Encolhida
no volume de expositores, de produtos e debates, e teimosa na insistência de
seus organizadores, a FIAM, Feira Internacional da Amazônia - "a maior
vitrine para divulgação de produtos, serviços e oportunidades de negócios na
Região Amazônica" – além de retrato instantâneo do Brasil, é um convite
para revitalizar suas potencialidades. A economia da floresta vai dizer
aos frequentadores reais e virtuais que continua à disposição do futuro para
oferecer respostas para as grandes demandas da humanidade. A Suframa, gestora
da Zona Franca de Manaus, com a energia de uma guerreira amazona, ganha um novo
alento no processo de recuperação de sua autonomia e na retenção dos recursos
que lhe permitem levar a bom termo essa missão. Eis, pois, a raz&atild e;o
e necessidade de mobilizar atores, recursos e projetos na mesma direção.
A
FIAM, neste momento, com seus diversos segmentos na vitrine, a diversidade
deste modelo industrial, apesar de tudo, bem sucedido, terá rodadas de
negócios, exposição de novas tecnologias, divulgação e comercialização de
produtos regionais e jornada de seminários científicos para debater desafios,
embaraços, negócios e oportunidades. Um momento ímpar e emblemático e um
convite para decifrar enigmas e avançar em sua elucidação. Sobretudo, um momento
de trocar energia e utopia, na busca de soluções.
Vale
a pena observar os esforços dos Bio- empreendedores na linha de sobreviver,
consolidar e expandir suas intuições. Fármacos, cosméticos, nutracêuticos, que
Bertha Becker insistiu, no projeto da indústria da juventude que a humanidade
procura, com visão harmoniosa entre mercado e meio ambiente. Uma indústria de
base biomolecular convivendo com a indústria tradicional de
transformação, inquieta, porque reduz, ano a ano, sua participação no PIB brasileiro.
Alguns consideram natural o processo de desindustrialização, enquanto outros,
argumentam – à parte da crise de credibilidade - um processo natural de
desenvolvimento da economia brasileira, que se deve mais a orientação
excessiva das pol& iacute;ticas macroeconômicas para a demanda do mercado.
A
Feira traduz um paradoxo fecundo e pode conduzir a uma reflexão sobre o
desenvolvimento da Amazônia, mostrar a diferença entre manter a floresta
em pé e a floresta intocada, como propõem indiretamente os oportunistas da
demagogia ecológica. As empresas de economia criativa, que florescem em meio a
indústria sem chaminé, do modelo ZFM, comprovam que a floresta deva ser
transformada em termos de sua densidade econômica, sem prejuízo de sua
biodiversidade. A economia madeireira surge, por exemplo, como inteligente
opção sustentável, como fez Japão e Alemanha com suas florestas. Aliás,
esta é a única proposta com escalas geográfica e econômica necessárias para
enfrentar o agronegócio, dizem Niro Higuchi e Charles Clement, do Inpa, com a
substituição da floresta pela produção pura e simples de commodities
hoje em franca expansão no Centro-Oeste do Brasil. Manejo
inteligente é mais coerente.
Além das
trilhas conhecidas, a floresta tem múltiplas alternativas em sua economia
criativa. De acordo com a OIT-Organização Internacional do Trabalho, no
PIB mundial, a participação deste nicho de negócios de bens e serviços
culturais, é de 7%, com crescimento anual previsto de 10% a 20%. No
Brasil, o crescimento tem sido em torno de 6%, superior às taxas decrescentes
do PIB nacional. São bens criativos: o Patrimônio (materiais e imateriais,
museus e arquivos); as Expressões culturais (artesanato, artes visuais,
culturas afro, indígena e populares); as Artes e espetáculo (dança, música,
circo e teatro); o Audiovisual, livro e literatura (cinema e vídeo, e
publicações); e as Criações Funcionais (moda, arquitetura, design e arte digital).
Com a retenção dos fundos recolhidos pela indústria da ZFM para o
desenvolvimento regional integral, a FIAM, feira das oportunidades da Amazônia,
em vez de evento passaria a ser uma nova dinâmica de desenvolvimento regional
florestal e integral de que precisamos. Que tal?
Alfredo M.R. Lopes - filósofo, ensaísta e
consultor do CIEAM (Centro da Indústria do Estado do Amazonas)
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