

A aplicação é feita em segundos com a utilização de uma seringa. Os primeiros efeitos ocorrem na primeira semana e tem maior potencial entre 15 e 30 dias após a aplicação. A validade da toxina botulínica é de seis meses no organismo. Se necessário, é possível fazer a reaplicação após este período.

Para fazer a reabilitação, o paciente passa por uma avaliação fisioneurológica, onde o médico examina a força e o movimento de cada grupo muscular e identifica possíveis necessidades da aplicação da toxina botulínica. A espasticidade é uma sequela comum em pacientes pós-AVC determinada pela rigidez nos músculos. Se não for tratada, pode resultar em as articulações paralisadas e o paciente corre o risco de não conseguir mexer o membro lesionado.

Além do acompanhamento neurológico, o paciente também conta com a atenção de terapeutas ocupacionais e fisioterapeutas, que trabalham em conjunto para garantir que o paciente volte a ter o movimento perdido. 

“Pessoas de qualquer idade podem receber a aplicação da toxina botulínica. É o tratamento mais indicado e pode ser feito várias vezes sem causar efeitos colaterais. A exceção serve apenas para grávidas e pessoas que apresentaram alergias ou infecções após a aplicação. O resultado é garantido quando se tem o acompanhamento de outros profissionais como fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais”, afirma Bossoni.



Hospital Santa Paula
Av. Santo Amaro, 2468 – Vila Olímpia - (11) 3040-8000




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