Os avanços da medicina
aumentaram a sobrevida média das pessoas , como conseqüência , cerca de 12% da
população brasileira têm idade superior a 65 anos e o grupo que mais cresce
hoje , é o das pessoas com mais de 80 anos. Segundo dados do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o grupo de idosos de 60 anos ou
mais será maior que o grupo de crianças com até 14 anos já em 2030 e, em 2055, a
participação de idosos na população total será maior que a de crianças e jovens
com até 29 anos. Segundo a Organização Mundial de Saúde, idosa é a pessoa com
65 anos de idade ou mais. A idade é o
principal fator de risco para as doenças cardiovasculares, que são, de longe, a
principal causa de morte na população geriátrica. Atualmente, sabemos que o fator idade não é impeditivo
para a instituição de tratamentos voltados as doenças cardiovasculares, pelo
contrário, esse segmento da população é o que
mais precisa dessas opções terapêuticas.
O coração do idoso:
- O envelhecimento
produz mudanças progressivas na
estrutura do coração. As válvulas
aórtica e mitral se espessam e
calcificam , achados que podem interferir com o seu fechamento normal . Embora
esses fenômenos possam levar à estenose ou estreitamento da válvula aórtica (a
mais acometida entre todas as válvulas cardíacas), não é freqüente o
comprometimento da função da válvula só por estes mecanismos . Nos vasos
sangüíneos, ocorre uma diminuição da elasticidade da parede destes vasos , acarretando uma
maior rigidez . No miocárdio , o número de miócitos (células musculares) diminui , havendo uma
maior deposição de células adiposas (células de gordura). O pericárdio
(revestimeno externo do coração), também se torna mais espesso. O coração , num
todo , torna-se mais rígido.
- No sistema de geração e
condução do estímulo elétrico cardíaco , ocorre uma perda celular , com
substituição por tecido fibroso e gordura . No nó sinusal (marcapasso natural
do coração ), observa-se uma substancial diminuição do número de células
marcapasso ( cerca de 10% em relação a indivíduo saudável de 20 anos de idade )
. Ocorre ainda , uma deposição de tecido gorduroso em volta do nó sinusal ,
podendo levar ao isolamento completo desta estrutura . Esses mecanismos podem
produzir a doença do nó sinusal , uma causa comum de implante de marcapasso em
idosos. O restante do sistema de condução não é exceção , pois também sofre
deposição de tecido de gordura , com perda de células elétricas . Além disto ,
a calcificação do esqueleto cardíaco esquerdo é evidente, podendo alterar a
integridade do sistema de condução .
- A diminuição da
elasticidade da parede das artérias, associadas ao processo de calcificação das
mesmas, fazem com que a pressão arterial sistólica (máxima) aumente
progressivamente após os 55-60 anos de idade. A pressão arterial diastólica (
mínima ) , não aumenta após os 55 anos , por isso , clinicamente passa a não
ter maior importância. O sistema nervoso autônomo , que controla os batimentos
cardíacos e a pressão arterial , torna-se menos eficiente , acarretando maiores
variações da pressão arterial , bem como , espisódios de quedas desta
pressão ao adotar a posição de pé (
hipotensão ortostática ) .
- O processo de
aterosclerose ( formação de placas de gordura na parede das artérias ), por ser
crônico e degenerativo , torna-se mais exuberante em pacientes idosos.
- Em repouso, o débito
cardíaco (desempenho do coração como uma bomba), mantém-se normal. Com a
freqüência cardíaca mais baixa, o aumento no volume sistólico (quantidade de
sangue bombeada a cada batimento) é o responsável pelo débito cardíaco mantido.
Como exercício, a dificuldade de atingir
a freqüência cardíaca máxima, impede que o idoso atinja o consumo máximo de
oxigênio quando comparado a indivíduos mais jovens.
Doenças cardiovasculares
em idosos:
As principais doenças
cardiovasculares que acometem os idosos são: insuficiência cardíaca,
hipertensão arterial, doença arterial coronariana, doenças das válvulas do
coração (estenose aórtica e insuficiência mitral), arritmias cardíacas
ventriculares e supraventriculares e miocardiopatia hipertrófica.
- Insuficiência cardíaca:
é a principal causa de hospitalizações em idosos. Sua prevalência vem
crescendo, a despeito dos avanços da medicina em relação ao tratamento das
doenças cardiovasculares.
- Hipertensão arterial: a
maioria dos idosos é portadora de hipertensão arterial. A diminuição da
elasticidade da parede das artérias, associada ao processo de calcificação das
mesmas, fazem com que a pressão arterial sistólica (máxima) aumente
progressivamente após os 55-60 anos de idade. No idoso comumente observarmos a
elevação isolada da pressão arterial máxima (hipertensão arterial sistólica
isolada). A pressão arterial diastólica ( mínima ) , não aumenta após os 55
anos , por isso , clinicamente passa a não ter maior importância. O sistema
nervoso autônomo, que controla os batimentos cardíacos e a pressão arterial,
torna-se menos eficiente, acarretando maiores variações da pressão arterial,
bem como, episódios de quedas desta pressão arterial, quando o idoso adota a
posição de pé (hipotensão ortostática). Outro achado comum em idosos é o efeito
do consultório (elevação da pressão arterial dos idosos hipertensos no ambiente
médico) ou a hipertensão de consultório (elevação da pressão arterial só no
ambiente médico, mas com pressão
arterial normal fora deste), estes achados ocorrem principalmente em mulheres.
O termo pseudohipertensão é usado para indicar uma medida de pressão arterial
elevada, que é fruto da calcificação intensa das artérias, sem que realmente
haja uma elevação significativa desta pressão arterial no interior dos vasos.
- Doença arterial
coronariana: o comprometimento das artérias do coração por placas de ateroma é
mais evidente em idosos. As suas manifestações são a cardiopatia isquêmica em
sua forma aguda (angina do peito instável
e infarto do miocárdio) e em sua forma crônica (angina do peito estável,
insuficiência cardíaca e arritmias cardíacas). A idade é um fator de risco para
a morte nos pacientes com infarto do miocárdio.
- Doenças das válvulas
cardíacas: merece destaque a estenose aórtica calcificada (estreitamento da
válvula aportica), que é causa de morte súbita em idosos. Em muitos países,
essa condição já é a principal indicação de cirurgia cardíaca em idosos. A insuficiência mitral degenerativa
ou secundária a dilatação do ventrículo esquerdo, também é um achado comum.
- Arritmias cardíacas: as
arritmias supraventriculares (originadas nos átrios) e as ventriculares
(originadas nos ventrículos) são comuns em idosos. A fibrilação atrial é a arritmia cardíaca persistente , mais
comum no idoso , podendo acarretar insuficiência cardíaca e embolização ( liberação de coágulos ) , com derrame
cerebral.
- Miocardiopatia
hipertrófica: essa é uma doença cardíaca que pode ser inicialmente
diagnosticada em qualquer fase da vida, inclusive na terceira idade.
Thiago Monaco - geriatra,
Professor Doutor da Disciplina de Geriatria da Faculdade de Medicina da
UniNove.
(11) 5051-5572
Al. dos Jurupis, 452, cj
64, Moema, São Paulo - SP
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