Chegou a época do ano em que somos
bombardeados por inúmeros convites que incentivam o consumo. São comerciais de
televisão e rádio, banners na internet e outdoors nas ruas, tudo exala a
necessidade de adquirir determinado produto. Só que as pessoas, muitas vezes,
se esquecem de fazer as contas para o ano que vem, com gastos inadiáveis como
IPVA, IPTU e matrícula escolar dos filhos.
Devido à facilidade oferecida, o consumidor,
quase sempre, opta por parcelar as compras no cartão crédito. Embora não haja
cobrança de juros, a divisão em valores menores acarreta uma grande quantidade
de parcelas. Ou seja, a compra dos presentes em dezembro será quitada apenas em
julho, agosto ou até depois. Será que isso vale mesmo a pena?
Sem contar que, com uma renda extra do 13º
salário, todos têm por costume participar dos famosos amigos secretos, além dos
presentes para familiares e amigos, e acabam gastando mais do que seu poder de
compra permite. Organizar as finanças e controlar o impulso na hora das
compras, principalmente as de Natal, são dois passos essenciais para quem
deseja entrar em 2016 livre das dívidas e sem que o cartão de crédito esteja
sobrecarregado. Fazer questionamentos do tipo "Eu realmente preciso desse
produto?", "Isso é imprescindível neste momento?” e "Quanto
tempo posso ficar sem essa mercadoria?" já é um exercício que ajuda na
definição das prioridades.
Ter consciência de que medidas
devem ser tomadas para que, aos poucos, as coisas se ajustem é de suma
importância. O ideal é fazer uma planilha de gastos e, a partir disso, iniciar
o corte de atividades supérfluas – aquela viagem de fim de ano pode ser adiada;
aquela pizza não é tão essencial assim durante a semana; seu cachorro pode
sobreviver sem aquele brinquedinho; e seu cabelo (principalmente, o feminino)
com certeza não precisa visitar o salão de beleza com tanta frequência nesta
época.
Outro fator fundamental é
identificar a diferença básica entre dinheiro para gastar e crédito. Se uma
pessoa recebe, por exemplo, um salário de R$ 3 mil, ela pode obter até R$ 9 mil
em crédito apenas visitando três agências de diferentes bancos. A questão é:
como será possível, com um rendimento desses, pagar essa dívida, mesmo que em
muitas e pequenas parcelas? É praticamente impossível, já que os juros podem se
tornar uma bola de neve, capaz de acabar com a saúde financeira de qualquer
pessoa!
Além disso, é importante esboçar o orçamento.
O recomendável é que esse planejamento seja feito desde os primeiros meses,
para que assim haja uma “gordura extra” para esta época de gastos maiores.
Ainda são poucos os que possuem algum investimento de longo prazo, muito por
conta da baixa taxa de rendimento e os baixos salários. Esses fatores são
sempre citados como empecilhos por quem não consegue poupar, mas também há
fatores comportamentais. É fundamental enxergar na poupança um bom
investimento, que, dependendo da administração, pode trazer lucro, sem falar
que ter uma reserva é fundamental para quitar eventuais emergências, não se
complicando financeiramente.
Faça os cálculos, anote detalhadamente todos
os gastos e veja quanto a soma de todas as suas parcelas pode comprometer o seu
orçamento. Dessa forma, será possível dimensionar as dívidas
e evitar que contas inesperadas vençam sem
que possa pagá-las, acarretando juros, multas e outras complicações. Afinal,
nunca é bom ser pego desprevenido!
Dora Ramos - educadora
financeira, especialista em contabilidade e diretora da Fharos Contabilidade
& Gestão Empresarial
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