A OCDE (Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico) reduziu de 4,3% para 3,3% a previsão de queda do PIB
do Brasil em 2016, em sintonia, aliás, com o Boletim Focus, que indicou recuo
de 3,15%. Porém, essa estimativa menos ruim do organismo do qual são
signatárias as nações mais ricas não serve de alívio ao grande contingente de
desempregados de nosso país. No final do ano, serão 12,5 milhões de pessoas sem
carteira assinada.
De todo modo, a projeção menos
pessimista sinaliza novas perspectivas para uma melhora de nossa economia em
2017. No entanto, cabe alertar que os avanços somente irão efetivar-se se o
novo governo cumprir suas metas de redução do déficit público e enxugar a
máquina administrativa, principalmente reduzindo o número de cargos
comissionados.
O quarto trimestre costuma apresentar
uma sensível melhora no comércio, com um pequeno aquecimento da indústria, um
dos segmentos que normalmente empregam mais pessoas, mesmo que por período
temporário. Esse aquecimento sazonal pode propiciar um aumento do consumo e
pelo menos estancar a escalada do desemprego, que hoje assola um número de
brasileiros equivalente à população do município de São Paulo.
Para que haja aquecimento, a redução dos
juros precisa ser considerada, pois a fórmula de combater inflação com recessão
está esgotada e não pode mais ser uma ferramenta única para equilíbrio entre
produção e consumo. É inadmissível uma taxa de juros de 14,25% ao ano, com uma
inflação que resiste no patamar hoje projetado no IPCA-15, de 0,23% em
setembro/2016. A inflação, até setembro, está em 5,9% e em 12 meses, 8,78%, ou
seja, ainda muito distante do centro da meta, que é de 4,5%.
A preocupação agora é com a gestão dos
preços administrados, que poderá ser uma das alternativas para o reequilíbrio
da economia, desde que o governo seja prudente e trabalhe com inteligência. A
simples promessa de redução nos preços do combustível, num momento em que a
Petrobras agoniza e reduz os seus investimentos, não parece ser algo capaz de
impactar de modo expressivo todos os preços dos itens que dependam de
transporte ou produção. O preço internacional do barril de petróleo não esta
favorável a isso e já atinge o patamar médio de US$ 47,62 o barril (valor de 22
de setembro).
A redução do PIB pelo segundo ano
consecutivo, mesmo com viés de recuperação a partir de 2017, não é suficiente
para que os brasileiros desempregados possam voltar a trabalhar no ao novo. O
pleno emprego ainda vai demorar e não depende somente da iniciativa do governo,
mas também da recuperação da confiança dos empresários brasileiros, companhias
multinacionais e dos investidores internos e externos. Um detalhe importante é
que a indústria da construção civil, geradora de mão de obra intensiva e
empregadora de trabalhadores com baixa qualificação, segue andando a passos de
tartaruga, em virtude da falta de investimentos em infraestrutura por parte do
governo e da retração do mercado imobiliário. Estamos ainda distantes da
situação de alguns anos atrás, quando o principal problema na área de RH, num
amargo e irônico contraste com o cenário atual, era a falta de profissionais
com alta qualificação para cargos estratégicos nas empresas...
Reginaldo Gonçalves - coordenador do curso
de Ciências Contábeis da Faculdade Santa Marcelina (FASM).
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