quarta-feira, 6 de abril de 2016

MICROCEFALIA: estudo aponta que 1º trimestre pode ser de maior risco para grávidas





Os dados são de pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde e CDC dos EUA na Paraíba. Pelo novo boletim são 4.046 casos em investigação de microcefalia, 1.046 confirmados e 1.814 descartados

O estudo de caso-controle realizado na Paraíba mostra, preliminarmente, que mães que tiveram o vírus Zika no primeiro trimestre da gestação apresentaram maior probabilidade de terem crianças com microcefalia. O Ministério da Saúde, em pareceria com o governo da Paraíba e Centro de Controle e Prevenção de Doenças Transmissíveis (CDC) dos Estados Unidos, continua com a análise das amostras de sangue coletadas nas mães e bebês paraibanos. Somente após esta fase, os resultados finais serão divulgados. O resultado inicial do estudo, apresentado em João Pessoa (PB), também não encontrou nenhuma associação da microcefalia com a exposição de produtos como inseticidas, por exemplo.

“Faz parte deste estudo a investigação de pessoas que não foram acometidas pela microcefalia. Somente após o processamento das amostras de sangue coletadas, comparando os casos e os controles, é que poderemos estimar com mais clareza o risco de ser acometido pela doença e a relação do Zika com a microcefalia”, explica o assessor da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Eduardo Hage, destacando o empenho das equipes na fase de campo da pesquisa. “O estudo se deu de forma ágil, ética e eficaz. As equipes deram passos importantes na busca por respostas para o problema que preocupa o mundo”, acrescentou o secretário de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, Antonio Nardi.

A pesquisa, que começou no dia 22 de fevereiro, contou com a atuação de oito equipes – compostas pelas instituições envolvidas – que investigaram a proporção de recém-nascidos com microcefalia associada ao Zika, além do risco da infecção pelo vírus, em 56 municípios do estado. Ao todo, foram entrevistados 165 casos de mães que tiveram bebês com microcefalia e 446 controle (mães e bebês da mesma região sem microcefalia). Entre os bebês, 52% são do sexo feminino e 48% do sexo masculino, na faixa-etária de 0 a 7 meses.

NOVO BOLETIM – Em todo o Brasil, 4.046 casos suspeitos de microcefalia estão em investigação, de acordo com o novo boletim divulgado nesta terça-feira (5) pelo Ministério da Saúde. Desde o início das investigações, em outubro de 2015, até 2 de abril – foram 6.906 notificações em 1.307 municípios de todas as unidades da federação. Dos casos já concluídos, 1.814 já foram descartados e 1.046 foram confirmados para microcefalia e outras alterações do sistema nervoso, sugestivos de infecção congênita.

Destes, 170 já tiveram confirmação laboratorial para o vírus Zika.  Nestes casos, foi realizado exame laboratorial específico para o vírus Zika. No entanto, o Ministério da Saúde ressalta que esse dado não representa, adequadamente, a totalidade do número de casos relacionados ao vírus. Ou seja, a pasta considera que houve infecção pelo Zika na maior parte das mães que tiveram bebês com diagnóstico final de microcefalia.

Até o dia 2 de abril, foram registrados 227 óbitos (fetal ou neonatal) suspeitos de microcefalia e/ou alteração do sistema nervoso central após o parto ou durante a gestação (abortamento ou natimorto). Destes, 51 foram confirmados para microcefalia e/ou alteração do sistema nervoso central. Outros 148 continuam em investigação e 28 foram descartados.

Cabe esclarecer que o Ministério da Saúde está investigando todos os casos de microcefalia e outras alterações do sistema nervoso central, informados pelos estados, e a possível relação com o vírus Zika e outras infecções congênitas. A microcefalia pode ter como causa, diversos agentes infecciosos além do Zika, como Sífilis, Toxoplasmose, Outros Agentes Infecciosos, Rubéola, Citomegalovírus e Herpes Viral.

O Ministério da Saúde orienta as gestantes adotarem medidas que possam reduzir a presença do mosquito Aedes aegypti, com a eliminação de criadouros, e proteger-se da exposição de mosquitos, como manter portas e janelas fechadas ou teladas, usar calça e camisa de manga comprida e utilizar repelentes permitidos para gestantes.

PESQUISAS – Outro estudo realizado por um grupo de pesquisa sobre a epidemia de Zika (MERG) apontou que, de 100 mães de crianças com microcefalia entrevistas no Estado de Pernambuco, 59 notaram a presença de exantema (erupção cutânea) durante a gravidez, sintoma comum em pessoas infectadas pelo vírus Zika. A pesquisa foi publicada em uma revista científica do Centro de Controle e Prevenção de Doenças Transmissíveis (CDC), dos Estados Unidos.

Fazem parte deste grupo, especialista da Fundação Oswaldo Cruz Pernambuco – Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães (Fiocruz/CPqAM), da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS), do Ministério da Saúde, do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP), da Universidade Federal de Pernambuco, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, da Secretaria de Estado de Saúde de Pernambuco, da Universidade Federal da Fronteira Sul, da Universidade de Pernambuco, do Instituto de Avaliação de Tecnologia em Saúde e da London School of Hygiene & Tropical Medicine.

Distribuição dos casos notificados de microcefalia por UF, até 2 de abril de 2016

Regiões e Unidades Federadas
Casos  de Microcefalia e/ou malformações, sugestivos de infecção congênita
Total acumulado1 de casos notificados de 2015 a 2016
Em investigação
Confirmados2,3
Descartados4
Brasil
4.046
1.046
1.814
6.906
Alagoas
72
52
131
255
Bahia
663
194
134
991
Ceará
247
76
114
437
Maranhão
135
66
34
235
Paraíba
386
103
364
853
Pernambuco
1.053
303
490
1.846
Piauí
31
70
49
150
Rio Grande do Norte
290
83
35
408
Sergipe
157
31
17
205
Região Nordeste
3.034
978
1.368
5.380
Espírito santo
91
4
18
113
Minas Gerais
28
2
46
76
Rio de Janeiro
297
21
62
380
São Paulo
162*5
0
94
256
Região Sudeste
578
27
220
825
Acre
30
1
2
33
Amapá
2
3
0
5
Amazonas
11
1
1
13
Pará
23
1
0
24
Rondônia
5
3
4
12
Roraima*6
16
0
0
16
Tocantins
116
0
17
133
Região Norte
203
9
24
236
Distrito Federal
1
4
32
37
Goiás
82
9
30
121
Mato grosso
113
14
71
198
Mato Grosso do Sul
5
2
11
18
Região Centro-Oeste
201
29
144
374
Paraná
5
1
25
31
Santa Catarina
0
0
3
3
Rio Grande do Sul
25
2
30
57
Região Sul
30
3
58
91

Fonte: Secretarias de Saúde dos Estados e Distrito Federal (dados atualizados até 27/02/2016).
1 Número cumulativo de casos notificados que preenchiam a definição de caso operacional anterior (33 cm), além das definições adotadas no Protocolo de Vigilância (a partir de 09/12/2015) que definiu o Perímetro Cefálico de 32 cm para recém-nascidos com 37 ou mais semanas de gestação e demais definições do protocolo.
2 Apresentam alterações típicas: indicativas de infecção congênita, como calcificações intracranianas, dilatação dos ventrículos cerebrais ou alterações de fossa posterior entre outros sinais clínicos observados por qualquer método de imagem ou identificação do vírus Zika em testes laboratoriais.
3 Foram confirmados 82 casos por critério laboratorial específico para vírus Zika (técnica de PCR e sorologia).
4 Descartados por apresentar exames normais, por apresentar microcefalia e/ou malformações congênitas por causas não infecciosas ou por não se enquadrar nas definições de casos.
*5 Conforme informado pelo Centro de Vigilância Epidemiológica “Prof. Alexandre Vranjac”, da Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo, 162 casos se encontram em investigação para infecção congênita. Destes, 39 são possivelmente associados com a infecção pelo vírus Zika, porém ainda não foram finalizadas as investigações.
*6 Dados de Roraima referente a SE 12, até o dia 23 de março. (Não atualizado). 
Fonte: Secretarias de Saúde dos Estados e Distrito Federal (dados atualizados até 2/04/2016).


Amanda Mendes
Agência Saúde

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