Pouco importa se o amanhã e o depois de
amanhã
São sombrios como uma floresta
desconhecida
Os homens e as mulheres de meu país são
fortes
Os canalhas também, mas serão extintos
sob a tempestade.
Todos fomos às ruas, ou quase todos, e
clamamos
No dia seguinte os donos do país acordaram
lerdos
Fizeram que nada sabiam, e como fora
domingo à tarde,
Só discutiram futebol e oradores no
Congresso ignoraram
Todas as ruas do país foram esquecidas,
principalmente as principais
Onde se falou de corrupção generalizada
e mortal
Onde os blocos repudiavam as injúrias,
não eram marchas de carnaval.
As instituições, ficções criadas pelo
homem sábio, para escapar
Da navalha na carne, da lâmina
impiedosa, do tiro democrático
Funcionavam normalmente, havia
românticos cantando no mar?
Até hoje os petrificados proprietários
da autoridade política
Continuam a fingir que o anseio era um
passeio, uma nonada
Afinal, o país tem leis, elas são
muitas, e a massa paralítica.
Amadeu Garrido -
advogado e poeta. autor do livro Universo Invisível, membro da Academia
Latino-Americana de Ciências Humanas.
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