terça-feira, 8 de setembro de 2015

Esclerose múltipla – ignorância médica



A esclerose múltipla é uma doença inflamatória autoimune, desmielinizante (ou seja, que gera a perda da melina, que, em nosso corpo, funciona como a capa de envolve os fios elétricos das tomadas), de causa desconhecida, do sistema nervoso central.

Ela se caracteriza por uma inflamação nos prolongamentos dos neurônios (nervos), que destrói a mielina e que, geralmente, cursa com uma gliose (que se parece com uma fibrose na pele com um machucado). Isso porque no sistema nervoso central só existe fibrose ao redor dos vasos sanguíneos. Daí, a sua denominação esclerose múltipla, pois a gliose tem o mesmo significado, nestes casos, de esclerose.

A classificação da esclerose múltipla mostra que o seu principal tipo é recorrente-renitente, caracterizada por surtos de mais de 24 horas, sem febre ou inflamação, com intervalos de 30 dias.

O quadro clínico é muito variável, pois estas placas podem aparecer em qualquer lugar do sistema nervoso central. Porém, é mais frequente nas regiões periventriculares e medular.

Os tratamentos são: Nos surtos, pulsoterapia, com administração de corticoide intravenosa, de três a cinco dias. Entre os surtos, existem diversas drogas no mercado que atuam no sentido de diminuir as lesões ou de estimular uma remielinização.

Isso é o que diz a literatura. No entanto, como patologista muscular e trabalhando com reabilitação há tantos anos, acho que é uma ignorância por parte dos médicos não valorizar aquilo que é mais importante nessa doença: ela é dez vezes mais prevalente em regiões frias do planeta, onde o ser humano tem tendência muito maior à depressão, pela pura falta do sol.

O Canadá, por exemplo, tem uma prevalência de 180 pessoas para cada 100 mil. Enquanto no Brasil, a prevalência é de 18 pessoas para cada 100 mil. Na minha opinião, esses dois milhões e meio de indivíduos hoje acometidos pela doença no mundo deveriam ser atendidos sem menosprezar as medicações dos laboratórios, mas de forma humanística.

Frio e depressão... os médicos têm que chamar psicólogos e terapeutas, para, juntos, realmente melhorar a qualidade de vida dessas pessoas. Esses pacientes têm que resolver mentalmente questões que carregam com eles mesmos. Devem aprender, por exemplo, a perdoar os outros e, até mesmo, em uma grande parte dos casos, aprender a perdoar a si mesmos.


Beny Schmidt - chefe e fundador do Laboratório de Patologia Neuromuscular e professor adjunto de Patologia Cirúrgica da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Ele e sua equipe são responsáveis pelo maior acervo de doenças musculares do mundo, com mais de doze mil biópsias realizadas, e ajudou a localizar, dentro da célula muscular, a proteína indispensável para o bom funcionamento do músculo esquelético - a distrofina.
Beny Schmidt possui larga experiência na área de medicina esportiva, na qual já realizou consultorias para a liberação de jogadores no futebol profissional e atletas olímpicos. Foi um dos criadores do primeiro Centro Científico Esportivo do Brasil, atual Reffis, do São Paulo Futebol Clube, e do CECAP (Centro Esportivo Clube Atlético Paulistano).
Seu pai, Benjamin José Schmidt, foi o responsável por  introduzir no Brasil o teste do pezinho.

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