“Ninguém reforma a casa para piorá-la, só para
melhorar. Você pode pensar que não é o momento para reforma das leis
trabalhistas porque temos 10 milhões de desempregados. Mas, se não o fizermos,
vamos para 15 ou 20 milhões”. Assim o ministro Ives Gandra Martins Filho,
presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), fundamenta sua posição
favorável à flexibilização das normas que regem as relações entre empregados e
empresas. Por suas posturas, o ministro alinha-se entre aqueles que defendem a
necessidade de modernizar a famosa CLT, um alentado arcabouço jurídico que data
dos anos 1940 – quando a realidade do mundo e do trabalho era outra, bem menos
complexa e multifacetada. Em contraposição, estão os que veem qualquer mudança
como uma ameaça aos direitos dos trabalhadores, apontando riscos de
precarização.
É no meio dessa polêmica que a
Justiça do Trabalho completa 75 anos, com inegáveis bons serviços prestados ao
País. Mas para se chegar a bom termo no impasse é aconselhável deixar as
paixões de lado e examinar alguns dados com olhar crítico e serenidade. O nó da
questão está em alguns pontos críticos, sempre citados com invocação a uma
temida e possível precarização. Mas, será que, a exemplo de tantas outras
nações desenvolvidas, por exemplo, os acordos coletivos – avalizados por
poderosos sindicatos patronais e de trabalhadores, efetivamente representativos
– não atenderiam melhor às peculiaridades de determinado setor do que uma
engessada e defasada legislação? Tais acordos não resultariam em ganhos para as
duas partes e, principalmente, para a competitividade da economia brasileira?
Hoje, com as instituições
democráticas comprovadamente fortalecidas e atuantes, o Brasil teria,
certamente, condições objetivas para estabelecer um marco regulatório que
garantisse a proteção ao trabalhador e, ao mesmo tempo, assegurasse condições
mais favoráveis para o desenvolvimento da economia. Afinal, como diz com
propriedade o presidente do TST, a meta maior é evitar que, a pretexto de
proteger o empregado, se inviabilize a empresa, a produção e, portanto, o
emprego.
Luiz Gonzaga Bertelli -
presidente do Conselho de Administração do CIEE
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