quarta-feira, 6 de julho de 2016

Cirurgias plásticas podem ser realizadas em pacientes soropositivos


Medo e desconhecimento do diagnóstico fazem muitos pacientes desistir de procedimentos.

Médico explica que não há riscos para o soropositivo submeter-se às cirurgias plásticas

Em 2013, o Ministério da Saúde divulgou que 734 mil brasileiros eram portadores do vírus HIV, mas que 19,75% dessa população (145 mil) não têm ideia de que vivem com esse quadro. Esse cenário de desconhecimento faz com que o portador tome ciência do diagnóstico de outra forma: antes de uma cirurgia plástica. 

De acordo com o cirurgião plástico Dr. Sérgio Morum, muitos pacientes podem descobrir ser portadores do vírus HIV nos exames preliminares. “Antes de qualquer procedimento cirúrgico, o cirurgião pede para que o paciente realize uma bateria de exames, inclusive de sangue. Nesses exames, é possível constatar a presença do vírus HIV, se o paciente for hospedeiro.” Para o médico, a reação pós-descoberta é a parte preocupante. “Muitos descobrem e não voltam para realizar a cirurgia, e o cirurgião fica sabendo do motivo muito tempo depois.”

Segundo Dr. Morum, é compreensível o susto do paciente ao descobrir a notícia, mas esse assunto precisa ser debatido. “É necessário que o paciente saiba que não há nenhum impedimento em realizar procedimentos cirúrgicos. O fato de ser portador do vírus HIV não o proíbe de ter uma vida normal. Ele pode realizar diversas atividades como qualquer outra pessoa, inclusive uma cirurgia plástica. Não há motivos que o impeça de realizar qualquer procedimento.” Ele afirma que o diagnóstico não é uma sentença. “É possível ser portador do vírus, mas não sofrer com a Aids. Se o diagnóstico foi dado cedo e o tratamento foi bem realizado, o paciente não sofrerá as consequências da doença. Isso não o impede de realizar qualquer atividade que já fazia ou que planejava fazer.”

O cirurgião plástico afirma que o relacionamento paciente-médico é confiável e sigiloso. “É contra a ética do exercício profissional da medicina que qualquer informação médica a respeito do paciente seja divulgada pelo médico, sem a prévia autorização. Mas é necessário que o paciente confie, e conte tudo durante a consulta.”
O curitibano Renato* é portador do HIV, e já realizou uma operação plástica no abdômen. Ele conta que nunca teve dúvidas sobre se poderia ou não se submeter ao procedimento por conta do diagnóstico. “Descobri antes da cirurgia, e realizei o procedimento sem preocupação. Acredito que as pessoas não devam se privar de realizar aquilo que querem, por serem portadores do HIV.” Para ele, o paciente precisa se abrir para o médico. “É necessário que haja uma conversa muito aberta entre o paciente e o médico, que tudo esteja às claras.”

Renato afirma que não pensará duas vezes em realizar outro procedimento. “Se for possível, farei outra cirurgia sim. A cirurgia plástica é algo normal, como fazer uma academia. As pessoas não precisam se preocupar com relação a isso. Sou portador do vírus, mas não significa que eu não possa ter uma vida normal e buscar o melhor para mim, como qualquer outra pessoa.”

*Para preservar a identidade do personagem, a seu pedido, foi-lhe atribuído um nome fictício.

Dr. Sérgio Morum - Cirurgião-plástico
Complexo Brasil XXI: SHS 06 - Conjunto A - Torre E, Sala 820 - Asa Sul - Brasília-DF

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