terça-feira, 6 de setembro de 2016

08 de setembro - Dia Mundial da Alfabetização





Distúrbios na linguagem e a alfabetização 

 Se a criança fala errado, ela tem mais chance de escrever errado e isso pode atrapalhar o processo de alfabetização


No dia 8 de setembro comemora-se o Dia Mundial da Alfabetização, uma data importante para debater o tema em seus diversos aspectos. Nesse contexto, é bom destacar como os problemas de linguagem afetam o aprendizado. A aquisição e o desenvolvimento da fala são essenciais para a compreensão da leitura e da escrita – muitas crianças não conseguem se alfabetizar na idade prevista e possuem sérias dificuldades para acompanhar as atividades em sala de aula porque não compreendem a relação entre o som e a escrita.

Processo de linguagem
Qual pai ou mãe não se emociona ao ouvir o primeiro “papá” ou “mamã” de seu bebê? O aparecimento da fala e da linguagem, entre um e dois anos de idade, é considerado um dos principais momentos do desenvolvimento infantil. A comunicação e a linguagem iniciam-se desde quando o bebê nasce. Em questão de meses as crianças passam de um vocabulário reduzido para um que aumenta em seis novas palavras por dia. As novas ferramentas da linguagem significam outras oportunidades para a compreensão social, para aprender a respeito do mundo e para compartilhar experiências, prazeres e necessidades.

Segundo a fonoaudióloga Raquel Luzardo, especialista em linguagem, é possível prever o que ocorre em cada etapa de aquisição da linguagem por faixa etária:

10 a 14 meses - primeiras palavras do bebê;

18 meses - a fala expressiva possui cerca de dez a vinte palavras concretas;

2 anos -  poderá usar cerca de duzentas palavras;

2 anos e meio - o vocabulário aumenta muito, sendo capaz de expressar sentenças simples;

3 anos - a criança entende a maior parte daquilo que ouve dos adultos, utiliza novas palavras e a linguagem para conseguir o que deseja;

4 anos - já é capaz de pronunciar adequadamente os fonemas de sua língua.

Como analisar um atraso da linguagem?
É muito comum os pais manifestarem alguma preocupação e ansiedade se o filho não diz nenhuma palavra, por volta dos 12 a 15 meses de vida. Será que poderá significar algum atraso? Mais importante do que falar é ter a noção se a criança entende e se faz entender, se interage com os outros ou se, pelo contrário, se isola, e não manifesta qualquer emoção ou entendimento na presença de um adulto ou de outras crianças.

Há diversas razões para um atraso na fala e algumas questões que são importantes para orientar os pais:
  • Costumam falar com a criança?
  • Tentam fazê-la falar ou satisfazem seus desejos mesmo antes de sentir necessidade de verbalizar?
  • Tentam fazer de conta que não a entendem procurando que ela se expresse?
  • A criança não precisa falar para obter o que pretende, já que existe uma certa proteção dos pais ou adultos com quem convive diariamente.
  • Normalmente quando existem irmãos mais velhos a criança não tem necessidade de falar porque eles a entendem e falam por ela.
  • Os pais devem perceber de que modo o filho mais novo comunica com os irmãos, sendo que em grande parte dos casos predomina a linguagem gestual.
Outros fatores
Problemas motores orais – uma criança com alterações motoras na face, boca ou língua, poderá não conseguir articular os sons de modo correto;

Déficit auditivo – o bebê com dificuldade auditiva tem tendência a mostrar-se alheio e apático, revelando atraso no desenvolvimento. Não reage aos estímulos externos quando os pais tentam interagir com ele;

Deficiência mental;

Problemas psicológicos ou psiquiátricos;

Dificuldade isolada da fala – nesta situação a criança não tem qualquer problema associado, mas apresenta um atraso na linguagem quando comparada com outras da mesma idade;

Gagueira - Por volta dos 3 anos, é comum a criança gaguejar, ainda mais se está excitada e ansiosa por contar determinada situação - é como se pensasse mais rapidamente do que consegue falar.

As crianças escrevem como falam
Segundo Raquel, para ler e escrever há um princípio simples: cada fonema (som) corresponde a um grafema (letra). “Se a criança produz um som incorretamente é muito provável que esse erro apareça também na escrita. Por exemplo, se ela fala moLango, ao invés de morango, pode ser que ela escreva morango com "L", já que ela fala dessa forma,", explica.

Quando encaminhar para atendimento fonoaudiológico
  • Quando o padrão articulatório apresentado pela criança não corresponde a sua idade cronológica;
  • A fala apresenta ininteligível;
  • A criança apresenta pequenas trocas, mas que lhe causam grande incômodo;
  • Problemas orgânicos como má-oclusão.
A atuação clínica é fundamental para corrigir alterações de linguagem em geral. "Quando corrigimos problemas na fala, prevenimos na escrita. Da mesma forma, problemas comportamentais também podem ser diminuídos. Quando as crianças aprendem a se comunicar, por exemplo, elas param de bater, chutar, morder, orienta Raquel.

O que fazer para ajudar
  • Não imitar o falar “errado” da criança;
  • Quando ela criança cometer um erro articulatório, dê o padrão correto sem repetir o erro;
  • Não exija uma produção além da esperada para sua idade;
  • Propicie o desenvolvimento da fala, deixando-a que expresse oralmente o que deseja;
  • Não use palavras no diminutivo, por serem semelhantes, dificultam sua memorização.
"No dia a dia os pais encontrarão inúmeras outras atividades para estimular a linguagem dos filhos. É muito importante que estejam ensinando e mostrando sempre coisas novas e, na medida do possível, deixem a criança fazer as atividades sozinha, só o auxílio já é suficiente. Assim como uma plantinha, a criança precisa ser cuidada e 'regada' com amor e carinho", diz a fonoaudióloga.

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