Popularmente
conhecida por infecção dos ouvidos a otite média aguda acomete a orelha média e
é muito mais frequente em crianças, principalmente bebês. Isso acontece em
virtude de uma formação anatômica do canal auditivo. "As crianças de 0 a 3
anos de idade têm maior propensão a desenvolver a otite média aguda porque elas
têm o canal que comunica o ouvido com o nariz, chamado tuba auditiva ou trompa
de eustáquio, mais horizontalizado e mais largo. Portanto é muito mais fácil
qualquer processo vindo do nariz chegar até a orelha média e desencadear uma
infecção", explica o Dr. José Eduardo Lutaif Dolci, professor titular e
diretor do curso de Graduação em Medicina da Faculdade de Ciências Médicas da
Santa Casa de São Paulo.
Os
quadros alérgicos e infecções das vias aéreas superiores -, mais prevalentes
nos períodos de tempo seco e frio, como resfriados, sinusites,
rinossinusites, rinites são as principais causas das otites médias agudas em
bebês e crianças.
"Existem
crianças que são denominadas como "criança catarral", que são aquelas
que têm repetidos episódios de otite na primeira infância. Algumas com
episódios a cada 2 meses e com secreção. São as otites médias supuradas. São
crianças que têm, geneticamente, a característica de serem alérgicas à poeira,
ácaro, fungo, pelo de animal, alimentos e têm quadros repetidos de obstrução
nasal, levando também ao desenvolvimento da otite", afirma o professor.
O
Dr. Dolci explica que ao romper a membrana do tímpano, o pus extravasa e alivia
a dor. Com o tratamento adequado e acompanhamento, os episódios evoluem para a
cura, fechando a membrana rompida muito rapidamente. Nesses episódios, a
recomendação é afastar a criança da creche ou da escola, porque nesse ambiente
sempre há uma criança com quadro viral. "E o processo, geralmente, é
contínuo. As crianças saram e voltam a ter esses quadros. Portanto, a criança
catarral, que já tem maior propensão a desencadear a otite, sofre repetidos
episódios", afirma o professor.
O
especialista ressalta que é fundamental tratar a infecção, pois ela pode
evoluir para casos mais graves e complicações intracranianas como meningite,
abscesso cerebral. De acordo com ele, não é muito comum que esses quadros
evoluam dessa forma, porém os casos também não são raros.
Para
a prevenção, é fundamental identificar os fatores que provocam reação alérgica
e tratar sempre que esse quadro aparecer, com acompanhamento médico.
"Cirurgia
é sempre a última opção. Somente é recomendada para crianças que têm
adenoidites de repetição, ou uma hipertrofia ou aumento muito grande da
adenoide, que impede de respirar adequadamente, explica o professor Dolci.
"Isso porque a partir de 7 ou 8 anos as crianças que apresentaram
episódios repetidos de otite já passam a ter uma melhora muito expressiva, com
queda brutal na frequência do quadro", finaliza.
Como
identificar um processo infeccioso no ouvido:
Irritação constante da criança
Alteração no apetite, deixa de querer mamar
Choros constantes
Alteração no sono
Febre
Recomendações
para as mães:
Para
as mães que amamentam ou dão mamadeira, a recomendação para evitar episódios de
otite é nunca dar o leite para a criança deitada. É fundamental que o bebê
esteja inclinado, pelo menos 45° em relação ao plano horizontal, porque deitado
é mais fácil o leite refluir pelo nariz e, assim, chegar a orelha média e
provocar a otite.
Outra
recomendação é afastar a criança da natação no tempo frio/seco, em virtude do
choque térmico do clima com a temperatura da água na piscina. Esse contato pode
desencadear quadros alérgicos que podem levar à otite.
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