Quando
o assunto é mau hálito, a situação é pra lá de delicada. Em geral, a primeira
reação é tentar disfarçar. Uns dão uma certa distância da pessoa durante a
conversa, outros chegam a prender a respiração dependendo do nível do odor. A
jornalista Andrea Povoas sabe o quanto é complicado ter que fingir, visto que
já conheceu uma pessoa com o problema. “É difícil para quem convive com isso.
Nunca tentei contar para não deixá-la constrangida e também não tinha
intimidade de falar. Mas, acho que, havendo condições, é interessante alertar
de uma forma sem ofender", opina.
O nome correto é halitose e, ao contrário do
que se pensa, não se trata de uma doença e, sim, de um sinal para avisar sobre
um desequilíbrio no organismo. O problema atinge em torno de 30% da população,
de acordo com a Associação Brasileira de Halitose (ABHA). E como é possível
tratar? As formas são várias, mas antes de tudo é preciso saber o motivo, que
pode variar de pessoa para pessoa, e só depois realizar o tratamento adequado.
O otorrinolaringologista da CLIAOD e também
chefe do Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital de Base, no Distrito
Federal, Dr. Jader Rebouças, esclarece que a origem pode ser classificada como
fisiológica ou patológica. "A fisiológica é decorrente de um jejum
prolongado, da ingestão de certos tipos de alimentos, como alho, cebola e
álcool. A patológica é provocada por doenças", define o especialista.
O médico ressalta que em 90% das situações de
origem patológica, as causas estão na boca, resultantes de doenças
odontológicas, como a periodontite, o tártaro (consequência, inclusive, da má
higiene da boca) e as glossites (inflamações da língua). "A formação de
cáseos amigdalianos também dão um odor desagradável. Eles são uma espécie de
resíduos de alimentos que se acumulam nas cavidades das tonsilas palatinas (ou
amígdalas palatinas) e podem ser expelidos quando a pessoa fala, espirra e
tosse. Ao lado disso, vem o mau cheiro", esclarece.
As causas extrabucais e sistêmicas têm
relação com problemas renais, gastrointestinais (refluxo gastroesofágico, por
exemplo), complicações pulmonares, descontrole de diabetes, tumores e outros.
Importante citar doenças da cavidade nasal como rinossinusite e tumores
nasossinusais.
O Dr. Jader Rebouças destaca ainda a halitofobia. Você já ouviu essa
expressão? O otorrino explica que é uma condição específica. "Ela está
relacionada a um distúrbio psicológico em que o indivíduo acredita ter o
problema de mau hálito e chega a procurar vários especialistas, nas mais
diversas áreas médicas e odontológicas, sem encontrar uma solução. Neste caso é
muito importante o reconhecimento do problema pelo avaliador e encaminhar para
tratamento adequado com o especialista da área", conclui.
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