segunda-feira, 25 de julho de 2016

Ruídos do esquecimento




 Pouco importa se o amanhã e o depois de amanhã
São sombrios como uma floresta desconhecida
Os homens e as mulheres de meu país são fortes
Os canalhas também, mas serão extintos sob a tempestade.

Todos fomos às ruas, ou quase todos, e clamamos
No dia seguinte os donos do país acordaram lerdos
Fizeram que nada sabiam, e como fora domingo à tarde,
Só discutiram futebol e oradores no Congresso ignoraram

Todas as ruas do país foram esquecidas, principalmente as principais
Onde se falou de corrupção generalizada e mortal
Onde os blocos repudiavam as injúrias, não eram marchas de carnaval.

As instituições, ficções criadas pelo homem sábio, para escapar
Da navalha na carne, da lâmina impiedosa, do tiro democrático
Funcionavam normalmente, havia românticos cantando no mar?

Até hoje os petrificados proprietários da autoridade política
Continuam a fingir que o anseio era um passeio, uma nonada
Afinal, o país tem leis, elas são muitas, e a massa paralítica.



Amadeu Garrido - advogado e poeta. autor do livro Universo Invisível, membro da Academia Latino-Americana de Ciências Humanas. 

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