Pedagoga
especializada em educação especial da Laramara destaca os principais pontos que
comprometem o acesso ao sistema de leitura e escrita dos cegos
Ir
à escola e não encontrar professores que conheçam o sistema de leitura e
escrita em Braille,
não ter acesso à máquina de escrever em Braille ou aos livros escolares
adaptados, o que constitui uma dura realidade para crianças, jovens e adultos
com deficiência visual. Em meio a essas adversidades, estes alunos comemoram em
8 de abril o Dia Nacional do Braille, data criada com o objetivo de
conscientizar a população sobre a importância das políticas públicas para
inclusão de pessoas com cegueira no sistema educacional do Brasil. Por falta de
recursos, muitas crianças e jovens nessas condições frequentam a sala de aula
apenas como ouvintes.
Segundo
dados do INEP, instituto do Ministério da Educação, existem mais de 70.866 mil
alunos com deficiência visual matriculados em escolas de ensino regular nas
classes comuns; e 6.104 mil crianças e jovens em escolas inclusivas ou salas
especiais espalhadas pelo país. Mesmo com números expressivos, a falta de
recursos e profissionais especializados ainda é uma realidade enfrentada por
essa importante parcela da população brasileira.
Em
janeiro deste ano, entrou em vigor a Lei Brasileira da Inclusão que assegura
igualdade de diretos e oportunidades entre as pessoas com deficiência,
inclusive no âmbito escolar e em todas as etapas de ensino. De acordo com Maria
da Graça Corsi Monteiro, pedagoga especializada em educação especial da Laramara
– Associação Brasileira de Assistência à Pessoa com Deficiência Visual, “muito
já foi feito sobre inclusão escolar, mas ainda há um longo caminho a ser
percorrido. O ideal é criar uma cultura de inclusão e derrubar barreiras que
ainda existem para que os alunos com deficiência visual possam fazer parte
efetivamente do sistema de ensino, possibilitando, assim, sua participação
social”.
O que acontece nas escolas:
Faltam professores com
domínio do sistema de leitura e escrita em Braille;
Alunos vão à escola
apenas como ouvintes por conta da escassez de máquina de escrever em Braille;
Carência de materiais
pedagógicos adaptados em Braille.
A
especialista Maria da Graça da Laramara indica que para fazer a inclusão
escolar de maneira efetiva e garantir a aprendizagem de todos os alunos na
escola regular é preciso fortalecer a formação dos educadores, criando uma rede
sinérgica de apoio entre alunos, docentes, gestores escolares, famílias e
instituições assistenciais de apoio às pessoas com deficiência visual. Também é
essencial ter todos os equipamentos e ferramentas que contemplem o processo de
alfabetização, assim como receber apoio educacional especializado. “A Educação
é um direito de todos e deve ser orientada no sentido do pleno desenvolvimento
dos alunos com cegueira ou baixa visão. O respeito aos direitos e à liberdade
humana, é a questão-chave para a construção da cidadania, e deve ser
incentivado”, explica.
Em
seus 24 anos de existência, a Laramara ganhou reconhecimento internacional por
seus projetos assistenciais voltados ao desenvolvimento das pessoas com
deficiência visual no Brasil e na
América Latina. Ao longo de sua existência, a
instituição ofereceu apoio no processo de alfabetização em Braille e na
capacitação dos profissionais da educação. Também foi responsável por
nacionalizar a Máquina de escrever em Braille, principal recurso para
alfabetização de alunos com cegueira, produzindo mais de 10 mil equipamentos,
sendo que cerca de 7mil já foram doados por meio de parcerias e projetos
assistências.
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